“A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer.” (Peter Burke)
terça-feira, 12 de julho de 2011
II SIMULÃO DO MARCELÃO
Pré-História, Antiguidade, Medievalismo e Modernidade
1. Observe as reportagens abaixo.
"NEM TÃO NÔMADES
Descoberta no sítio arqueológico de Star Carr, no Reino Unido, uma área circular, com 3,50 m de diâmetro ,foi anunciada por pesquisadores das universidades de Manchester e de York como a casa mais antiga do país.
A "construção", de cerca de 11 mil anos, teria sido feita com troncos colocados, verticalmente, em torno de um buraco, forrado por restos de material orgânico semelhantes à palha. A existência da pequena casa
reforça teses que defendem que o homem do período Mesolítico, classificado ainda como nômade, já tivesse tido pequenos períodos de sedentarismo.
ARCO E FLECHA
Pontas de pedras, que provavelmente eram utilizadas com setas, foram desenterradas da caverna Sibudu, na África do Sul, e anunciadas por cientistas como as amostras mais antigas de flechas feitas pelo homem. Com cerca de 64 mil anos, as pedras têm vestígios de sangue e osso, dando pistas de que foram confeccionadas para caçar. Acreditava-se, anteriormente, que o desenvolvimento de armas como arco e flecha tivesse ocorrido cerca de 20 mil anos mais tarde. Segundo os pesquisadores, se o homem dessa região conseguia montar esse tipo de ferramenta para caçar, é sinal de que ele já possuía habilidades cognitivas, diferentemente de humanos primitivos de outras áreas."
(Revista Aventuras na História)
As noticias demonstram que:
a) idéias e conceitos ate então estabelecidos a respeito da chamada Pré-História serão revistos, uma vez que pesquisas e descobertas recentes apontam para conclusões diferentes das elaboradas anteriormente.
b) uma vez estabelecidos os argumentos a respeito da Pré-História, não e possível alterá-los, já que as recentes descobertas arqueológicas não apontam erros nas conclusões ate então elaboradas sobre o período.
c) descobertas recentes sobre a Pré-História colocam em xeque as conclusões elaboradas anteriormente sobre o período, e apontam para a necessidade, urgente, de revisão de toda a historiografia pertinente ao assunto.
d) conclusões elaboradas sobre a Pré-História poderão sofrer um processo de revisão, mas não serão alteradas com tanta facilidade, uma vez que precisa se de mais argumentos e achados para demonstrar suas inconsistências.
e) analisar processos históricos e uma tarefa difícil, uma vez que argumentações consideradas verdadeiras são facilmente contestadas, como nos demonstram os achados arqueológicos citados nos textos.
2. A presença de rios ou a proximidade do mar foram decisivas para o desenvolvimento de cidades e sociedades antigas e modernas. Um exemplo disso é:
a) a importância do rio Nilo, na Antiguidade, na integração das várias sociedades do Oriente próximo e na união dos reinos do Alto Egito e do Baixo Egito, evitando a invasão da região por outros povos.
b) o papel exercido pelo Bósforo, que corta a atual Istambul, antes chamada de Constantinopla e de Bizâncio, e sempre assegurou a hegemonia internacional
do povo que vivesse à sua volta.
c) a divisão de terras provocada pelos rios Tigre e Eufrates, que isolavam geograficamente os vários grupos que viviam na antiga Mesopotâmia e instigaram conflitos prolongados entre eles.
d) o controle do Mar Mediterrâneo por árabes e fenícios no decorrer de toda a Idade Média, permitindo-lhes invadir território europeu e impedir a circulação de embarcações militares inglesas e francesas.
e) a posição geográfica de Veneza, no norte do Mar Adriático, que lhe permitiu ser ponto de partida de Cruzadas e ter participação ativa no comércio medieval de especiarias e sedas do Oriente.
3. A Ilíada, de Homero, data do século VIII a.C. e narra o ultimo ano da Guerra de Tróia, que teria oposto gregos e troianos alguns séculos antes. Não se sabe, no entanto, se esta guerra de fato ocorreu ou mesmo se Homero existiu.
