REVOLUÇÃO COMERCIAL E EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPÉIA
Revolução Comercial e Colonialismo
A Revolução Comercial, acontecida durante o século XV e XVI, foi a ressurreição européia, época onde os resquícios feudais conviveram com a nova visão de mundo trazida pelo renascimento e pela reforma protestante. O humanismo e o individualismo burguês tomavam o espaço do teocentrismo e do coletivismo feudais. O grande fator desse período é, além da visão de mundo burguesa (lucro), a abertura do horizonte mundial, com as descobertas européias que fizeram o velho mundo vislumbrar um outro continente e ser a terra redonda. A Europa passa a impor sua cultura para um espaço muito maior.
- as cidades passaram a lutar pela independência: autonomia urbana (emancipação da tutela feudal).
- a burguesia assume o controle administrativo das cidades: os serviços urbanos eram proporcionados pelos grandes comerciantes.
- Corporações de Ofício: associações de artesãos de um mesmo ofício (ramo de atividade).
- objetivos: impedir a concorrência, garantir a qualidade dos produtos e organizar os horários de trabalho.
Motivos que contribuíram para a expansão européia
- Progresso econômico, renascimento comercial e urbano, e formação da burguesia;
- Necessidade de encontrar novos mercados para os produtos burgueses;
- Progressos técnicos da Escola de Sagres;
- Centralização política;
- Disputa entre Espanha e Portugal pelo título de "nação dos mares".
Motivos que levaram ao pioneirismo português nas grandes navegações (início do século XV)
- Posição geográfica favorável;
- Fato de ser o primeiro Estado nacional organizado;
- Experiência na navegação, já que a economia estava, de certa forma, voltada para o mar;
- Herança cultural dos árabes;
- Escola de Sagres: reunia astrônomos, geógrafos, navegadores, cartógrafos, matemáticos e construtores de instrumentos de navegação.
- Paz interna.
- A aliança do rei com a burguesia: Revolução de Avis.
- A presença de uma burguesia forte e ambiciosa.
Ciclos Marítimos
Portugal: Ciclo africano ou Oriental - Busca das especiarias das Índias tentando circundar o continente africano - Descoberta do Brasil.
Espanha: Ciclo Ocidental - Busca de terras a oeste da Europa - Colonização da América Latina ao tentar dar a volta no mundo para chegar à Ásia.
Reflexos da Expansão Marítima
- Fortalecimento dos Estados Nacionais;
- Declínio econômico das repúblicas italianas: perda do monopólio do comércio das especiarias;
- Desenvolvimento do tráfico de escravos.
- Inflação na Europa (Revolução dos Preços);
- Europeização da América;
- Catequização da América;
- Extermínio das populações indígenas;
- Mudança do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico;
- Gigantesco crescimento do comércio internacional, com o aumento do volume de trocas;
- Afluxo de riquezas para a Europa, e da miséria para a América;
- Acúmulo de capitais nas mãos da burguesia européia;
- Revolução nos conhecimentos técnicos e científicos;
- Bases para a Revolução Industrial.
MERCANTILISMO
Práticas econômicas adotadas pelas monarquias nacionais européias durante a Idade Moderna. Foi típica da fase do capitalismo comercial e considerava o comércio fonte principal de riquezas. Foi a política econômica do absolutismo.
Características
- Estado participando ativamente da economia (dirigismo estatal);
- Metalismo (prosperidade vinculada à quantidade de metais);
- Idéia de dever exportar mais do que importar (balança comercial favorável);
- Protecionismo estatal;
- Colonialismo;
- Escravidão negra;
- Monopólio comercial;
- Pacto colonial.
O RENASCIMENTO CULTURAL
O renascimento marcava a nova maneira de pensar e ver o mundo, notadamente burguesa. Pela primeira vez desde o clássico, buscava-se enfrentar a crença coma razão. Era a valorização da natureza e do homem, com a formação de um novo modo de vida europeu. Estava acontecendo o renascer da cultura européia, nas suas mais diversas manifestações, notadamente nas artes. Esse renascer tem dois significados: um deles é a retomada da cultura clássica antiga greco-romana; o outro, o desenvolvimento da cultura européia, paralisada durante a Idade Média, com um embate com o pensamento católico medieval. Desenvolveu-se entre os séculos XIV e XVI, tendo como centro a Itália. O nome renascimento ou renascença deve-se à impressão de que após a estagnação cultural da Idade Média, comparada com a Antigüidade, tão brilhante no campo das artes, a Europa agora voltava a renascer.
Características
- Antropocentrismo (humanismo): oposição ao teocentrismo medieval.
- Racionalismo: o mundo passa a ser concebido como explicável através da física e da matemática.
