sábado, 25 de junho de 2011

PHISOLOFANDO

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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Na democracia da pólis, cujo exemplo maior é o da Atenas no século IV a.C., muito poucos de fato poderiam ser considerados cidadãos, estando excluídos da participação política
(A) escravos, crianças, mulheres e homossexuais.
(B) mulheres, crianças, escravos e estrangeiros.
(C) mulheres, escravos e os mais pobres.
(D) homens, mulheres e crianças.
(E) todos que não servissem ao exército.

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Ao lado do poeta, do adivinho e do rei-de-justiça, a Grécia arcaica possuía ainda um outro grupo de homens que têm o direito à palavra: os guerreiros.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia, p.41.
Como característica da palavra dos guerreiros, contrapondo-a à dos demais grupos citados, tem-se o fato de ela ser
(A) contrária à filosofia nascente, porque intransigente e interditada a qualquer possibilidade de discussão.
(B) fundada na força e na violência, cruel e impiedosa.
(C) requisitante de uma falsa fundamentação divina utilizada para sustentar a posição do rei-de-justiça.
(D) mágica e eficaz, cuja verdade é decidida pelo adivinho que acompanha os guerreiros.
(E) leiga e humana, proferida em assembleia e, portanto, fundamental à instituição da democracia e da palavra dialógico-filosófica.

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A chamada "querela dos universais" foi, nos últimos séculos da Idade Média, uma das principais e mais determinantes discussões filosóficas para o advento do pensamento moderno. Segundo a posição nominalista de Guilherme de Ockam, no século XIV, os universais são
(A) entes dotados de realidade objetiva que constituem o fundamento último do real.
(B) formas que existem na matéria e dela são abstraídas apenas pelo pensamento.
(C) categorias de realidade lógica, ontológica e epistemológica.
(D) momentos ou aspectos do desdobramento histórico do Conceito.
(E) palavras que não correspondem a ideias existentes em si mesmas e, portanto, são desprovidos de realidade objetiva.

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A investigação filosófica acerca do "belo" sofre radical mudança na modernidade, na medida em que passa a privilegiar a busca de seu objeto não na própria coisa (no caso, a obra de arte), como seu atributo, mas sim na subjetividade do sujeito, tematizando, sobretudo, o juízo de gosto. Tal deslocamento foi acompanhado de uma mudança terminológica que consiste no(a)
(A) uso do termo "estética" para referir-se às artes, empregado pela primeira vez, nesse sentido, por Baumgarten, em torno de 1750.
(B) uso do termo "belo" com referência não apenas aos entes inteligíveis, mas também aos entes sensíveis e mutáveis.
(C) emprego, feito pela primeira vez por Baumgarten, por volta de 1750, do termo "poética" para denominar a investigação do "belo" enquanto atividade produtiva do espectador.
(D) emprego do termo "imaginação", a partir do "Leviatã" de Thomas Hobbes, com referência apenas ao âmbito artístico e, peculiarmente, sob a perspectiva do artista.
(E) restrição do uso do termo "estética", referindo-se, a partir do século XVIII, apenas à experiência sensível e ao conhecimento dela proveniente.

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"Sabe por que não é fácil dizer quando um ser humano é "bom" e quando não é? Porque não sabemos para que servem os seres humanos. Um jogador de futebol serve para jogar futebol de modo a ajudar seu time a ganhar e marcar gols contra o time adversário; uma moto serve para nos transportar de maneira veloz, estável, resistente ... Sabemos quando um especialista em alguma coisa ou quando um instrumento funcionam devidamente, porque temos ideia do serviço que devem prestar, do que se espera deles."
SAVATER, Fernando. Ética para meu fi lho, cap. III.
O texto acima justifica a dificuldade de se saber qual é a virtude do homem enquanto homem pelo fato de, segundo o autor, não ser possível determinar qual atividade lhe é mais própria e, portanto, seu fim. Qual dos filósofos abaixo buscou dizer o que é a felicidade, utilizando justamente a pergunta sobre a finalidade do homem quanto à atividade que lhe é mais própria?
(A) Maquiavel.
(B) Heráclito.
(C) Aristóteles.
(D) Descartes.
(E) Hume.

