quinta-feira, 31 de março de 2011

TEM QUE RIR PARA NÃO CHORAR

 Um casal morava no interior, tinham duas filhas, izabel e albertina. O apelido delas era Bel e Berta. Um cumpadre foi visitar e notou a falta de uma das filhas e perguntou:
- Ué cumpadre você não tinha duas filhas?
- E tenho, é que a BEL casou e ficou a BERTA.

quarta-feira, 30 de março de 2011

terça-feira, 29 de março de 2011

ANA, ERA UMA VEZ...

A Galinha Ruiva

Um dia uma galinha ruiva encontrou um grão de trigo.
- Quem me ajuda a plantar este trigo? - perguntou aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu planto sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez. Logo o trigo começou a brotar e as folhinhas, bem verdinhas, a despontar. O sol brilhou, a chuva caiu e o trigo cresceu e cresceu, até ficar bem alto e maduro.

- Quem me ajuda a colher o trigo? - perguntou a galinha aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu colho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez.

- Quem me ajuda a debulhar o trigo? - perguntou a galinha aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu debulho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez.

- Quem me ajuda a levar o trigo ao moinho? - perguntou a galinha aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu levo sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez. Quando, mais tarde, voltou com a farinha, perguntou:

- Quem me ajuda a assar essa farinha?
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu asso sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
A galinha ruiva assou a farinha e com ela fez um lindo pão.

- Quem quer comer esse pão? - perguntou a galinha.
- Eu quero - disse o cão.
- Eu quero - disse o gato.
- Eu quero - disse o porquinho.
- Eu quero - disse o peru.
- Isso é que não! Sou eu quem vai comer esse pão! - disse a galinha. - Cocoricó.
E foi isso mesmo que ela fez.

Se queremos dividir a recompensa, devemos compartilhar o trabalho.
(www.metaforas.com.br)

segunda-feira, 28 de março de 2011

REVISÃOZÃO: ANTIGUIDADE CLÁSSICA.

CIVILIZAÇÃO GREGA
Situada na Península Balcânica, nunca atingiu o status de reino unificado, graças às divisões internas em Cidades-estado que guerreavam constantemente entre si (Pólis). Apresenta território banhado pelo mar Egeu e pelo mar Jônico. Por ter um território marcadamente montanhoso, a agricultura tornou-se inviável voltando-se os gregos para o comércio.

Período Pré-Homérico (2500-1100 a.C.): Período anterior à formação do povo grego, ou Grécia Primitiva. Na região, ocupada pela população autóctona (originária da própria região), desenvolveu-se a civilização creto-micênica, cujos centros eram a cidade de Micenas e a ilha de Creta. A partir do século XX a.C., sucessivas invasões de tribos nômades abalaram o vigor cultural creto-micênico. Aqueus, jônios, eólios e dórios saquearam e destruíram a região e formaram, pela mistura racial e cultural, o povo grego. O primeiro grupo a chegar à Grécia foram os aqueus.

Período Homérico (1100-800 a.C.): Fase retratada pelos poemas de Homero, Ilíada e Odisséia. Marca a invasão dos Dórios, que formarão Esparta e destruirão Micenas, fazendo com que a vida urbana praticamente desaparecesse. A população retornou para um tipo de vida mais primitivo, voltando a se organizar em pequenas comunidades, cuja célula básica era a grande família ou gens. A autoridade máxima era representada pelo “pater”, e os bens de produção e trabalho eram coletivos. Vários clãs, ou gens, formavam uma fratria; várias fratrias uma tribo. Não havia propriedade privada e todos os membros tinham direitos iguais. A posição social dependia do grau de parentesco com o pater-família.

Período Arcaico (800-500 a.C.): Fase da formação das cidades-estados (pólis). Graças ao crescimento populacional, que não foi acompanhado pelo crescimento da produção, e graças à tendência dos gens a se dividirem em pequenas famílias, a sociedade coletiva foi desestruturando-se. Iniciou o aparecimento do individualismo e da propriedade privada. Os parentes mais próximos dos “paters” foram favorecidos, recebendo as terras anteriormente comunitárias. Formou-se a classe dos grandes proprietários: a aristocracia. A pólis se caracteriza pela independência, pela auto-suficiência econômica e pelo culto local. O líder da sociedade passou a ser o eupátrida (filho do pai).
Formaram-se aproximadamente duas centenas de cidades, com um desenvolvimento histórico diferente. As duas principais foram Atenas (fundada pelos Jônios) e Esparta (fundada pelos Dórios). A nobreza de nascimento, mas sem bens, assim como os pequenos proprietários empobrecidos passaram a buscar a colonização de novas terras. Essa dispersão originou novas cidades, como Marselha e Bizâncio. Juntamente ao expansionismo grego, com a formação de novas colônias, havia também o aumento do escravismo até o ponto de ser o escravo a base da estruturação grega. A ampliação das camadas médias (demiurgos) e do escravismo, provocou a contestação ao poder da aristocracia, originando conflitos sociais e políticos que caracterizaram a passagem do período arcaico para o clássico.