- Classicismo: Cultura clássica tomada como referência;
- Individualismo: De acordo com as doutrinas protestantes e com os interesses burgueses, em contraposição ao coletivismo da cristandade;
- Espírito de competição;
- Otimismo;
- Naturalismo;
- Pregação da utilização dos idiomas nacionais;
- Ambição material.
Motivos do Pioneirismo Italiano
- Renascimento do comércio no Mediterrâneo;
- Prosperidade das cidades italianas;
- Contato com muçulmanos e bizantinos;
- Herança da cultura clássica greco-romana;
- Desenvolvimento que os centros urbanos e o comércio experimentavam.
Principais renascentistas italianos
Leonardo da Vinci (1452-1519): Ciências e artes. Principais obras: A Monalisa ou Gioconda e Virgem dos Rochedos.
Michelangelo Buonarroti (1475-1654): Pintor, escultor e arquiteto. Principais obras: Juízo Final, Capela Sistina, Esculturas: Moisés, Pietá e David.
Rafael Sanzio (1483-1520): Pintor. Principais obras: As Madonas da Capela Cistina e afrescos no Palácio do Vaticano.
Sandro Botticelli (1444-1510): Pintor. Principais obras: A Primavera e o Nascimento de Jesus.
Ticiano: Principais obras: “A Fonte do Amor” e “Vênus Deitada”.
Principais renascentistas fora da Itália
Rembrandt: Pertence ao renascimento dos Países Baixos.
Erasmo de Rotterdam, que tem como obra principal Elogio da Loucura. Foi um filósofo holandês.
François Rabelais (1495-1553): Francês, tem como obra principal Críticas à Monarquia.
Michel de Montaigne era francês, e tem como obra principal “Ensaios”.
Thomas Morus, que tem como obra principal Utopia. Utopia é considerada a primeira obra que prega o comunismo, pregando um Estado ideal, organizado de forma comunitária.
Luis de Camões: Maior expoente do renascimento português, tem como obra principal Os Lusíadas.
Miguel de Cervantes (1547-1619): Mais célebre renascentista espanhol, tem como principal obra Dom Quixote de La Mancha.
William Shakespeare, que tem como principais obras Romeu e Julieta, Hamlet, Marco Antônio e Cleópatra, Muito Barulho Por Nada, Otelo, O Mercador de Veneza, Rei Lear, etc.
Declínio Renascentista
- Contra-reforma católica (Inquisição);
- Troca do eixo econômico europeu para o Oceano Atlântico;
- Guerras entre as cidades italianas.
A REFORMA RELIGIOSA
A Reforma Religiosa foi um movimento amplo de mudanças sociais e religiosas, que ocorreu na Europa e nas áreas por ela colonizadas. Esse movimento teve início na Alemanha, no começo do século XVI.
Causas da Reforma
- Conflito entre a ética católica e os interesses da burguesia. A ética católica condenava o lucro, a usura (juro) e a riqueza acumulada. A ética protestante, ao contrário, passa a justificar o acúmulo de capital. A riqueza passa a ser sinal da "escolha divina".
- Venda de indulgências;
- Abusos do clero (venda de cargos eclesiásticos e relíquias sagradas);
- Impostos eclesiásticos;
- Humanismo;
- Interesse dos príncipes pelas terras da Igreja;
- Crise do feudalismo;
- Novo contexto social, com formação do capitalismo e ascensão da burguesia.
Luteranismo
Lutero pretende a purificação da religião, com a tradução da Bíblia, a possibilidade de contato direto do fiel com Deus, e não apenas através do papa, com o fim da venda de indulgências. Após traduzir a Bíblia para o alemão, Lutero é expulso da Igreja Católica pela Dieta de Worms.
Para Lutero, a fé carregaria o fiel para o céu, o latim deveria ser abolido das missas, pois ninguém o entendia, as imagens deveriam ser abolidas, o celibato deveria ser combatido e os sacramentos religiosos católicos deveriam ser abolidos.
O luteranismo ocorreu na Alemanha(Sacro Império).
Em 1517, Lutero revoltou-se com a venda de indulgências. Elaborou, então, as 95 Teses, nas quais condenava a venda de indulgências e alguns dogmas da Igreja e criticava o sistema clerical dominante.
Na Dieta de Worms (1521), Lutero foi condenado como herege: Lutero negou-se a se retratar e com o apoio da nobreza não foi punido (refugiou-se no castelo do príncipe da Saxônia). Realizou, então, um de seus grandes objetivos: traduziu a Bíblia latina para o alemão.
Na Dieta de Spira (1529), tentou-se conter o luteranismo.