Diante disso, o procedimento usual dos estudiosos tem sido:
a) desconsiderar os relatos atribuídos a Homero, pois não temos certeza de sua procedência, nem se eles nos contam a verdade sobre o passado grego.
b) identificar na obra, apesar das duvidas, características da sociedade grega antiga, como a valorização das guerras e a crença na interferência dos deuses na vida dos homens.
c) desconfiar de Homero, pois ele era grego e assumiu a defesa de seu povo, abrindo mao da completa neutralidade que todo relato histórico deve ter.
d) acreditar que a Guerra de Tróia realmente aconteceu, pois Homero não poderia ter imaginado tantos detalhes e personagens tão complexos como os que aparecem no poema.
e) descartar o uso da obra como fonte histórica, pois, mesmo que a guerra tenha ocorrido, a Ilíada e um relato literário e não foi escrita com rigor e precisão cientifica.
4. Considere o texto a seguir:
"As cidades-Estado [...] eram muito diferentes entre si:
nas dimensões territoriais, nas riquezas, em suas histórias particulares e nas diferentes soluções obtidas ao longo dos séculos para os conflitos de interesses entre seus componentes. A maioria delas nunca ultrapassou a dimensão de pequenas unidades territoriais, abrigando
alguns milhares de habitantes – não mais do que 5 mil,quase todos envolvidos com o meio rural. Outras, de porte médio, chegaram a congregar 20 mil pessoas.
Algumas poucas, portos comerciais ou centros de grandes impérios, atingiram a dimensão de verdadeiras metrópoles, com mais de 100 mil habitantes [...]."
(GUARINELLO, Norberto Luiz. Cidades-Estado na Antiguidade Clássica. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). Historia da cidadania. São Paulo: Contexto, 2008. p. 30.)
De acordo com o texto, na Grécia antiga, as cidades- Estado:
a) abrigavam os mesmos ideais democráticos, independente de seu porte, como foi o caso de Atenas.
b) mantinham um forte equilíbrio de forca, uma vez que havia uma cidade centralizadora que controlava política e economicamente todas as outras.
c) tinham como principal característica serem diferentes entre si, no tamanho e nas suas escolhas políticas, como foi o caso de Atenas e Esparta.
d) possuíam a cidadania como um bem maior, em que, independente do numero de sua população, todo grego tinha direito de participar dos rumos de sua cidade.
e) exerciam, por consenso, em um determinado momento, o domínio político e religioso do Império grego.
5. "O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura. As produções da pintura apresentam-se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos algo, mantêm o mais solene silêncio. O mesmo ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se pensassem, mas se os interrogarmos sobre o que dizem (...) dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma (...) E quando são maltratados e insultados, injustamente, têm sempre a necessidade do auxílio de seu autor porque são incapazes de se defenderem, de assistirem a si mesmos."
(Platão, Fedro ou Da beleza.)
Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contrapondo-os à sua concepção de filosofia.
Assinale a alternativa que permite concluir, com apoio do fragmento apresentado, uma das principais características do platonismo.
a) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de pequenas sentenças com sentido completo, as quais, no seu entender, esgotam o conhecimento acerca do mundo.
b) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o conhecimento funda-se no rigor interno das argumentações, produzido e comprovado pela confrontação dos discursos.
c) O platonismo se vale da oratória política, sem compromisso filosófico com a busca da verdade, mas dirigida ao convencimento dos governantes das Cidades.
d) A poesia rimada é o veículo de difusão das idéias platônicas, sendo a filosofia uma sabedoria alcançada na velhice e ensinada pelos mestres aos discípulos.
e) O discurso platônico tem a mesma natureza do discurso religioso, pois o conhecimento filosófico modifica-se segundo as habilidades e a argúcia dos filósofos.
6. "De cidade em cidade, de civilização em civilização, a ciência viaja com as caravanas de mercadores, os exércitos invasores e os viajantes solitários. A matemática dos gregos, entre eles Pitágoras, chegou até nós por meio de Alexandria, cidade egípcia às margens
do Nilo. Ali um grego chamado Euclides, que chegou à cidade no ano 300 a.C., escreveu um dos livros mais copiados e traduzidos de toda a História: Elementos de Geometria.
A história dessa cidade e da “viagem” do conhecimento grego se confunde com a trajetória dos macedônios."
(Flavio Campos e Renan Garcia Miranda, A escrita da História)
A respeito dos macedônios, pode-se afirmar que foram:
a) um povo guerreiro, que acabou dominado pelos exércitos romanos de Cesar e Marco Antonio, após décadas de resistência.
b) grandes matemáticos, que souberam aplicar seus conhecimentos na construção de algumas das maravilhas da Antiguidade.
c) conquistadores da Grécia, que expandiram seu império para o Oriente e promoveram o que passou a ser conhecido como Helenismo.
d) precursores da cultura grega; atribui-se aos seus filósofos e pensadores a criação do pensamento mítico.
e) grandes mercadores, responsáveis por disseminar junto aos gregos os avanços técnicos da arquitetura egípcia.