Período Clássico (500-338 a.C.): Fase correspondente ao apogeu da civilização grega, com a disputa entre Atenas e Esparta, e de ambas contra a Pérsia.
Esparta: Localizada numa região chamada Lacônia, voltou-se para a guerra. Possuía uma organização militarista e aristocrática. Predominava uma economia agrícola, sem incentivos para o comércio. Era uma cidade totalmente dependente do escravismo e que aboliu a propriedade familiar para, em seu lugar, construir uma sociedade de classes, com todo o poder para os espartanos. A família era monogâmica e patriarcal. O Estado estava acima do cidadão, e era obrigação dos casais gerar filhos saudáveis para o Estado. Os Espartanos viviam uma vida simples, privados de luxos. Embora os espartanos fossem os únicos que tinham cidadania, o poder efetivo ficava nas mãos dos idosos (gerontocracia). A legislação foi atribuída a Licurgo.
Atenas: Localizada na Península Ática, foi notável pela democracia. Embora, a partir de Clístenes, tenha implantado a democracia, os direitos políticos ficavam restritos aos atenienses (adultos, filhos de pais e mães atenienses), proprietários das melhores terras. Estavam excluídos os estrangeiros e as mulheres.
A política ateniense evoluiu em cinco estágios: a realiza (período inicial, na qual Atenas foi governada por basileus – reis, apoiados pelos eupátridas), a oligarquia (domínio da sociedade pelos aristocratas, a partir da elaboração de um Estado protetor dos direitos dos aristocratas - Dracon), a plutocracia (surgiu das mudanças impostas pelo legislador Sólon, que acabou com a escravidão por dívidas e dividiu a sociedade censitariamente, combatendo o poder dos eupátridas), a tirania (período de domínio pelos tiranos ou ditadores, que legitimavam-se pela força), e a democracia (surge da reestruturação imposta por Clístenes, o “pai da democracia”, e da consolidação da democracia por Péricles, que garante a participação de todos os cidadãos nos negócios públicos).

As Guerras Médicas (490-448 a.C.):
- Gregos X persas (medos).
- Motivo: o avanço do imperialismo persa.
- Tratado de Susa (Paz de Calias ou Paz de Címon): fim do conflito, com a vitória grega.

A Guerra do Peloponeso (Esparta X Atenas):
- Atenas (Confederação de Delos) X Esparta (Liga do Peloponeso)
- Motivos: o imperialismo ateniense e as diferenças políticas e culturais entre Atenas e Esparta.
- Vitória de Esparta na Batalha de Égos Potamos.
- Esparta foi derrotada por Tebas na Batalha de Leutras: início do imperialismo tebano.

Declínio da Grécia:
- Motivos: as constantes guerras entre as pólis e a falta de unidade grega.
- Em 338 a.C., o território grego é conquistado pelos macedônios de Filipe II.
- Com a morte de Filipe II, assume o poder seu filho, Alexandre Magno.

Período Helenístico:
- Alexandre Magno: Expansionismo militar e territorial, incremento do comércio internacional, fundação de Alexandria e formação da cultura helenística, fruto da fusão da cultura grega com a cultura oriental.

Influências Culturais Gregas:
Democracia: práticas republicanas e participativas de poder.
Concepções de beleza, equilíbrio e harmonia.
Racionalismo, humanismo e antropocentrismo.
Filosofia: Sócrates, Platão e Aristóteles.
Matemática (Tales de Mileto), medicina (Hipócrates), química, Biologia e História (Heródoto e Tucídides).
Produção teatral, com o teatro ao ar livre. Destaques: Sófocles e Eurípedes.
Religião politeísta e sem dogmas. Havia o forte culto doméstico.
Estilos arquitetônicos: dórico, jônico e coríntio.

CIVILIZAÇÃO ROMANA
A civilização romana, ao contrário de outras civilizações anteriores, desenvolveu-se numa região de solo fértil e litoral pouco recortado, localizada na Península Itálica. Assim como na Grécia, na Península Itálica, os primeiros tipos de organização política foram as cidades-estado.
Origem de Roma:
Lendária: Rômulo e Remo (753 a.C.)
Histórica: Roma foi fundada como um forte (fortaleza) pelos latinos para se defenderem dos ataques etruscos (1000 a.C.): região do Lácio.
Os povos mais significativos na formação de Roma são os latinos, os sabinos e os etruscos.

Evolução Política de Roma:
Monarquia (753 a 509 a.C.).
República (509 a 27 a.C.).
Império (27 a.C. a 476 d.C.).

A Monarquia Romana:
Economia: agrária de subsistência.
Classes sociais: Patrícios (cidadãos de Roma possuidores de terras e gado – aristocracia), plebeus (livres, embora não participassem do Senado nem pudessem formar famílias legalmente reconhecidas – representavam a maioria da população), clientes (plebeus que viviam agregados às famílias patrícias) e escravos (população recrutada entre os derrotados de guerra, não possuíam qualquer direito político).
Reis acumulavam as funções executiva, judicial e religiosa, embora com poderes limitados pelo Senado ou Conselho dos Anciãos (possuíam direito de veto e sanção das leis apresentadas pelo rei). A ratificação das leis era feita pela Assembléia ou Cúria, composta por todos os cidadãos em idade militar.

O Golpe dos Patrícios (509 a.C.):
Os patrícios, através do Senado, derrubaram o último rei de Roma, o etrusco Tarqüínio, o Soberbo. O movito para o golpe dos patrícios foi o absolutismo real, já que os Etruscos que ocupavam o poder buscavam anular as limitações impostas pelos conselhos ao poder do rei.