No luteranismo, há apenas dois sacramentos: batismo e comunhão. A Bíblia é vista como fonte de fé e livre exame. A salvação dos fiéis é obtida exclusivamente pela fé, e não pelas doações, como dizia a Igreja Católica. O Luteranismo prega, ainda, o uso das línguas nacionais, a supressão do celibato e das imagens (ícones), a submissão da Igreja ao Estado e a negação da transubstanciação (transformação do pão e vinho em corpo e sangue de Cristo).
Calvinismo (França/Suíça)
Para Calvino, a salvação era obtida através da graça de Deus (predestinação). Assim, uma pessoa rica era assim porque era iluminada, sendo santa a riqueza por aproximar o rico do caminho de Deus. Quanto mais rica uma pessoa, mais próxima estaria de Deus. Assim, a religião aproximava-se da moral burguesa, ao encorajar, o trabalho, o lucro e a riqueza.
O Anglicanismo de Henrique VIII
O anglicanismo teve um caráter essencialmente político e personalista. Dois motivos levaram Henrique VIII a romper com o papado: o desejo de novo casamento, e o desejo de adonar-se das terras da Igreja Católica na Inglaterra, enfraquecendo o papado no país para fortalecer o seu poder pessoal. Quanto ao seu desejo de novo casamento, desejava Henrique VIII unir-se a Ana Bolena e buscava o rei inglês, na verdade, um herdeiro homem que sua mulher não havia conseguido dar-lhe.
Em 1534, através do Ato de Supremacia, Henrique VIII tornou-se chefe da Igreja na Inglaterra. Foi excomungado pelo papa, e, em resposta, confiscou os bens da Igreja Católica. Fundou o Anglicanismo, casou-se com Ana Bolena e fortaleceu seu poder pessoal ao tornar a Igreja e o Estado um ente só.
A Doutrina Anglicana, por não ser fruto de um estudo religioso e sim de um desejo político de seu fundador, manteve muitas características da Igreja Católica, como a hierarquia eclesiástica. Apenas dois sacramentos: comunhão e batismo. A salvação, assim como no calvinismo, é obtida através da graça (predestinação).
Haverá um Segundo Ato de Supremacia, já no reinado de Elizabeth I, quando haverá a consolidação do Anglicanismo.
O Anabatismo
Tomas Münzer, apoiado nas idéias de Lutero, criou os ANABATISTAS (não eram batizados). Diziam que era possível ter o reino de Deus na Terra, as terras não deveriam ter cercas (reforma agrária por invasões), destruir os donos: clero e nobreza (violência).
Contra-Reforma
Reação da Igreja Católica ao crescimento protestante. Reafirmação da infalibilidade papal e resgate da moralidade da Igreja. A contra-reforma teve um caráter conservador e violento.
Movimentos
- Companhia de Jesus (1534): Criada pelo militar espanhol Inácio de Loyola, dedicava-se a difundir o catolicismo pelo mundo, principalmente nas colônias da América, África e Ásia. Seus difusores eram os jesuítas, que se dedicavam à educação dos povos “não evoluídos”.
- Concílio de Trento (1545): Negou qualquer valor às doutrinas protestantes, reafirmando a verdade única da Igreja Católica. Criou os seminários e o catecismo e manteve a doutrina católica: salvação pela fé e boas obras, o culto à Virgem Maria e aos santos, a existência do purgatório, a infalibilidade do papa, o celibato do clero, a hierarquia eclesiástica e a indissolubilidade do casamento, 7 sacramentos, Bíblia como fonte de fé e interpretação pela igreja, uso do latim. Porém, a Igreja implicitamente reconheceu os abusos que estavam sendo cometidos em nome da fé ao proibir a venda de indulgências.
- Santa Inquisição: A Inquisição era a arma mais brutal da Igreja Católica, responsável pela perseguição dos protestantes e outras minorias que afrontassem os ditames papais.
O ABSOLUTISMO
O absolutismo foi a concentração de poderes nas mãos dos soberanos (reis) que governavam sem limites, auxiliados por ministros. O rei possuía o poder de decretar leis, dispensar justiça, arrecadar impostos e dirigir a vida econômica de seu Estado. Podia legislar, decretar guerra e fazer a paz.
Não era mais um rei a serviço do Estado, mas um Estado a favor do rei. A França era a terra de Luís XIV, assim como a Inglaterra era a terra de Henrique VIII.
Pensadores absolutistas
MAQUIAVEL, Nicolau - O Príncipe - "Os fins justificam os meios". Representa a divisão entre moral e política. A política não visa a ter moral, mas sim a ter sucesso na consecução de seus objetivos.
HOBBES, Thomas - O Leviatã - "O homem é o lobo do homem". Representa o Estado como aglutinador dos homens que, se não houvesse o Estado, demoliriam-se mutuamente. Segundo sua teoria, os súditos abririam mão da liberdade em favor da centralização e da ordem.