7. "Podemos dizer que antes as coisas do Mediterrâneo eram dispersas... mas como resultado das conquistas romanas é como se a história passasse a ter uma unidade orgânica, pois, as coisas da Itália e da África passaram a ser entretecidas com as coisas da Ásia e da Grécia e o resultado disso tudo aponta para um único fim."
(Políbio, História, I.3.)
No texto, a conquista romana de todo o Mediterrâneo é:
a) criticada, por impor aos povos uma única história, a ditada pelos vencedores.
b) desqualificada, por suprimir as independências políticas regionais.
c) defendida, por estabelecer uma única cultura, a do poder imperial.
d) exaltada, por integrar as histórias particulares em uma única história geral.
e) lamentada, por sufocar a autonomia e identidade das culturas.
8. "Quando se percorre a história das repúblicas, vê-se que todas elas foram ingratas com seus concidadãos: mas há menos exemplos disto em Roma do que em Atenas, ou em qualquer outra cidade de governo popular. Se se quiser conhecer a razão, creio que ela está em que os romanos tinham menos motivos do que os atenienses para temer a ambição dos concidadãos."
(Nicolau Maquiavel, Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio)
Podemos considerar as conclusões de Maquiavel verdadeiras se levarmos em conta que,
a) em Roma, passou-se por um grande período de estabilidade, sem lutas pelo poder entre os cidadãos, que foi do fim da Monarquia a ascensão de Mário e Seu, na República; já em Atenas, a desconfiança em relação aos cidadãos remontava a época da tirania, e, ao eliminarem-na, os atenienses criaram a instituição do ostracismo, para punir os cidadãos que ameaçassem a nascente democracia.
b) em Roma, o período de instabilidade remontava a época da Monarquia, quando os reis usurparam as liberdades individuais em prol da coletividade, em uma clara divisão entre patrícios e plebeus; já em Atenas, a luta pelo poder entre cidadãos remontava a época da República, uma vez que os tiranos exerciam o poder em nome dos aristocratas, mas atraiam o apoio das massas com medidas populares.
c) em Roma, não houve disputas pelo poder, uma vez que a República permitia livre acesso a política, por meio das magistraturas e das Assembléias, permitindo a participação política no conjunto da sociedade; já em Atenas, a democracia era restrita a quem fosse considerado cidadão e, por isso, gerava constantes conflitos entre a ampla camada de não cidadãos e a elite aristocrática.
d) em Roma, apesar de ampliar a pratica da cidadania, esta era controlada pela elite patrícia e alijava do poder a camada de plebeus, a maioria na cidade; já em Atenas, apesar de excluir mulheres, crianças, escravos e estrangeiros, a democracia era exercida por todos aqueles considerados cidadãos, sem distinção censitária e com amplos poderes de decisão perante as instituições políticas da cidade.
e) em Roma, não havia motivo algum para temer as lutas pelo poder, pois as instituições republicanas só foram consolidadas no final da República, época em que a cidade já era invadida pelos povos denominados bárbaros; em Atenas, as lutas entre os cidadãos remontavam a época da tirania, exercida por Clistenes que, ao cercear as liberdades individuais, sofreu forte oposicao dos eupátridas.
9. Em 768, Carlos Magno foi coroado rei dos francos e, em 800, imperador dos romanos. E pertinente afirmar quanto aos reinos francos, no que diz respeito ao período carolíngio, que:
a) O Renascimento Carolíngio tornou evidente a tensão entre os inconciliáveis valores germânicos e cristãos.
b) A forte centralização política e administrativa, estabelecida pelo Tratado de Verdun, favoreceu o governo do território, apos a anexação dos reinos da Lombardia e Baviera.
c) Suas instituições, direito, legiões e cidades eram consideravelmente semelhantes aos do período romano, embora seus funcionários, na maioria, não fossem servidores civis.
d) Apresentavam uma fusão de elementos culturais, como a aliança dos francos com o papado, que, com a restauração do Império Romano do Ocidente, constituiu um reforço ao seu caráter romano-germanico.
e) O direito romano prevaleceu aos poucos sobre o direito consuetudinário germânico, que caiu em desuso e, finalmente, em total esquecimento.