A República (509 a.C. – 27 d.C.):
A República, na verdade, foi uma aristocracia exercida pelos patrícios.
As instituições republicanas foram os Cônsules (chefes da República, em número de dois, eleitos anualmente – escolhidos entre os patrícios), o Senado (órgão máximo, controlava toda a administração, as finanças e decidia pela guerra ou pela paz – também era composto por patrícios), os pretores (encarregados da aplicação da justiça), os censores (responsáveis pelo censo da população e vigilância dos costumes), os questores (responsáveis pelas finanças), os edis (responsáveis pela administração pública), os ditadores (governavam com plenos poderes por seis meses, em caso de graves crises) e as Assembléias Populares (Assembléia Centurial – votos, Assembléia Cural – assuntos religiosos, e Assembléia Tribal – escolhia questores e edis).
Com o expansionismo romano através de guerras, os patrícios passaram a acumular terras, riquezas e escravos. Os plebeus, marginalizados, passaram a fazer reivindicações, pois integravam o exército, pagavam impostos, garantiam a segurança de Roma, mas não possuíam direito algum. Os plebeus realizaram diversas manifestações, conseguindo direitos fundamentais como:
Tribuno da Plebe: vetar leis que prejudicassem os plebeus, conhecida como assembléia centuriata.
Lei das Doze Tábuas: leis escritas que limitaram as arbitrariedades.
Lei Canuléia: possibilidade de casamento entre plebeus e patrícios.
Eleição dos magistrados plebeus: inclusive cônsul.
Lei Licínia-Sêxtia: proibição da escravidão por dívida. Depois, a escravidão de romanos foi proibida.

O Expansionismo Romano: Primeiramente, houve a conquista da Península Itálica (vitória sobre os etruscos, os gregos e os gauleses), buscando obter alimentos e defesa. Logo depois, voltou-se Roma para a conquista do Mediterrâneo. Enfrentou Roma, então, Cartago, colônia fenícia que resistiu à queda do Império Fenício, tornando-se uma potência comercial no Mediterrâneo. Essa disputa militar contra Cartago recebeu o nome de Guerras Púnicas, e o motivo principal foi a disputa pelo controle comercial do Mediterrâneo. Estes conflitos foram vencidos por Roma, que destruiu Cartago. Como conseqüência, Roma dominou o Mediterrâneo. Em seguida, Roma conquistou o Mediterrâneo Oriental: Macedônia, Grécia, Egito, Ásia Menor, Síria.
Com as conquistas, houve um grande afluxo de riquezas para Roma. A agricultura entrou em crise pela concorrência com os produtos das regiões dominadas. Os pequenos proprietários se arruinaram e venderam suas terras a preços muito baixos para os patrícios, que formaram latifúndios. Os plebeus, expulsos da terra, não conseguiam empregos nos centros urbanos pela concorrência com os escravos. O Estado, para evitar conflitos, iniciou a política do pão e circo, com a distribuição de trigo e o oferecimento de espetáculos circenses gratuitos. A República padece, com a corrupção e a exclusão.

As Ditaduras dos Generais Políticos:
A luta civil desencadeou-se em Roma numa guerra entre dois generais, Mário e Sila, pelo poder. Ambos eram Cônsules. Mário implantou uma ditadura com o apoio do Exército e realizou reformas em favor das camadas populares, além de instituir o soldo para os soldados, profissionalizando o exército. O general Sila, conservador, estabeleceu, logo em seguida, outra ditadura militar, restabelecendo os privilégios da aristocracia, combatendo violentamente as reivindicações populares e agravando a situação social.

Os Triunviratos:
Os triunviratos foram acordos entre políticos e generais para controlar o poder. O primeiro triunvirato foi formado pelos cônsules Pompeu, Júlio César e Crasso. Após a morte de Crasso, rivalizam Júlio César e Pompeu. Júlio César sagrou-se vencedor, iniciando sua ditadura pessoa, com a realização de reformas populares que sofreram a oposição do Senado. Acabou por ser assassinado por uma conspiração promovida pelo Senado.
O segundo Triunvirato foi formado pelos cônsules Marco Antônio, Otávio e Lépido. Otávio afastou Lépido e declarou guerra a Marco Antônio, vencendo-o no Egito. Otávio conquistou os soldados com presentes e o povo com distribuição de trigo. Recebeu do Senado vários títulos: princeps (primeiro cidadão), imperator (o supremo) e augustus (o divino). O triunfo de Otávio assinalou o fim da República e o nascimento do Império Romano.

O Alto Império Romano:
Perseguição aos cristãos (martírio) - motivos: os cristãos não aceitavam o politeísmo nem o caráter divino do imperador.
O caráter pacifista e universalista do cristianismo chocou-se com o militarismo e o escravismo do Império romano.

O Baixo Império Romano:
Marca o inicio da crise do Império Romano.
 Tentativas de Reformas
Diocleciano:
Edito do Máximo: tabelava os preços máximos para produtos e salários. Não funcionou.
Tetrarquia: dividiu o governo do império entre quatro pessoas para facilitar a administração.

Constantino:
fundação de Constantinopla: proteção do Oriente.
Edito de Milão: legalizou o cristianismo.
Lei do Colonato: obrigatoriedade de fixação do colono à terra (vila) que trabalhava.

Teodósio:
Edito de Tessalônica: oficializou o cristianismo.
Divisão do Império Romano: Império Romano do Ocidente (capital Roma) e Império Romano de Oriente (capital Constantinopla).

 Decadência do Império Romano:
Esgotamento do modo de produção escravista gera a crise econômica, com a falta de braços na agricultura e na mineração.
A extensão do Império gera a necessidade do aumento abusivo dos impostos, o que gera revoltas e insubordinações. Os mercados se retraem e declina a produção.
A volta para uma economia rural de subsistência: inicia uma fuga para os campos, buscando fugir dos impostos e da crise. Os grandes proprietários rurais, em suas vilas, buscam a auto-suficiência, estabelecendo as origens do feudalismo.
A retração do comércio e da vida econômica logo se reflete na queda da arrecadação de Impostos, privando o Estado Imperial dos recursos para a manutenção do Exército e da burocracia. A anarquia militar e o enfraquecimento do poder central aceleram o processo de fragmentação política.
A ascensão do cristianismo e o aumento da influência da Igreja retira a necessária violência da sociedade romana, sendo a mensagem de pacifismo pregada pela Igreja um veneno ante a sede de invasão dos bárbaros.
As invasões bárbaras.

