Bruxelas nega estar a preparar resgate a Espanha, Itália e Chipre
Juros da dívida espanhola e italiana renovam máximos
À pressão dos mercados de dívida sobre as economias espanhola e italiana e aos avisos das agências de rating sobre as contas públicas do Chipre, a Comissão Europeia respondeu hoje negando que esteja em cima da mesa qualquer plano de resgate para estes três países da zona euro.
Por Pedro Crisóstomo
Para travar a especulação dos mercados de dívida secundários de Espanha e de Itália, cujos juros das obrigações continuavam hoje a subir em todos os principais prazos, Bruxelas reiterou a confiança nos governos destes dois países nas medidas que estão a tomar para controlar as contas públicas.
“A questão de um resgate não está certamente sobre a mesa, não é uma questão que foi discutida”, reforçou o porta-voz do comissário para o Mercado Interno, Chantal Hughes, dizendo que a Comissão está “absolutamente convencida” de que as autoridades de Madrid e de Roma estão a tomar “todas as medidas necessárias” em matéria orçamental.
Quanto ao Chipre, que entrou no radar das agências de rating com o início de uma crise política a adensar os receios da elevada exposição à economia grega, o porta-voz da Comissão disse igualmente estar fora de questão qualquer plano de assistência financeira. E voltou a insistir: as autoridades nacionais estão determinadas “em matéria de consolidação orçamental”.
Nem o acordo alcançado pelos líderes europeus há duas semanas em Bruxelas para travar o contágio da crise grega as economias espanhola e italiana, nem os sinais enviados pelos executivos de José Luis Zapatero e Silvio Berlusconi conseguiram acalmar os mercados de recompra de dívida soberana. Itália bateu hoje um recorde nas taxas de juro das Obrigações do Tesouro (OT) a dez anos (o prazo de referência nos mercados secundários), para 6,132 por cento ao início da tarde. É um nível que caminha para o patamar idêntico ao que, a pouco e pouco, empurrou as economias grega, irlandesa e portuguesa para um pedido de assistência externa à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
As agências internacionais escrevem hoje que a pressão sobre Itália – a terceira maior economia da eurolândia – obrigou o comité de estabilidade financeira do país a reagir de urgência, convocando para esta tarde uma reunião entre responsáveis económicos ao mais alto nível.
Zapatero adia férias
O Governo espanhol, a quem o FMI ainda na sexta-feira recomendou mais medidas de austeridade para reduzir o défice, atirou aos mercados um sinal de compromisso com as metas acordadas com Bruxelas. Zapatero, o presidente do Governo, decidiu adiar as suas férias “para seguir de perto a evolução dos indicadores económicos” e acompanhar a evolução dos mercados, cita o diário El País. Nada que tenha servido de travão à escalada dos juros.
Hoje, a taxa na maturidade a dez anos estava próxima do recorde de 6,356 por cento atingido dias antes de a zona euro acordar um novo pacote financeiro para a Grécia. Segundo dados do terminal da Reuters (a fonte do PÚBLICO), as OT neste prazo seguiam nos 6,327 por cento. A cinco, três e dois anos, a escalada acentuava a trajectória em direcção aos máximos de 18 de Julho. Mas a subida mais notória sentiu-se no prazo mais curto – a um ano –, onde os juros chegaram a um máximo de 4,139 por cento.
A atenção dos mercados sobre Espanha intensificou-se a partir do momento em que Portugal pediu assistência externa à União Europeia e agravou-se com os receios de contágio da crise da dívida soberana na Grécia enquanto a zona euro adiava uma solução de resgate suplementar.
Em nome da Comissão, Chantal Hughes afastou ainda os rumores surgidos nos últimos dias dando conta de que alguns países pudessem ficar de fora das contribuições dos Estados-membros da zona euro para o plano de assistência à Grécia. Espanha e Itália, garantiu, “estão empenhadas em pagar a próxima tranche de ajuda”.
(http://economia.publico.pt/)
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