10. "Com a ruralização, a tendência à auto-suficiência de cada latifúndio e as crescentes dificuldades nas comunicações os representantes do poder imperial foram perdendo capacidade de ação sobre vastos territórios. Mais do que isso, os próprios latifundiários foram ganhando atribuições anteriormente da alçada do Estado."
(Hilario Franco Jr. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986. Adaptado.)
A característica do feudalismo mencionada no fragmento é:
a) o desaparecimento do poder militar, provocado pelas invasões bárbaras.
b) a fragmentação do poder político central.
c) o aumento da influencia política e financeira da Igreja Católica.
d) a constituição das relações de escravidão.
e) o estabelecimento de laços de servidão e vassalagem.
11. "Enfim, em novembro de 1095, (...) o papa Urbano II (...) dirigiu a aristocracia guerreira francesa uma advertência, divulgada, a seguir, por toda a Europa: aqueles que ate então tinham vivido como saqueadores, martirizando seus irmãos cristãos, poderiam ir para o Oriente, onde os cristãos encontravam-se ameaçados pelos muçulmanos, e empregar suas energias contra os infiéis. Assim, com o recurso deste expediente destinado a ‘exportar a violência’, foi assentada a primeira pedra no edifício das futuras Cruzadas."
(Jacques Le Goff & Jean-Claude Schmitt. Dicionário Temático do Ocidente Medieval)
De acordo com o texto, e correto afirmar que as Cruzadas:
a) foram expedições de caráter essencialmente religioso, conclamando os europeus para um acordo de paz com os “infiéis” no Oriente Médio.
b) tiveram nas ações militares contra os “infiéis” no Oriente sua característica mais marcante, como maneira de solucionar problemas sociais vividos na Europa.
c) tiveram a característica de exportar para a América a idéia fixa de converter os indígenas em seguidores fieis do cristianismo.
d) analisaram sistematicamente as civilizações do Oriente, com o intuito de preservar sua cultura apos a luta contra os “infiéis”.
e) mesclaram princípios religiosos e militares, buscando, por meio da conversão dos “infiéis” no Oriente, aumentar seguidores do Cristianismo, então ameaçado pela Reforma Religiosa.
12. "[Na Idade Média], chamava-se ‘lepra’ a muitas doenças. Toda erupção pustulenta, a escarlatina, por exemplo qualquer afecção cutânea passava por lepra. Ora, havia,com relação à lepra, um terror sagrado: os homens daquele tempo estavam persuadidos de que no corpo reflete-se a podridão da alma. O leproso era, só por sua aparência corporal, um pecador. Desagradara a Deus e seu pecado purgava através dos poros."
(Georges Duby. Ano 1000 Ano 2000. Na pista de nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998.)
O texto mostra a associação entre doença e religião na Idade Media. Isso ocorre porque os homens do período:
a) abandonaram o conhecimento cientifico, acumulado na Antiguidade, sobre saúde e doença; dai a época medieval ser apropriadamente chamada de “era das trevas”.
b) recusavam-se a admitir que as condições de higiene então existentes fossem inadequadas e preferiam criar explicações astrológicas para os males que os afligiam.
c) estigmatizavam os portadores de doenças e os isolavam, ao contrario do que ocorre hoje, quando todos os doentes são aceitos no convívio social e recebem tratamento adequado.
d) eram marcados pelo imaginário cristão, que apresentava o mundo como um espaço de conflito ininterrupto entre forcas divinas e forcas demoníacas.
e) rejeitavam a medicina, pois a associavam a praticas mágicas e a curandeirismo, preferindo recorrer a exorcistas a aceitar os tratamentos prescritos nos hospitais.
13. "Desde cedo, aprendemos, em casa ou na escola, que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500. Esse fato constitui um dos episódios da expansão marítima portuguesa, iniciada em princípios do século XV. Para entendê-la, devemos começar pelas transformações ocorridas na Europa Ocidental, a partir de uma data situada em torno de 1150."