Queda de Roma: Em 476, os hérulos, invadiram a cidade de Roma e derrubaram o último imperador romano, Rômulo Augusto. O Império Romano do Oriente duraria até meados do século XV. O Império Oriental, chamado Bizantino, extinguiu-se em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos.

Influências Culturais Romanas:
A cultura romana não possuiu a grandiosidade grega, voltando-se para as necessidades práticas. A necessidade de glorificação do Estado esteve presente de forma onipresente nas artes.
O Direito Romano visava regulamentar a vida do cidadão romano estabelecendo seus direitos e deveres diante do Estado. Foi o mais significativo legado romano.
Na religião, primitivamente foram politeístas, com cultos públicos e domésticos que sofriam a influência grega. A partir do Edito de Milão, estabeleceu-se o catolicismo como religião oficial romana, vindo daí a estruturação da Igreja Católica e a construção do culto a Jesus Cristo.

domingo, 27 de março de 2011

PENSANDO NUMA BOA SEMANA

"Um grande erro: crer-se mais importante do que se é e estimar-se menos do que se vale."
(Johann Wolfgang von Goethe)

sábado, 26 de março de 2011

PHISOLOFANDO

As Meditações de Descartes
(Rosana Madjarof)
A Dúvida, Exercício Espiritual
1. Meditação - Descartes resolve duvidar de todas as suas opiniões:
Mas não basta ter feito essas observações, é preciso ainda que eu cuide de não me esquecer delas; pois essas antigas e comuns opiniões freqüentemente revivem em meu pensamento, a longa e familiar convivência que tiveram comigo, o que lhes dá o direito de ocupar o meu espírito sem que eu o queira e de quase se tornarem senhoras de minha crença. E nunca me desacostumarei a essa aquiescência e a confiar nelas, enquanto eu as considerar tais como efetivamente são, isto é, de certo modo duvidosas, como acabei de provar, e, no entanto, muito prováveis, de maneira que se tenha mais razão em acreditar nelas do que em negá-las. Eis por que penso que as utilizarei mais prudentemente se, tomando um partido contrário, empregar todos os esforços no sentido de enganar-me a mim mesmo, fingindo que todos esses pensamentos são falsos e imaginários; até que, tendo de tal modo avaliado meus preconceitos, eles não possam fazer com que minha opinião tenda mais para um lado do que para outro, e meu julgamento não mais seja, daqui por diante, dominado por maus usos e afastado do caminho reto que o pode conduzir ao conhecimento da verdade. Pois estou certo de que, no entanto, não pode haver perigo nem erro nesse caminho e de que eu hoje não poderia conceder muito à minha desconfiança, uma vez que, no momento, não se trata d agir, mas somente de meditar e de conhecer.

Suporei, então, que há, não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou toda sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons, e todas as coisas exteriores que vemos não passam de ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo como não tendo mãos, nem olhos, nem carne, nem sangue, como não tendo nenhum dos sentidos, mas acreditando falsamente possuir todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse pensamento; e, se por esse medo, não estiver em meu poder atingir o conhecimento, de nenhuma verdade, pelo menos estará em meu poder fazer a suspensão de meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito em face de todos os ardis desse grande enganador que, por mais poderoso e astucioso que seja, nunca poderá impor-me coisa alguma.

Mas esse desígnio é árduo e trabalhoso, e certa preguiça arrasta-me insensivelmente para o ritmo de minha vida comum. E, exatamente como o escravo que se comprazia no sonho de uma liberdade imaginaria e que, quando começa a suspeitar que essa liberdade é apenas um sonho, teme ser despertado e conspira com essas agradáveis ilusões para ser mais longamente enganado, assim eu, por mim mesmo, retorno invisivelmente às minhas antigas opiniões e receio despertar dessa sonolência, temendo que as vigílias laboriosas que se sucederiam à tranqüilidade de tal repouso, ao invés de propiciarem alguma luz ou alguma clareza no conhecimento da verdade, não fossem suficientes para aclarar as trevas das dificuldades que acabam de ser tratadas.

Eu Sou Uma Coisa Que Pensa
2. Meditação
Eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, corpos alguns; também não me persuadi de que eu não existia? É certo que não, eu existia sem dúvida, se é que me persuadi ou somente pensei alguma coisa. Mas há um não sei quem, enganador muito poderoso e astucioso, que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Por conseguinte, não há a menor dúvida de que sou, se ele me engana; e, por mais que ele queira enganar-me, nunca poderá fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De maneira que, após ter pensado bastante nisto e ter cuidadosamente examinado todas as coisas, há que concluir finalmente e ter por constante que esta proposição, "Eu sou, eu existo" , é necessariamente verdadeira, todas as vezes em que a enuncio ou em que a concebo em meu espírito.

Mas ainda não conheço bastante o que sou, eu, que estou certo de que sou; de maneira que, de agora em diante, é preciso que eu atente cuidadosamente, para não tomar imprudentemente alguma outra coisa por mim e assim não me equivocar nesse conhecimento que sustento ser mais certo e mais evidente do que todos os que tive até o momento.