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A obra de arte tem sido um objeto privilegiado da investigação filosófica, que receberá o nome de Estética ou Poética, em função do aspecto que visa a apreender da obra, o da recepção ou o da fabricação. Considerando a distinção apontada, exercem a recepção de obra de arte e a produção de obra de arte, respectivamente, o
(A) artista e o artesão.
(B) poeta e o fingidor.
(C) crítico e o artista.
(D) crítico e o analítico.
(E) esteta e o filósofo.

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A elaboração de um discurso acerca da origem das coisas e sua explicação através dos processos de união e de separação são características
(A) presentes na filosofia pré-socrática e separam radicalmente o discurso mítico do filosófico.
(B) encontradas tanto na filosofia pré-socrática quanto na poesia épica de Hesíodo, embora, no mito, a explicação seja dada e, na filosofia, ela seja buscada e questionada.
(C) encontradas tanto em Hesíodo quanto em Parmênides, embora Hesíodo introduza seu discurso com uma narrativa mítica, enquanto Parmênides introduz seu discurso com uma análise lógica da predicação.
(D) peculiares ao período helenístico, em contraposição direta tanto ao pensamento platônico quanto ao aristotélico.
(E) capazes de distinguir a poesia da filosofia pelo fato, puramente estilístico, de uma ser composta em versos e a outra, em prosa.

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"Uma aranha executa operações que se assemelham às manipulações do tecelão, e a construção das colmeias pelas abelhas poderia envergonhar, por sua perfeição, mais de um mestre de obras. Mas há algo em que o pior mestre de obras é superior à melhor abelha, o fato de que antes de executar a construção ele a projeta em seu cérebro."
MARX, Karl. O Capital, 1, III, VII.
A partir do texto, afirma-se que o homem é único animal que trabalha porque
(A) o homem é capaz de realizar uma ação transformadora da realidade dirigida por finalidades conscientes.
(B) o homem desempenha suas ações por uma capacidade dinâmica, enquanto o animal age por instinto.
(C) o homem é um animal que faz promessas.
(D) os animais, de maneira geral, são capazes apenas de sofrer ações, enquanto só o homem de fato as realiza.
(E) o trabalho, para existir, tem de haver exploração e alienação, e isso não ocorre na natureza.

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O projeto sartriano de substituir a noção de natureza humana pela de condição humana funda-se na
(A) concepção de que não há uma essência humana dada previamente à existência, mas sim um horizonte humano de possibilidades de realização através da escolha e da decisão.
(B) concepção, segundo a qual a essência humana encontra-se historicamente inviabilizada pela mecanização dos processos produtivos, trazendo à tona a necessidade de restabelecer e reformular sua identidade universal.
(C) refutação da concepção aristotélica do homem como animal político a partir das noções de direito natural e lei racional.
(D) ideia de que o sujeito do conhecimento não é anterior aos dados da experiência, sendo ele, anteriormente à recepção dos dados sensíveis e de suas relações, comparável a um quadro branco paulatinamente preenchido pela experiência.
(E) ideia de que o Eu consititui-se como resistência às forças externas opressoras e, portanto, deve libertar-se de toda materialidade natural (corpo, sensações, opiniões) para conquistar a si mesmo.

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Na segunda de suas "Meditações Metafísicas", René Descartes apresenta-nos o chamado "argumento da cera", a partir do qual o filósofo chega à terceira verdade de sua meditação. Tal verdade consiste no fato de que
(A) eu sou uma coisa pensante.
(B) o método indutivo torna possível conhecer o corpo.
(C) a coisa extensa é tal como representada clara e distintamente pela coisa pensante.
(D) o espírito é mais fácil de conhecer do que o corpo.
(E) o corpo consiste em ser um produto da imaginação.

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A metafísica moderna tem, como um de seus temas capitais, a questão do método. A intensa busca propriamente moderna pelo estabelecimento dos princípios do método encontra suas raízes na(o)
(A) retomada do aristotelismo, principalmente no que diz respeito às investigações sobre o intelecto enquanto princípio último da intuição verdadeira.
(B) crítica que, tanto os filósofos racionalistas quanto os empiristas, dirigiram à nova física de Galileu.
(C) mudança de foco da investigação metafísica que, antes voltada às causas últimas do real, passa a ocupar-se primordialmente com o horizonte de realização do conhecimento e, portanto, com a estrutura do objeto enquanto objeto.
(D) tentativa de superar a cisão sujeito-objeto, estabelecida por Aristóteles e mantida por toda a tradição filosófica medieval.
(E) abandono, em resposta à retomada renascentista do platonismo, dos princípios matemáticos como critério de cognoscibilidade do real.