(Boris Fausto. História do Brasil)
Entre as transformações citadas no texto, e que se encontram entre as causas da expansão marítima européia no século XV, podemos, corretamente, citar:
a) o conflito religioso resultante da Reforma na Europa, o que fez com que missionários luteranos desembarcassem na América Ibérica, convertendo milhares de nativos a fé protestante, em detrimento do Catolicismo.
b) o estudo das atividades marítimas e técnicas de navegação desenvolvidas na Espanha medieval, principalmente em relação à exploração do litoral africano, o
que fez deste pais o pioneiro na navegação do Oceano Atlântico no século XV.
c) a precoce centralização do poder na Inglaterra garantida pela união da monarquia plantageneta com a rica burguesia comercial –, possibilitando, aos ingleses,investimentos na compra de navios portugueses entre os séculos XIII e XV.
d) a permanência do "espírito cruzadista" na Península Ibérica, o que fez com que Portugal e Espanha estivessem empenhados na luta contra os "infiéis" no
Oriente Médio, atrasando em dois séculos (XIV-XVI) a Expansão Marítima Ibérica.
e) a contradição entre o crescimento populacional nesse período e a baixa produção feudal, gerando a necessidade de se procurar novas áreas geográficas para exploração européia, aumentando, assim, a quantidade de recursos materiais e alimentícios na Europa.
14. "Mundo, famílias portuguesas, aventureiros de toda espécie , nobres, religiosos , degredados , prostitutas e marinheiros , deixavam para trás tudo o que se poderia relacionar com a dignidade . Não havia a bordo privacidade , nem garantia de integridade física – doenças , estupros , fome e sede eram riscos inerentes à viagem , sem contar o perigo de acidentes."
(RAMOS, Fábio Pestana . Os apuros de navegantes. História Viva, n. 68, p. 60 , jun. 2009)
O texto menciona aspectos curiosos e importantes da conquista européia da América . Sobre as viagens mencionadas no texto, podemos afirmar que:
a) as pessoas que aceitavam embarcar nos navios que partiam em direção ao Novo Mundo eram predominantemente miseráveis o que explica a pobreza da população nas colônias.
b) os escravos eram arregimentados na África para trabalhar nos navios que cruzavam os oceanos e para manter , dessa forma , um mínimo de organização e ordem a bordo .
c) as navegações ultramarinas , apesar de todos os inventos técnicos e da racionalidade que impulsionavam , tinha, caráter aventuresco e comportavam inúmeros riscos.
d) nobres e pobres misturavam-se nos navios , sem que houvesse qualquer distinção social , o que explica a democracia racial e social implantada nas terras conquistadas.
e) as mulheres da nobreza que atravessavam o Atlântico conheciam os perigos da viagem e, por isso, levavam armas para que pudessem se defender de ataques a bordo .
15. Considere o texto a seguir:
"Deus criou essas gentes infinitas, de todas as espécies, mui simples, sem finura, sem astúcia, sem malícia, mui obedientes e mui fiéis a seus Senhores naturais e aos espanhóis a que servem; mui humildes, mui pacientes,mui pacíficas e amantes da paz, sem contendas, sem perturbações, sem querelas, sem questões, sem ira, sem ódio e de forma alguma desejosos de vingança."
(LAS CASAS. Frei Bartolomeu de. O Paraíso Destruído. A sangrenta historia da conquista da América Espanhola. Porto Alegre: L&PM Editores S/A, 1996. p. 24.)
Frei Bartolomeu de Las Casas foi um importante observador e defensor das populações indígenas das terras recem-descobertas. Sobre esse período, séculos XVI e XVII, e sobre o texto e correto afirmar que na América espanhola,
a) empregou-se o sistema de capitanias hereditárias, que consistia em grandes extensões de terras entregues a particulares que se encarregariam de promover seu povoamento e de catequizar os povos indígenas que, segundo Las Casas, facilmente se converteriam.
b) adotou-se o sistema de sesmarias, lotes de terras que deveriam ser desenvolvidos economicamente pelos colonos espanhóis, e nessas terras trabalhariam os povos indígenas que, na visão de Las Casas, eram pecadores contumazes.
c) utilizou-se o sistema de governadores-gerais, escolhidos e nomeados diretamente pelo rei, e que deveria se incumbir da defesa militar contra os indígenas que, segundo Las Casas, eram responsáveis por atitudes violentas.
d) aplicou-se o sistema de mita, em que um grupo de ameríndios era entregue aos colonos espanhóis para construir moradias e igrejas, esses indígenas, apesar de serem violentos, aos olhos de Las Casas, davam bons trabalhadores.
e) usou-se o sistema da encomienda, em que o encomendero tornava-se beneficiário do trabalho forcado dos indígenas, em troca de, em principio, prestar assistência religiosa e material a esses nativos que, segundo Las Casas, eram desprovidos de todo pecado.