Eis por que considerarei de novo o que acreditava ser, antes de penetrar nesses últimos pensamentos; e de minhas antigas opiniões abolirei tudo o que pode ser combatido pelas razões que há pouco aleguei, de maneira a só permanecer precisamente o que é inteiramente indubitável. Por conseguinte, que é que eu acreditava ser até aqui? Sem dificuldade, eu pensei que era um homem. Mas que é um homem? Direi que é um animal racional? Não, certamente; pois seria necessário que em seguida pesquisasse o que é animal e o que é racional e assim, de uma só questão, cairíamos insensivelmente numa infinidade de outras mais difíceis e embaraçosas, e eu não gostaria de abusar do pouco tempo e do lazer que me resta, empregando-o em desvendar semelhantes sutilezas.

Mas, antes, deter-me-ei em considerar aqui os pensamentos que anteriormente nasciam por si mesmos em meu espírito e que eram inspirados apenas por minha natureza quando eu me empenhava na consideração de meu ser. Considerava-me, primeiramente, como tendo um rosto, mãos, braços e toda essa máquina composta de osso e carne, tal como ela aparece num cadáver e a qual eu designava pelo nome de corpo. Por outro lado, considerava que eu me alimentava, que andava, que sentia e que pensava, relacionando todas essas ações à alma; mas não me detinha em pensar o que era essa alma ou, então, se aí me demorava, imaginava que ela era algo de extremamente raro e sutil, como um vento, uma chama ou um ar muito tênue, que estava insinuado e disseminado nas minhas partes mais grosseiras. No que se referia ao corpo, eu não duvidava de modo algum de sua natureza; pois eu pensava conhecê-la mui distintamente e, se quisesse explicá-la segundo as noções que tinha dela, tê-la-ia descrito da seguinte maneira: por corpo, entendo tudo o que pode ser limitado por alguma figura; que pode ser compreendido em qualquer lugar e preencher um espaço de tal maneira que todo outro corpo seja dela excluído; que pode ser sentido pelo tato, ou pela visão, ou pela audição, ou pelo paladar, ou pelo olfato; que pode ser movido por diversas maneiras, não por si mesmo, mas por algo alheio pelo qual seja tocado e do qual se pudesse atribuir à natureza corpórea vantagens como a de ter o poder de mover-se a si própria; ao contrário, espantava-me antes ao ver que semelhantes faculdades se encontravam em certos corpos.

Mas eu, que sou eu, agora que suponho que há alguém que é extremamente poderoso e, se ouso dize-lo, malicioso e astucioso, que emprega todas as suas forças e toda a sua indústria em enganar-me? Poderei ter a certeza de possuir a menor de todas as coisas que acima atribuí à natureza corpórea? Detenho-me a pensar nisso em meu espírito, e não encontro nenhuma que possa dizer que existe em mim. Não é necessário que me demore a enumerá-las. Por conseguinte, passemos aos atributos da alma e vejamos se há alguns que existam em mim. Os primeiros são alimentar-me e andar; mas se é verdade que não tenho corpo algum, também é verdade que não posso andar nem me alimentar. Um outro é sentir; mas não se pode sentir também sem o corpo; além disso, outrora eu pensei sentir várias coisas durante o sono e verifiquei, ao despertar, que não as sentira efetivamente. Um outro é pensar; e constato aqui que o pensamento é um atributo que me pertence; somente ele não pode ser separado de mim. Eu sou, eu existo; isso é certo; mas por quanto tempo? A saber, por todo o tempo em que eu penso; pois poderia ocorrer que, se eu deixasse de pensar, eu deixaria ao mesmo tempo de ser ou de existir. Agora eu nada admito que não seja necessariamente verdadeiro: portanto, eu não sou, precisamente falando, senão uma coisa que pensa, isto é, um espírito, um entendimento ou uma razão, que são termos cuja significação me era desconhecida anteriormente. Ora, eu sou uma coisa verdadeira e verdadeiramente existente; mas que coisa? Já o disse: uma coisa que pensa. E que mais? Excitarei ainda minha imaginação, para verificar ainda se não sou algo mais. Eu não sou essa reunião de membros que se chama corpo humano; não sou um ar tênue e penetrante, disseminado por todos esses membros; não sou um vento, um sopro, um vapor nem nada que possa fingir e imaginar, uma vez que supus que tudo isso não era nada e que, sem modificar tal suposição, constato que não deixo de estar certo de que sou alguma coisa.

Pedaço de Cera
3. Meditação
Comecemos pelas considerações das coisas mais comuns e que julgamos compreender mais distintamente, e saber, os corpos que tocamos e que vemos. Não pretendo falar dos corpos em geral, uma vez que essas noções gerais comumente são mais confusas, mas de qualquer corpo em particular. Tomemos, por exemplo, este pedaço de cera que acaba de ser tirado da colmeia: ele ainda não perdeu a doçura do mel que continha, ainda retém algo do odor das flores de que foi recolhido; sua cor, sua figura e sua grandeza são evidentes: ele é duro e frio quando o tocamos e, se nele batermos, produzirá algum som. Enfim, todas as coisas que podem distintamente fazer conhecer um corpo, encontram-se neste.

Mas eis que, enquanto falo, alguém o aproxima do fogo: o que nele restava de sabor, exala-se, o odor se desvanece, sua cor se modifica, sua figura se perde, sua grandeza aumenta, ele se torna líquido, esquenta-se, mal podemos tocá-lo, e, ainda que batamos nele, não produzirá som algum. A mesma cera permanece após essa transformação? Cumpre confessar que sim; e ninguém o pode negar. Que é, então, que conhecíamos nesse pedaço de cera com tanta distinção? Certamente não pode ser nada do que observei nela por intermédio dos sentidos, uma vez que todas as coisas que se apresentavam ao paladar, ou ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição se encontram modificadas e, no entanto, a mesma cera permanece. Talvez fosse o que penso a atualmente, a saber, que a cera não era essa doçura do mel, nem esse agradável perfume das flores, nem essa brancura, nem essa figura, nem esse som, mas apenas um corpo que, pouco antes, se apresentava sob essas formas e que agora se faz notar sob outras. Mas o que será, precisamente falando, que eu imagino quando a concebo dessa maneira? Consideremo-la atentamente e, afastando todas as coisas que não pertencem à cera, vejamos o que resta. É certo que não permanece senão algo de extenso, de flexível e mutável. Ora, que é isso: flexível e mutável? Não estarei imaginando que esta cera, sendo redonda, é capaz de se tornar quadrada e de passar do quadrado para uma figura triangular? É certo que não, não é isso, uma vez que a concebo capaz de receber uma infinidade de transformações semelhantes e, no entanto, eu não poderia percorrer essa infinidade com minha imaginação e, consequentemente, essa concepção que tenho da cera não se realiza pela faculdade de imaginar.