BOSSUET, Jacques - Política Tirada da Sagrada Escritura - O rei é considerado um elemento divino, e desobedecê-lo é sacrilégio. Só Deus pode julgar o rei.
BODIN, Jean - Os Seis Livros da República - Teoria da soberania do Estado e teoria do Direito Divino. A autoridade do rei representa a vontade de Deus. Assim, todo aquele que não se submete à autoridade real é considerado inimigo de Deus. O rei deve estar acima das leis.
GROTIUS, Hugo – Do Direito da Paz e da Guerra – Segundo Grotius, os homens aceitavam submeter-se a uma autoridade soberana porque compreendiam as vantagens naturais que uma sociedade ordenada e pacífica representa.
Absolutismo Francês
Origem: Guerra dos 100 Anos.
Marca: Conflitos religiosos (católicos X huguenotes)
Apogeu da Centralização: Dinastia Bourbonica (Henrique IV, Luís XIII e Luís XIV).
História
Rei responsável pela administração da justiça, criação de um exército nacional e restrição da autoridade do papa sobre o clero na França;
Carlos IX: Auge das guerras religiosas. Massacre de São Bartolomeu. Carlos IX foi manipulado pela mãe, Catarina de Médici.
Henrique IV (1589 a 1610): Ascenção dos Bourbon. Era protestante, venceu os nobres católicos e convertou-se ao catolicismo para ser reconhecido como rei da França (“Paris bem vale uma missa”). Edito de Nantes: liberdade de culto aos huguenotes.
Luís XIII (1610 a 1643): Consolidação do absolutismo. Com a ajuda do Cardeal Richelieu, submete a nobreza e a burguesia, reforçando a autoridade real. Luís XIII: 1610 a 1643. Richelieu, ministro, internamente buscou enfraquecer a nobreza e a fortalecer o poder do rei, além de apoiar a burguesia; externamente, tornou a França uma das grandes potências européias.
Ana D’Áustria (1643 a 1661): Esposa de Luís XIII e mãe de Luís XIV. Auxiliada pelo Cardeal Mazzarino. Durante seu governo ocorreram as Frondas (revoltas contra a monarquia).
Luís XIV (1643 a 1715): Apogeu do absolutismo e desenvolvimento econômico. Era o rei sol, soberano assim como o astro, com todos a girarem à sua volta. Acumulou funções de rei e de ministro. Isentou a corte do pagamento de impostos. Revogou o Édito de Nantes, que concedia liberdade religiosa na França, através do Edito de Fontainebleau – 1685. É marcante a sua frase: "L'etat c'est moi!" (O Estado sou eu). Luís XIV obteve a aceitação da nobreza ao seu governo absolutista estimulando-a a freqüentar a Corte. Assim, distantes de suas bases nas províncias, e sob o olhar próximo do rei, não mais causariam perigo. Venceu as Frondas, assim como a Guerra dos 30 Anos (1618 a 1648) contra o Império Austro-Húngaro. Faleceu em 1715.
Luís XV (1715 a 1774): Caos econômico e impostos excessivos. Foi o pior dos Luíses que a França teve. Perdas coloniais. Foi derrotado na Guerra dos 7 Anos (1756 a 1763) contra a Inglaterra, disputando as colônias americanas.
Luís XVI (1774 a 1779): Queda do absolutismo com a Revolução Francesa.
Absolutismo Inglês
Origem: O grande ponto de amadurecimento do absolutismo inglês ocorreu com a Guerra das Duas Rosas, quando houve o enfraquecimento da nobreza.
Marca: Disputa entre o rei (nobreza) e o Parlamento (burguesia).
Apogeu da Centralização: Dinastia Tudor.
História
Século XIII: Oposição à centralização. 1215: Magna Carta (João Sem Terra). Na Magna Carta, há o submissão do rei às leis. O rei não podia promulgar mais novas leis, nem aumentar os impostos sem o consentimento do Parlamento;
Henrique VII (1485 a 1509): Fim da Guerra das Duas Rosas - Centralização. Inicia a Dinastia Tudor, pacificando o país e consolidando o Estado nacional.
Henrique VIII (1509-1547): Impôs a sua autoridade sobre a nobreza e o Parlamento, graças ao apoio da burguesia, interessada na expansão comercial. Criação da Igreja Anglicana, rompimento com o papa e apropriação das terras católicas na Inglaterra. Henrique VIII.
Eduardo VI (1547 a 1556): Assumiu com apenas 9 anos, sendo dominado pelos calvinistas.
Maria I (1556 a 1558): Tentativa de restabelecimento do catolicismo. Incentivou as perseguições aos protestantes, do que lhe valeu o título de “Maria, a sanguinária”.