16. A denominada Sociedade do Antigo Regime, tipo de organização social peculiar a maior parte da Europa, na Idade Moderna, teve como característica jurídica principal:
a) A tributação exclusiva das camadas mais pobres, formadas por artesãos, servos e pequenos proprietários.
b) O principio da desigualdade, com o estabelecimento de direitos e privilégios de acordo com a posição social de seus membros, definida por nascimento.
c) O desenvolvimento de uma cultura correspondente aos valores da burguesia, que adaptou o poder, a arte, a ciência e a filosofia aos ideais de trabalho e geração de riquezas.
d) A monarquia absolutista, consolidada com base no poder econômico da alta burguesia, a adoção do parlamentarismo constitucional e a implementação dos
direitos fundamentais do cidadão.
e) A tolerância religiosa e a elaboração de leis que estabeleceram monarquias laicas que coibiram perseguições religiosas e políticas.
17. "Na Inglaterra, por volta de 1640, a monarquia dos Stuart era incapaz de continuar governando de maneira tradicional. Entre as forças sociais que não podiam mais ser contidas no velho quadro político, estavam aqueles que queriam obter dinheiro, como também aqueles que queriam adorar a Deus seguindo apenas suas próprias consciências, o que os levou a desafiar as instituições de uma sociedade hierarquicamente estratificada."
(Adaptado de Christopher Hill, "Uma revolução burguesa?". Revista
Brasileira de História, São Paulo, vol. 4, nº 7, 1984, p. 10.)
A Revolução Puritana representou:
a) O fim do Absolutismo na Inglaterra.
b) A vitória do Parlamento sobre a Monarquia.
c) A queda de Olíver Cromwell.
d) A implantação do Parlamentarismo.
e) A ascenção político - social dos Niveladores e Escavadores.
18. "Na França de Luís XIV, o Estado dinástico atingiu maturidade e começou a evidenciar algumas de suas características clássicas: burocracia centralizada ; proteção real para impor fidelidade; sistema de tributação universal, mas aplicado de maneira injusta; supressão da oposição política pelo uso do protecionismo ou, se necessário, da força e cultivo das artes e ciências como meio de aumentar o poderio e prestígios nacionais. Essas políticas permitiram à monarquia francesa alcançar estabilidade política, implantar um sistema uniforme de leis e canalizar a riqueza e os recursos nacionais a serviço do Estado como um todo."
(M. Perry, Civilização Ocidental)
O texto apresenta características importantes a respeito
do Antigo Regime (XV-XVIII). Dessa forma, é correto
afirmar que tal período foi marcado pela tríade:
a) Iluminismo-mercantilismo-sociedade estamental.
b) Absolutismo-liberalismo-sociedade estamental.
c) Absolutismo-mercantilismo-sociedade estamental.
d) Iluminismo-mercantilismo-sociedade sectária.
e) Absolutismo-capitalismo monopolista-sociedade esta -
mental.
19. "O Iluminismo é a saída do homem de um estado de menoridade que deve ser imputado a ele próprio. Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio intelecto sem a guia de outro. Imputável a si próprios é esta menoridade se a causa dela não depende de um defeito da Inteligência, mas da falta de decisão e da coragem de servir-se do próprio intelecto sem ser guiado por outro. Sapere aude! Tem a coragem de servires de tua própria inteligência!"
(Immanuel Kant, 1784.)
Esse texto do filosofo Kant é considerado uma das mais sintéticas e adequadas definições acerca do Iluminismo.
Não faz parte do ideário enciclopedista:
a) Racionalismo.
b) Hedonismo.
c) Deísmo.
d) Empirismo.
e) Mecanicismo.
20. O processo da emancipação das Treze Colônias Inglesas da América do Norte, na segunda metade do século XVIII, é denominado de Revolução Americana, pois:
a) representou o fim do pacto colonial naquela parte do continente americano, servindo de modelo para os demais processos emancipatórios americanos.
b) rompeu o Pacto Colonial mercantilista e criou uma sociedade liberal e
democrática para todos os setores sociais.
c) foi a primeira etapa das Revoluções Liberais que, a partir de então, iriam propagar-se somente na Europa.
d) assinalou o início de uma sociedade capitalista, baseada no trabalho
assalariado, livre das instituições feudais.
e) a ideologia de seus grandes líderes era a mesma que caracterizaria, pouco tempo depois,a Revolução Inglesa.
GABARITO: 1d, 2e, 3b, 4c, 5b, 6c, 7d, 8a, 9d, 10b, 11b, 12d, 13e, 14c, 15e, 16b, 17b, 18c, 19b e 20a.
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