E, agora, que é essa extensão? Não será também desconhecida, visto que na cera que se funde ela aumenta e fica ainda maior quando aquela está inteiramente fundida e muito mais ainda quando o calor aumenta mais? E eu não conceberia claramente, e segundo a verdade, o que é a cera; se não pensasse que é capaz de receber mais variedades segundo a extensão do que nunca imaginei. Por conseguinte, é preciso que eu concorde que não poderia mesmo conceber pela imaginação o que é essa cera, e que só meu entendimento é quem o concebe.

A Liberdade
4. Meditação
O que existe unicamente é a vontade que sinto ser tão grande em mim, que não concebo de modo algum a idéia de nenhuma outra mais ampla e mais extensa: de maneira que é ela, principalmente que me faz conhecer que trago a imagem e a semelhança de Deus. Pois, ainda que ela seja incomparavelmente maior em Deus do que em mim, seja em virtude do conhecimento e do poder - que, encontrando-se juntos aí, a tornam mais firme e mais eficaz - seja em virtude do objeto, na medida em que ela se dirige e se estende infinitamente a mais coisas; ela não me parece todavia maior se eu a considero formal e precisamente em si mesma. Pois ela consiste somente em que podemos fazer uma coisa ou deixar de fazê-la (isto é, afirmar ou negar, perseguir ou fugir), ou, antes, somente em que, para afirmar ou negar, perseguir ou fugir as coisas que o entendimento nos propõe, agimos de tal modo que não sentimos de maneira alguma força exterior que nos obrigue a isso.

Pois, para que eu seja livre, não é necessário que eu seja indiferente na escolha de um ou outro dos dois contrários; mas, antes, quanto mais eu tender para um, seja porque eu conheça evidentemente que o bem e o verdadeiro aí se encontram, seja porque Deus disponha assim o interior do meu pensamento, tanto mais livremente o escolherei e o abraçarei. É certo que a graça divina e o conhecimento natural, bem longe de diminuírem minha vontade, antes a aumentam e a fortalecem. De modo que essa indiferença que sinto, quando não sou de maneira alguma impelido mais para um lado do que para outro pelo peso de alguma razão, é o mais baixo grau de liberdade, e faz antes parecer uma carência de conhecimento do que uma perfeição na vontade; pois, se eu sempre conhecesse claramente o que é verdadeiro e o que é bom, nunca teria dificuldade em deliberar qual juízo e qual escolha deveria fazer; e, assim, eu seria inteiramente livre, sem nunca ser indiferente.

O Argumento Ontológico
5. Meditação
Ora, agora, se do simples fato de que posso tirar de meu pensamento a idéia de alguma coisa, segue-se que tudo o que eu reconheço pertencer clara e distintamente a essa coisa, pertence-lhe efetivamente, não posso tirar daí um argumento e uma prova demonstrativa da existência de Deus? É certo que não encontro menos em mim sua, isto é, a idéia de um ser soberanamente perfeito, do que a idéia de qualquer figura ou de qualquer número que seja. E não conheço menos clara e distintamente que uma atual e eterna existência pertence à sua natureza do que conheço que tudo o que posso demonstrar de qualquer figura ou de qualquer número pertence verdadeiramente à natureza dessa figura ou desse número. E, portanto, ainda o que tudo que concluí nas Meditações precedentes não fosse absolutamente verdadeiro, a existência de Deus deve apresentar-se em meu espírito pelo menos como tão certa quanto considerei até aqui todas as verdades da matemática, que só dizem respeito aos números e às figuras: se bem que, na verdade, isso, de início, não pareça inteiramente manifesto, que se afigure com alguma aparência de sofisma. Pois, estando habituado em todas as outras coisas a fazer distinção entre existência e essência, persuado-me facilmente de que a existência pode ser separada da essência de Deus e que, assim, se possa conceber Deus como não existindo atualmente. Todavia, quando penso nisso com mais atenção, verifico claramente que a existência não pode ser separada da essência de um triângulo retilíneo não pode ser separada a grandeza de seus três ângulos iguais a dois retos ou, da idéia de uma montanha, a idéia de um vale; de maneira que não há menos repugnância em conceber um Deus (isto é, um ser soberanamente perfeito) ao qual falta a existência (isto é, ao qual falta alguma perfeição) do que em conceber uma montanha que não tenha um vale.