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Para Aristóteles, as virtudes éticas são hábitos que apresentam
(A) libertação de estímulos externos.
(B) realização do dever moral.
(C) satisfação total dos apetites.
(D) justa-medida.
(E) risco real de morte.

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Embora "Metafísica" seja o título de uma obra aristotélica, não há qualquer ocorrência desse termo em Aristóteles e tampouco tal título foi dado por ele mesmo à sua obra assim tradicionalmente conhecida. O responsável por tal título foi, em verdade, Andrônico de Rodes, ao agrupar e classificar os escritos aristotélicos por volta do ano 50 a.C.
Observe as formulações abaixo.
I - O ente enquanto ente.
II - O primeiro motor imóvel.
III - Os primeiros princípios e causas do real, como o princípio de não contradição.
Constitui(constituem), segundo Aristóteles, o(s) objeto(s) próprio(s) da ciência mais elevada que, posteriormente, veio a ser denominada Metafísica:
(A) I, apenas.
(B) III, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

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"Diz Platão que a primeira virtude do filósofo é admirar-se: Thaumátzein se diz em grego. (...) O filósofo, pois necessita de uma primeira dose de infantilidade, uma capacidade de admiração, que o homem já feito, que o homem já enrijecido, não costuma possuir. Por isso Platão preferia tratar com jovens a tratar com velhos. Sócrates, o mestre de Platão, andava, entre a mocidade de Atenas, entre as crianças e as mulheres."
MORENTI, Manuel Garcia. Fundamentos de Filosofi a. Lições Preliminares. São Paulo: Mestre Jou, 1980.
Para que um jovem desenvolva a admiração filosófica, deve-se estimular a sua capacidade
(A) crítica na interpretação de textos.
(B) analítica na observação de argumentos.
(C) de valorizar o já sabido.
(D) de problematizar o já sabido.
(E) de decompor uma situação em elementos simples.

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Para Platão, o que caracteriza o conhecimento (episteme) em seu contraste com a opinião (doxa) é estar
(A) referido ao que é inteligível, imutável e niversal.
(B) referido ao que é substancial, ininteligível e universal.
(C) referido ao que é sensível, transitório e particular.
(D) referido às formas universais abstraídas por indução da matéria.
(E) baseado em uma objetividade tal qual a da Física Newtoniana.

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É muito comum distinguir Ética de Moral, tomando apenas a primeira como uma investigação filosófica, porque
(A) Ética diz respeito tanto às práticas como aos valores morais, enquanto que Moral se restringe apenas aos valores.
(B) a primeira se fundamenta na Ciência e a segunda, na Religião.
(C) ambas dizem respeito a valores morais, a primeira, por investigá-los em seus fundamentos, e a segunda, por reuni-los de acordo com regras de conduta comumente aceitas.
(D) ambas dizem respeito à investigação teórica; a primeira, de condutas simples, e a segunda, de condutas complexas.
(E) cada uma tem uma forma própria de lidar moralmente com o ser humano, uma, na ordem, outra, na obediência.

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"A Ciência Moderna supõe uma verdadeira revolução mental, ligada a uma modificação radical do aspecto das coisas. Trata-se (...) de operar a substituição de um espaço Pré-Galilaico, pelo espaço abstrato da geometria euclidiana."
KOYRÉ, A. Estudos Galilaicos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1986.
"Toda a riqueza que se apresenta à nossa percepção e encanta a alma do artista irá se encontrar pouco a pouco reduzida a símbolos algébricos."
BLANCHÉ, R. El Método Experimental y La Filosofía da Física, Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1972.
Considerando os textos acima, qual é a atitude presente na Física Moderna, e decisiva para a chamada revolução científica, que NÃO pode ser observada de forma alguma na investigação da Natureza dos antigos, exemplarmente representada pela Física de Aristóteles?
(A) O uso transcendental de categorias do entendimento.
(B) O uso da argumentação dedutiva.
(C) A investigação do movimento local.
(D) A consideração da natureza em termos de substância.
(E) A consideração das qualidades sensíveis em termos matemáticos.

43
Para Tomás de Aquino, a Filosofia está separada da Teologia, porque, enquanto a primeira fundamenta seus argumentos em princípios da razão humana, a segunda
(A) funda-se no exercício radical da razão.
(B) dá-se apenas no campo da fé e da revelação, não possuindo argumentos.
(C) estabelece seus argumentos tendo como base a revelação.
(D) estabelece seus parâmetros na relação com os deuses.
(E) visa a atingir o que está para além da razão humana, com base no que é cognoscível.