Elizabeth I ou Isabel (1558 a 1603): Conhecida como a rainha virgem, consolidou o Anglicanismo e estimulou o desenvolvimento comercial e manufatureiro. Início da expansão colonial. Elizabeth I: 1588 a 1603. Crescimento capitalista no país. Início da expansão colonial inglesa, com a colonização da América do Norte e a pirataria contra navios espanhóis. Mecena, patrocinava a arte de Shakespeare. Com a sua morte, termina a dinastia Tudor.
Após Elizabeth I, assume o trono inglês a Dinastia Stuart (1603 a 1688), marcada pelo declínio do absolutismo e pelos choques com o Parlamento. Há a perseguição aos católicos, no período de Jaime I.
Absolutismo Português
Ocorreu a partir da Revolução de Avis, com a Dinastia de Avis (1383 a 1580) tendo o apoio da burguesia.
Absolutismo Espanhol
Só acontece a partir de 1476, com a expulsão dos árabes-muçulmanos invasores. O momento que marca tal período é o casamento de Isabel, do reino de Castela, com Fernando, herdeiro do trono de Aragão.
A COLONIZAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA
Utilizando-se como pretexto para a exploração colonial o argumento da necessidade de civilizar os povos americanos, por meio da cultura e da fé cristã, os espanhóis dizimaram as civilizações indígenas, escondendo por trás do empreendimento comercial e cristão a finalidade primeira, que era a busca dos metais preciosos a todo o custo. Destacam-se nessa empreitada três colonizadores: Hernán Cortez no México, e Francisco Pizarro e Diogo Almagro, no Peru.
Dois objetivos foram perseguidos economicamente: metais preciosos e produtos que pudessem ser vendidos nos mercados europeus com grande lucro. Ao contrário da colonização portuguesa do Brasil, onde o negro tornou-se a principal mão-de-obra, e o tráfico negreiro um extremamente lucrativo negócio, na América Espanhola, a mão-de-obra indígena foi a principal fonte produtora.
A mita, na qual os índios trabalhavam nas minas por um prazo determinado e sob um pagamento irrisório foi utilizada, principalmente nas minas de prata de Potosí, e contribuiu para arruinar a estrutura comunitária indígena e exterminar a população nativa.
Além da mita, havia a encomienda, que era a exploração dos nativos como servos nos campos e nas minas. A exploração era justificada como um pagamento de tributos, feito pelos índios em forma de serviços, por receberem proteção e educação cristã.
A sociedade formada na América Espanhola era uma sociedade organizada hierarquicamente, com a seguinte ordem:
- Chapetones: espanhóis da metrópole que ocupavam altos postos militares e civis (justiça e administração). Elite.
- Clero.
- criollos: espanhóis nascidos na América (aristocracia colonial: grandes proprietários e comerciantes) que, por constituírem a elite colonial, participavam das câmaras municipais (cidades mais importantes), denominadas cabildos (ou ayuntamientos).
- mestiços.
- índios.
AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA
Apresentavam diversos estágios de desenvolvimento cultural e material.
Não conheciam a roda e o cavalo, mas desenvolveram técnicas eficientes de agricultura.
Os maias desapareceram misteriosamente, enquanto os astecas e os incas foram dizimados pelos espanhóis.
Politeístas, tinham os sacerdotes como donos do conhecimento.
Produtos americanos: milho, feijão, abóbora e pimenta, entre outros.
Maias
- América Central (Guatemala).
- Civilização composta por cidades-estado independentes.
- Cuidado com os mortos e rituais sangrentos.
- Possuíam um desenvolvido sistema de numeração e tinham noção do número zero.
- Utilizavam uma escrita hieroglífica.
- Teocracia hereditária.
- Apogeu no século IV (300 a 900 d.C.).
Astecas
- América Central (México).
- Civilização baseada na guerra (Teocracia militar). O chefe do governo era considerado semi-divino e líder dos guerreiros.
- Diversos povos subjugados pelo povo asteca.
- Possuíam escravos.
- Tributação dos povos sublevados, em espécie.
- Utilizavam como moeda a semente de cacau.
- Agricultura e comércio.
- Prática de sacrifícios humanos e animais.
- Capital: Tenochtitlán.
- Montezuma II foi o Imperador que entrou em contato com os espanhóis. Destruição do Império por Hernán Cortez (1521).
Incas
- Do Equador ao Chile, e da Selva Amazônica ao Pacífico.
- Império teocrático, autoritário e hereditário.
- Capital: Cuzco.
- Todas as terras e todos os camponeses pertenciam ao Imperador.
- Mita: Obrigação dos aldeões de realizarem inúmeros serviços gratuitos ao Estado.
- Hierarquização social refletida nos cargos estatais.
- Língua: Quéchua. Não possuíam escrita, sendo a cultura transmitida oralmente.
