Dalai Lama diz que vai abdicar
O líder tibetano, Dalai Lama, diz que chegou o momento de transferir as suas funções políticas para um sucessor eleito. A China diz que é um logro.
O Dalai Lama anunciou hoje que vai abandonar as funções políticas no Governo tibetano no exílio, transferindo esse poder para um representante eleito. O líder espiritual tibetano, que falava por ocasião da revolta tibetana de 1959 contra as autoridades chinesas, defendeu ter chegado o momento de devolver a sua autoridade formal para um líder eleito.
A China acusou o Dalai Lama de tentar "enganar a comunidade internacional", ao anunciar hoje que ia abandonar a direção política do governo tibetano no exílio.
"Nos últimos anos, ele falou muitas vezes acerca da sua reforma. Penso que isso faz parte dos seus truques para enganar a comunidade internacional", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Jiang Yu.
O Dalai Lama, que vive exilado na vizinha Índia há mais de meio século, disse hoje em Dharmsala que iria apresentar na próxima semana a proposta autorizando-o a retirar-se da chefia política do governo tibetano no exílio.
"O governo no exílio é uma organização política ilegal e nenhum país do mundo o reconhece", contrapôs a porta-voz do MNE chinês.
Exilado desde os 24 anos
O Dalai Lama refugiou-se em Dharmsala, no norte da Índia, em 1959, na sequência de uma frustrada rebelião contra o governo chinês. O líder político e espiritual dos tibetanos tinha então 24 anos.
Em 1989, o Dalai Lama foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, mas para o governo chinês trata-se de "um líder político que, sob a capa de monge, está há muito envolvido em atividades separatistas". O Dalai Lama "é o cérebro de uma clique de activistas pró-independência do Tibete", disse Jiang Yu.
Território treze vezes maior que Portugal e com apenas três milhões de habitantes, situado na cordilheira dos Himalaias, o Tibete é uma das cinco regiões autónomas da República Popular da China.
Novo Dalai Lama será eleito
O Dalai Lama insiste que o governo tibetano exilado na cidade indiana de Dharmsala deve ter mais poder e na sua intervenção garantiu que em breve vai propor emendas à Constituição para encetar as mudanças pretendidas.
O Parlamento tibetano no exílio tem agendada a sua próxima reunião ainda para o mês de março, devendo nessa altura votar as emendas defendidas pelo Dalai Lama.
O papel do Dalai Lama é fortemente cerimonial e um primeiro-ministro eleito será o líder formal do governo no exílio, mas o estatuto internacional do próprio Dalai Lama poderá ofuscar qualquer movimento de um novo líder.
Os Dalai Lama eram por tradição os líderes políticos e espirituais do Tibete e o atual Dalai Lama mantém esse estatuto quase mítico para a maioria dos seus seguidores.
(http://aeiou.expresso.pt/)
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