44
Nietzsche aponta, quando se refere à morte de Deus, em seu diagnóstico da Modernidade, à(ao)
(A) perda do referencial em valores absolutos.
(B) queda do prestígio das religiões e dos fundamentalismos na modernidade.
(C) conquista tecnológica operada pela ciência.
(D) fato de a existência preceder à essência.
(E) argumento teológico da existência de Deus.

45
"O que está em questão é o que rege os enunciados e a forma como estes se regem entre si para constituir um conjunto de proposições aceitáveis cientificamente e, consequentemente, susceptíveis de serem verificadas ou infirmadas por procedimentos científicos. Em suma, problema de regime, de política do enunciado científico."
FOUCAULT, M. Microfísica do Poder, cap. I - tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Editora Graal, 2007.
Segundo o francês Michel Foucault,
(A) o esforço moderno por conhecer a loucura promoveu a superação da cisão entre sujeito e objeto.
(B) o conflito moderno entre razão e experiência deve ser superado através do retorno genealógico ao discurso originário dos primeiros filósofos.
(C) o sujeito não é fruto de uma construção histórica, mas sim a origem perene dos saberes determinados historicamente.
(D) os saberes próprios de uma época são autônomos frente às relações de poder que nela se desdobram.
(E) as relações de poder regulam a produção do saber.

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Quais os procedimentos mais típicos da maiêutica socrática?
(A) Devir e plano de imanência.
(B) Ironia e dialética.
(C) Espanto e rigor.
(D) Dialética e método experimental.
(E) Observação da natureza e dialética.

47
Kant autodenomina seu projeto filosófico como uma revolução copernicana. A esse respeito, analise as afirmativas abaixo.
I - O projeto de Kant aponta para o desenvolvimento de uma Teoria do Conhecimento de cunho idealista, onde o referencial não são as coisas em si mesmas, mas o modo de acesso a elas.
II - Kant propõe uma crítica da Metafísica tradicional, de modo que essa possa dar conta dos desenvolvimentos da Física Moderna, tal como é a praticada por Copérnico.
III - Kant propõe uma crítica do conhecimento empírico, em prol daquele que se desenvolve de forma analítica.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas. (B) II, apenas.
(C) I e II, apenas. (D) I e III, apenas.
(E) I, II e III.

49
"Mais do que aquele que dirige o processo, por conhecer a "verdade", cabe ao professor dar condições para que o próprio aluno construa seu conhecimento crítico e se oriente na direção da autonomia da ação."
PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, p.42.
Sobre o conhecimento crítico a que se refere o texto acima, analise as afirmativas abaixo.
I - Conhecimento crítico é a capacidade de discernir e de julgar valores, ações, discursos e de questionar seus pressupostos.
II - A concepção kantiana da filosofia caracteriza-se pelo papel fundamental destinado à crítica.
III - O conhecimento crítico aponta para a compreensão de que os discursos e valores elaborados no âmbito político são meras aparências ilusórias e opiniões infundadas, sendo a autonomia do homem condicionada pelo seu alheamento frente às disputas políticas.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

50
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, não é necessário que o professor de Filosofia elabore novidades intelectuais, cabendo-lhe
(A) restringir o estudo a um filósofo apenas, aprofundando-se e tornando esse filósofo um paradigma ético, político e epistemológico para seus alunos.
(B) atender aos motivos originários da tradição filosófica, entendidos como a perplexidade, a dúvida e a busca de esclarecimento frente à realidade.
(C) construir certezas a partir das dúvidas dos alunos.
(D) preparar suas aulas a partir de suas próprias ideias e visão de mundo, sem compromisso com a História da Filosofia.
(E) ter como foco principal do processo de ensino-aprendizagem o desenvolvimento das competências requisitadas para a inserção do aluno no mercado de trabalho.


GABARITO:
26 - B
27 - E
28 - E
29 - A
30 - C
31 - C
32 - B
33 - A
34 - A
35 - D
36 - C
37 - D
38 - E
39 - D
40 - A
41 - C
42 - E
43 - C
44 - A
45 - E
46 - B
47 - C
49 - C
50 - B

(Prefeitura de Salvador - BA - SEPLAG - CESGRANRIO - 2010)

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