Protesto contra Otan deixa 11 mortos no Afeganistão
Manifestantes entram em choque contra forças de segurança durante protesto contra a morte de 4 civis em suposta ação da Otan
Mais de mil manifestantes, enraivecidos por uma operação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) suspeita de ter matado quatro civis na madrugada, entraram em confronto nesta quarta-feira com forças de segurança nas ruas da cidade de Taloqan, norte do país, deixando ao menos 11 mortos.
Os manifestantes entraram em confronto com a polícia e tentaram invadir a sede da Otan na cidade, capital da Província de Takhar, disseram autoridades locais, acrescentando que os choques deixaram também 50 feridos.
"Há 11 mortos e 50 feridos, que foram hospitalizados", disse o secretário de Saúde da província, Hasan Basij.
Segundo o governador da província, Abdul Jabbar Taqwa, a polícia abriu fogo quando os manifestantes se dirigiam a seu escritório na cidade de Taloqan carregando os corpos dos quatro mortos supostamente pela ação da Otan.
"As vítimas foram atingidas por tiros no momento em que aconteciam atos de violência", disse o ministro do Interior afegão, Zemarai Bashary, sem explicar a procedência dos disparos. "Oportunistas e indivíduos que queriam provocar distúrbios se infiltraram na manifestação", afirmou por sua vez o porta-voz da polícia provincial, Mohamad Ahmadzai.
Segundo porta-vozes da Força de Assistência à Segurança em Afeganistão (Isaf), os mortos seriam insurgentes, mas os manifestantes e fontes policiais locais indicaram que eram civis.
Os manifestantes rasgaram cartazes com a imagem do presidente afegão, Hamid Karzai, lançaram pedras contra a delegacia central de Taloqan e depois tentaram invadir o edifício, o escritório do governador e uma base da Isaf na cidade.
No início da tarde (horário local), a polícia conseguiu controlar a situação. Em comunicado, a Isaf informou na noite de terça-feira da morte de "quatro insurgentes, entre eles duas mulheres armadas", em uma operação em Taloqan.
As tropas internacionais buscavam um membro do grupo insurgente Movimento Islâmico do Usbequistão (IMU, na sigla em inglês), supostamente responsável pelo tráfico de armas que seriam usadas na região para ataques contra as tropas internacionais.
No transcurso da operação, os soldados mataram quatro pessoas que disparavam contra os soldados, disse a Isaf, que informou da detenção de dois homens, mas não detalhou o que ocorreu com o membro do IMU que era procurado.
As mortes de civis foram qualificadas no passado pelo governo afegão como "inaceitáveis", e são um dos principais pontos de atrito entre o Executivo afegão e as tropas internacionais no país, que totalizam 150 mil soldados. Em 2010, 2.777 civis morreram vítimas da violência, segundo dados da missão das Nações Unidas no Afeganistão.
(www.ultimosegundo.ig.com.br)
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