- Divindade maior era o sol (Inti). Acreditavam na vida pós-morte (mumificação).
- Ao conquistar outras culturas, incorporavam os valores culturais.
- Império cortado por estradas.
- Destruição do Império por Francisco Pizarro (1533).
ILUMINISMO OU ILUSTRAÇÃO
Os escritores franceses do século XVIII provocam uma verdadeira revolução intelectual na história do pensamento moderno. Suas idéias caracterizam-se pela importância dada à razão. Rejeitam-se as tradições e procura-se uma explicação racional para todas as coisas. Era a filosofia revolucionária da burguesia, que ficaria conhecida como Ilustração ou Época das Luzes.
Princípios básicos do Iluminismo
- Racionalismo;
- Combate ao absolutismo e à teoria do poder divino dos reis;
- Combate ao mercantilismo;
- Crítica aos privilégios de classe (ordens ou estados);
- Combate ao poder da Igreja;
- Defesa da limitação do poder real.
- Defesa da não intervenção do Estado no campo econômico;
- Defesa de um sistema constitucional.
Precursores do Iluminismo
René Descartes: “Discurso sobre o método”. Uso da dúvida para chegar ao conhecimento (“penso, logo existo”). Foi o criador da geometria analítica, e buscou valorizar o racionalismo e o método experimental.
Isaac Newton: “Princípios matemáticos da filosofia natural”. Mecanicismo. Inventou os cálculos infinitesimais e estabeleceu os princípios fundamentais da ótica moderna. Elaborou a lei da gravitação universal e da inércia.
Os Principais Filósofos Iluministas
Podemos dividir os iluministas em dois grupos: o dos filósofos, que se preocupavam com os problemas sociais, políticos, culturais e religiosos; e o dos economistas, que procuravam promover o enriquecimento das nações.
São eles:
Jean Jacques Rousseau: Principal iluminista, tem como obra principal “Do Contrato Social”, na qual faz críticas ao absolutismo e defende a liberdade. Critica também a burguesia e a propriedade privada.
Montesquieu, que tem como obra principal “O Espírito das Leis”, na qual inventa a Tripartição do poder: executivo, legislativo e judiciário.
Voltaire, que tem como obra principal “Cartas Inglesas”, na qual faz críticas à Igreja Católica e aos resquícios feudais, além de defender a liberdade de expressão.
John Locke, que tem como principal obra “Segundo Tratado do Governo Civil”, na qual diz que a vida, a liberdade e a propriedade são direitos naturais do homem, e diz ainda que o direito de rebelião é inerente ao homem, não podendo ser coagido.
Os Economistas
Pregavam a liberdade econômica, opondo-se a qualquer regulamentação. A economia deveria ser fornecida pela natureza. Devido a esse pensamento, foram chamados de fisiocratas. Para eles, as empresas deveriam concorrer livremente, pois a livre concorrência faria os preços baixarem, e a qualidade dos produtos elevar-se. Os fisiocratas, representados por Quesnay, Gournay e Turgot, defendiam a agricultura como fonte geradora de riqueza e a não intervenção do Estado na economia. Já os liberais, representados primordialmente por Adam Smith, fundador da economia moderna como ciência, defendiam a ideologia econômica da burguesia e do capitalismo, o trabalho como fonte de riqueza e condenavam o mercantilismo, defendendo a concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio.
Os principais economistas foram:
Adam Smith: Adam Smith, “pai do liberalismo”, tem como principal obra “Da riqueza das nações”. Inglês, valoriza o trabalho e propõe as linhas básicas do capitalismo através do estudo da lei da oferta e da procura, e da lei dos “mais fortes”, numa seleção mercadológica dos mais competentes.
David Ricardo: Tem como principal obra “Princípios da Economia Política e Tributação”. Defende que o preço da força de trabalho deve ser equivalente ao mínimo necessário para a subsistência do trabalhador, não sendo o patrão responsável pela sustentação da família de seu empregado.
Thomas Malthus: Segundo Malthus, a miséria social é culpa do desequilíbrio entre a produção e o consumo. A produção agrária, segundo Malthus, cresce em P.A., enquanto a população cresce em P.G. Assim, a culpa pela existência da pobreza seria do próprio pobre, que se procriaria descontroladamente. Propõe, ainda, a retirada de apoios governamentais como saúde e alimentação aos pobres, que não contribuiriam para a nação, além de não serem grandes competidores.
O Despotismo Esclarecido
Foi o governo de príncipes e reis, que colocavam em prática as idéias iluministas, governando de acordo com a razão e de acordo com os interesses do povo, mas não abandonavam a forma absolutista, sendo as conquistas iluministas uma fachada para a continuidade do absolutismo. Os principais déspotas foram:
- Frederico II, da Prússia.