Mas, ainda que efetivamente eu não possa conceber um Deus sem existência, assim como uma montanha sem vale, todavia, como do simples fato de eu conceber uma montanha com um vale não se segue que haja qualquer montanha no mundo, do mesmo modo, embora eu conceba Deus com existência, parece que isso não implica em que haja algum Deus existente; pois, meu pensamento não impõe necessidade alguma às coisas; e como só depende de mim imaginar um cavalo alado, embora não exista nenhum dotado de asas, assim eu talvez pudesse atribuir existência a Deus, ainda que Deus nenhum existisse. Mas não é assim, pois aqui há um sofisma escondido sob a aparência dessa objeção; pois, do fato de eu não poder conceber uma montanha sem vale, não se segue que haja no mundo montanha alguma, nem vale algum, mas apenas que a montanha e o vale, quer existam, quer não existam, não podem, de maneira alguma, estar separados um do outro; ao passo que, do simples fato de eu não poder conceber Deus sem existência, segue-se que a existência lhe é inseparável, e que, portanto, ele existe verdadeiramente; não que meu pensamento possa fazer com que isso seja assim e que ele imponha alguma necessidade às coisas; mas, ao contrário, porque a própria coisa, a saber, a existência de Deus, determina meu pensamento a concebê-lo dessa maneira. Pois, não está em minha liberdade conceber um Deus sem existência (isto é, um ser soberanamente perfeito sem uma soberana perfeição), como me é dada a liberdade de imaginar um cavalo com ou sem asas.
(www.mundodosfilosofos.com.br)

sexta-feira, 25 de março de 2011

É. PODE SER...

Lei da Ficha Limpa - A decepção
(Percival Puggina)
A imensa maioria da sociedade ficou "de cara" com a decisão do STF que postergou para 2012 a vigência da Lei da Ficha Limpa. Já encontrei gente convencida de que o artigo 16 da Constituição federal foi uma artimanha concebida com a finalidade de beneficiar políticos desonestos.
O referido preceito, com a redação que ganhou em 1997, diz assim: “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Não é preciso conhecer a história do Brasil na segunda metade do século passado para saber-se o que motivou tal disposição. Ela é uma vacina contra casuísmos que, alterando de última hora as regras eleitorais, sirvam para beneficiar a maioria parlamentar (via de regra a poderosa base do governo) em prejuízo da minoria. Tivemos muito disso durante o regime militar, por exemplo. O foco da norma está posto no respeito às regras do jogo e ao eleitor. Ou, em outras palavras, à segurança jurídica e à própria democracia.
Se o leitor destas linhas, assim como eu, não tem em boa conta o discernimento de grande parte do eleitorado, nem apreço algum por grossa fatia dos partidos e seus representantes, não é contra a Constituição nem contra a decisão do STF que se deve insurgir. Sua decepção deveria ter sido instigada já quando leu nos jornais que a Lei da Ficha Limpa foi aprovada na Câmara dos Deputados por 388 votos contra apenas um. E no Senado Federal, logo após, por 76 votos a zero. Bastava para deduzir: aí tem! E não deu outra. Era para não valer. Impossível que juntos - deputados, senadores, assessores do Congresso Nacional, entre outros - não conhecessem o teor do artigo 16 da Constituição ou inferissem que, no STF, a força do preceito da anualidade acabaria minimizada. Não podia ser e não foi. Por pouco, mas não foi. Prefiro uns patifes a mais no Congresso do que ver o Supremo rasgar a Constituição por pressão popular.
Agora, usarei o direito do autor para falar da minha decepção. O que me entristece profundamente é saber que em momento algum, nos debates travados sobre o tema ao longo destes últimos dias, subimos um milímetro na compreensão de que estivemos tentando corrigir as consequências em vez de atacarmos as causas da enxurrada de mazelas na política nacional. Lamentamos seu efeito destruidor. Choramos as vítimas do mau uso dos recursos públicos. Deploramos as desigualdades dos pleitos e os abusos dos poderosos. Como nas enchentes, descuidamos da prevenção e não nos ocupamos, um segundo sequer, do modelo institucional ficha suja com o qual convivemos! Enquanto isso, a usina da criminalidade política continua em plena atividade. O PCC da política, o Comando Vermelho da política, que se vale do nosso pavoroso modelo institucional, atua e continuará atuando mesmo na remotíssima hipótese de que a impunidade acabe e todos vão tomar banho de sol em horário certo no pátio de algum presídio. Lá de dentro, com celulares ou sem celulares, continuarão se valendo das franquias e facilidade de um sistema que lhes facilita a vida e coloca o país no vergonhoso 69º lugar no ranking da ética. A nota 3,7 que recebemos nos situa a apenas 2,6 pontos da Somália, que é o último dos 180 países avaliados, e a longínquos 5,6 pontos da Dinamarca, que encabeça a lista dos melhores padrões éticos.
Decepção, para mim, é isto. É saber que em momento algum do último pleito muitos cidadãos que hoje reprovam o STF se interessaram em saber o que seus candidatos pensavam sobre reforma institucional e política (estavam mais interessados em achar alguém que lutasse por seus interesses pessoais ou corporativos). É perceber que a nação ainda crê, firmemente, que seja possível colher resultados diferentes agindo, sempre, do mesmo modo. É ver tantas pessoas convencidas de que a Lei da Ficha Limpa será capaz, mantida a regra do jogo, de moralizar os comportamentos dos políticos, dos partidos e dos eleitores. É achar-se preferível atropelar o princípio da presunção de inocência (inciso LVII do artigo 5º da Constituição), segundo o qual "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", a reformular o modelo recursal do direito brasileiro que dá garantias eternas de impunidade aos réus endinheirados!
Escreva aí, leitor: quando, em 2012, os recursos contra a Lei da Ficha Limpa entrarem no STF invocando esse outro preceito constitucional, a lei se desfará em cacos, evidenciando a incompetência de sua concepção. Como bem disse em recente programa de tevê o advogado Ricardo Giuliani - os responsáveis pela atual decepção (e pela futura) são os que criaram ilusões na opinião pública através de uma norma eivada de inconstitucionalidades.
(www.jb.com.br)