- Catarina II, da Rússia.
- José II, da Áustria.
- Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal.
- Aranda, da Espanha.
Enciclopédia
Veículo de difusão das idéias liberais, continha o resumo do pensamento iluminista e fisiocrata. Foi organizada por Diderot e D’Alembert e pregava o racionalismo, a atividade científica, o anticlericalismo, o deísmo, e o contrato social. Foi composta de 35 volumes.
REVOLUÇÃO INGLESA DO SÉCULO XVII E O PARLAMENTARISMO
Significou a destruição do Absolutismo na Inglaterra, com o Parlamento ascendendo ao poder e, junto com ele, a burguesia. Foi a luta entre o rei e o parlamento, entre a nobreza e a burguesia. A Revolução Inglesa foi a primeira revolução burguesa da Europa Ocidental, antecipando em 150 anos a Revolução Francesa. Sem a Revolução Inglesa não seria possível, de forma alguma, a Revolução Industrial que lhe sucederia.
1. Etapa) Guerra Civil ou Revolução Puritana (1642-1648): Revolta de Carlos I contra as medidas adotadas pelo Parlamento. Ordenou que sua guarda invadisse o Parlamento e prendesse seus líderes. A sociedade inglesa era dividida entre os partidários da monarquia absolutista (Cavaleiros), e os partidários da monarquia constitucional (Cabeças Redondas). Eram favoráveis à monarquia absolutista a burguesia financeira, os mestres de corporação e o alto clero anglicano, além da nobreza católica. Em contrapartida, eram defensores à monarquia constitucional a burguesia mercantil, a gentry (nobreza rural, que explorava a terra de forma capitalista), os mestres manufatureiros, os camponeses pobres, além dos presbiterianos (puritanos).
OBS: Gentry eram os representantes dos proprietários de médio porte, viviam no campo e dependiam desta propriedade para sobreviver. Passam a investir cada vez mais na propriedade para crescer, por isso querem livrar a economia do mercantilismo, assim no aspecto político, assumem as mesmas posições da burguesia liberal confundindo-se com ela.
Os cabeças redondas acabam por sair vitoriosos, executando o rei e instalando o regime republicana pela primeira e única vez na história inglesa. Na verdade, o que ocorrerá será uma ditadura do líder dos cabeças redondas, Oliver Cromwell.
2. Etapa) A República Ditatorial de Cromwell (1649-1658): Cromwell realiza uma República ditatorial, conhecida como Protetorado. São fatos marcantes a unificação britânica, o Ato de Navegação (incentivo à construção naval, proibição de entrada e saída de mercadorias em navios estrangeiros, foi fundamental para o comércio, a burguesia, o capital e a revolução industrial), a Guerra com os Holandeses. No início, Cromwell governou em conjunto com o Parlamento, mas depois deu um golpe e instalou a ditadura (1653-58).
3. Etapa) A Restauração Monárquica (1660-1688): Ricardo Cromwell manteve-se no poder apenas oito meses, pois não tinha a habilidade do pai. Restaurou-se a monarquia com os Stuart, Carlos II assume o trono britânico e volta a aquietar as vozes do Parlamento. Seu sucessor, foi Jaime II, que desagrada à burguesia e à nobreza anglicana, devido ao fato de ser católico e autoritário.
4. Etapa) Revolução Gloriosa (1688-1689): Foi entre as tropas de Guilherme de Orange e as forças de Jaime II. Guilherme de Orange e sua esposa, Maria Stuart, assumem o poder na Inglaterra tendo, entretanto, que assinar, em 1689, uma Declaração de Direitos (Bill of Rights), que previa, por exemplo, tolerância religiosa aos protestantes em geral, superioridade da lei sobre a vontade do rei (fim do absolutismo), aprovação de tributos pelo Parlamento, liberdade de imprensa, exército permanente e retirada do poder do rei de suspender lei alguma. No plano político, a Revolução Gloriosa marca o fim do absolutismo na Inglaterra. O poder do rei passa a ser limitado pelo Parlamento, e a monarquia adquiriu um caráter constitucional.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Processo de transformações econômicas e sociais geradas pela mecanização iniciado na Inglaterra da segunda metade do século XVIII.
Características- Divisão do trabalho.
- Divisão entre os donos dos meios de produção e os que vendem sua força de trabalho.
- Trabalho assalariado.
- Maquinofatura ou produção mecanizada.
Pioneirismo inglês
• Estado burguês e liberal: incentivo ao capitalismo.
• Burguesia poderosa.
• Acúmulo de capitais.
• Existência de mercados consumidores.
• Existência de matérias-primas: carvão, ferro, lã, algodão.
• Existência de mão-de-obra:
Enclosures (“cercamento dos campos”): avanço do capitalismo no campo(expropriação dos camponeses/êxodo rural).
I Revolução Industrial (1760-1860)
- Energia a vapor.
- Quebra dos artesãos independentes.
- Explosão dos centros urbanos.
- Surgimento do operário urbano.
II Revolução Industrial(1860-1914)
- Expansão da industrialização: Bélgica, França, Alemanha, Rússia, EUA e Japão (Revolução Meiji).
- Energia: petróleo e eletricidade.
- Transformação do ferro em aço.
- Indústria química.
- Ferrovias, automóveis e aviões.
- Telégrafo e telefone.
- Concentração da produção e do capital.
Dinamização da produção
Fordismo: Divisão do trabalho, produção em série, esteiras rolantes, especialização da empresa em um só produto.
Taylorismo: Controle dos movimentos das máquinas e dos homens no processo de produção para aumentar a produção.
Consequências
• divisão extrema do trabalho.
• produção em massa.
• separação entre capital e trabalho.
• aumento demográfico.
• urbanização: cidades.
• consolidação do capitalismo (industrial e depois monopolista e financeiro) e afirmação do Estado Liberal.
• classes sociais antagônicas: burguesia e proletariado.
Condições dos trabalhadores
- Miséria e bairros operários.
- Trabalho de mulheres e crianças.
- Jornadas de trabalho de 14 a 16 horas por dia e falta de qualquer segurança no trabalho.
- Salários extremamente baixos.
- Disseminação de doenças nos bairros operários.
Movimentos sociais dos trabalhadores
Movimento Ludista (Ludismo): Tendo como líder Ned Ludd, pregava a destruição das máquinas como forma de eliminar as péssimas condições de vida e de trabalho.
Movimento Cartista (Cartismo): Movimento popular que pregava reformas nas condições de trabalho e direitos políticos, e a estipulação destas em Cartas do Povo.
Movimento dos Sindicatos (Trade unions): Busca da união da classe operária através de organizações trabalhistas.
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS
Os principais motivos da formação de um movimento de independência nas 13 colônias americana foram a luta do centro-norte contra o pacto colonial, o aumento dos impostos sobre as colônias (fruto da Guerra dos 7 Anos) e a influência dos ideais iluministas.
As províncias do centro-norte começaram a extrapolar as liberdades concedidas pela Inglaterra, e seus produtos passaram a concorrer com os produtos britânicos, obrigando a Inglaterra a apertar o cerco contra as colônias, punindo os sonegadores e evitando o contrabando. Este arrocho foi gerando revoltas nas colônias.
Lei do Açúcar (Sugar Act): 1764 - Estabelecia que todo açúcar que não fosse comprado nas Antilhas Inglesas seria cobrado altos impostos, prejudicando o comércio triangular. Além disso, uma série de outros produtos foram incluídos na lista de monopólios da Coroa britânica.
Lei do Selo (Stamp Act): 1765 – Cobrava taxas sobre diversos documentos comerciais. Os comerciantes americanos passaram a boicotar o comércio inglês.
Imposto cobrado (selo) sobre documentos, livros e jornais publicados na colônia.
Atos Townshend (1767) - Tributação sobre vidro, papel e chá.
Lei do Chá (Tea Act): 1773 - A Companhia das Índias Orientais (Londres) passou a deter o monopólio do comércio do chá: tinha por objetivo prejudicar os holandeses e excluir os colonos. Os colonos reagem na Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston): colonos disfarçados de índios jogaram ao mar um carregamento de chá no porto de Boston.
Leis Intoleráveis (1774): Fechamento do porto de Boston, ocupação militar de Massachusetts e impedimento da expansão territorial dos colonos para o oeste. No mesmo ano, os Ingleses impuseram os Atos de Quebec, que proibiam os colonos de explorar as terras do Oeste.
Ainda em 1774, houve o primeiro Congresso da Filadélfia, que resultou na declaração dos direitos dos colonos norte-americanos contra as Leis Intoleráveis.
O movimento de independência inicia no IIº Congresso da Filadélfia (1775). No dia 04 de julho de 1776, Thomas Jefferson redige a famosa Declaração de Independência dos EUA. Os soldados norte-americanos são comandados por George Washington. Contaram os colonos com o apoio da França, da Holanda e da Espanha.
A inspiração dos colonos serão os textos de John Locque. O exército inglês será vencido em Yorktown, reconhecendo a Inglaterra a independência dos Estados Unidos no Tratado de Paris, assinado em 1783.
A primeira Constituição norte-americana será assinada em 1787. Forma de governo republicana e separação dos três poderes. Washington eleito o primeiro presidente, voto censitário, mulheres e negros excluídos das decisões políticas. Escravidão mantida e desrespeito aos direitos dos índios.
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