quinta-feira, 24 de março de 2011

TEM QUE RIR PARA NÃO CHORAR

Certa tarde, um bem sucedido advogado estava sendo conduzido em sua limusine para seu sitio, quando observou dois homens maltrapilhos comendograma ao lado da estrada. Ele ordenou imediatamente ao motorista que parasse, saiu do veículo e perguntou:
- Por que vocês estão comendo grama?
- Porque nós não temos dinheiro para comprar comida, respondeu um dos homens.
- Bem, você pode vir comigo para o sítio, disse o advogado.
- Senhor, eu tenho uma esposa e três filhos aqui.
- Traga-os também, replicou o advogado.
- E quanto ao meu amigo?!
O advogado virou-se para o outro homem e disse:
- Você pode vir conosco também.
- Mas, senhor eu também tenho esposa e seis filhos, disse o segundo homem.
- Eles podem nos acompanhar também, disse o advogado enquanto se dirigia de volta à limusine. Todos se acomodaram como puderam na limusine, e quando já estavam a caminho, um dos acompanhantes disse:
- O senhor é muito gentil. Obrigado por levar-nos a todos com o senhor.
O advogado respondeu:
- De nada! Vocês irão adorar meu sitio. A grama esta com quase um palmo de altura!

quarta-feira, 23 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

ANA, ERA UMA VEZ...

A Formiga e a Pomba

Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a margem.
Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.
A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a pomba voasse para longe a salvo.

Quem é grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão.
(www.metaforas.com.br)

segunda-feira, 21 de março de 2011

REVISÃOZÃO: BRASIL IMPERIAL.

O PRIMEIRO IMPÉRIO  (1822 a 1831)
A Assembléia Constituinte (1823): com representantes de todas as províncias, a primeira Constituinte da nossa história é convocada e apresentam um projeto bastante liberal, embora demonstrasse os interesses da classe dominante. Apresentava o voto censitário, eleições indiretas, a presença dos três poderes clássicos, eliminava todos os privilégios e monopólios, mas mantinha a escravidão. Diante do projeto D. Pedro I teria de se submeter ao Poder Legislativo, por isso, dissolve a Assembléia Constituinte, em 12.11.1823 (Noite da Agonia).

A Constituição Imperial (1824): idealizada por dez homens de confiança de D. Pedro, foi outorgada tendo como características: o voto censitário, senado vitalício e a presença de quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário (submissos) e Moderador (poder exclusivo do imperador), criando o Conselho de Estado, órgão consultivo do Poder Moderador.

A Confederação do Equador (1824): diante da dissolução da Constituinte e da outorga da Carta de 1824, em Pernambuco o jornalista Cipriano Barata e Frei Caneca denunciavam nos jornais o absolutismo de D. Pedro I. As Câmaras Municipais de Olinda e Recife se recusaram a prestar juramento à Constituição imposta. O imperador substituiu o presidente da província por um homem de sua confiança, tentando conter os ânimos, mas a situação piorou, em 02.07.1824 os revoltosos proclamam a Confederação do Equador, recebendo a adesão do CE, PB e RN e adotando a constituição da Colômbia, até que convocassem uma constituinte. Os confederados ao suspenderam o tráfico negreiro desagradaram os grandes proprietários rurais e perderam a unidade. Por outro lado, o Imperador contratou mercenários ingleses (Lorde Cochrane) que acabaram com a Confederação. Todos os líderes foram levados à forca, somente Frei Caneca foi fuzilado.

O Reconhecimento Internacional: era importante para evitar o perigo da recolonização e poder praticar o comércio com outras nações. Os Estados Unidos foi o primeiro a reconhecer o Brasil como nação independente, embasados na Doutrina Monroe. Os países absolutistas europeus (grupo da Santa Aliança) combatiam quaisquer movimentos de independência, entre eles Portugal. Com a recusa de Portugal, começou a perseguição aos portugueses residentes no Brasil. Pressionados pela Inglaterra, Portugal irá reconhecer nossa independência, mediante uma grandiosa indenização (início da nossa dívida externa). A Inglaterra, em 1826, ao reconhecer o Brasil como nação soberana exigiu a renovação dos Tratados de 1810 e 1816 e, o fim do tráfico de escravos, até 1830. Outros países como a França e a Áustria exigiram as mesmas condições alfandegárias da Inglaterra para o reconhecimento.

A Guerra da Cisplatina (1825): sob o comando do Gen. Lavalleja a Cisplatina iniciou sua emancipação do território brasileiro. Por primeiro se incorporaram ao território da República das Províncias Unidas do Prata (atual Argentina). D. Pedro I declarou guerra à Argentina, mas a Inglaterra pressionou o Brasil para que acabasse com a guerra, pois dia-a-dia perdia dinheiro com o conflito e, mais não interessa aos ingleses que a Argentina dominasse as duas margens do Rio da Prata. O poderio econômico inglês falou mais alto, em 1828, surge a República Oriental do Uruguai (antiga Cisplatina).

A Crise Econômica, Política e a Abdicação: o açúcar brasileiro sofria a concorrência do açúcar de beterraba europeu, a produção de tabaco caiu, o algodão e o arroz perdiam para os produzidos na região platina. As revoltas internas e externas, resultaram em grandes gastos, aliado ao empréstimo feito junto a Inglaterra para o pagamento da indenização a Portugal. Além disso tudo, o Banco do Brasil entra em falência devido a negociatas de membros do Partido Português. A maior causa da crise política está na questão sucessória portuguesa, com a morte de D. João VI, D. Pedro I se torna o herdeiro natural. Através dos “pasquins” eram feitas críticas ferrenhas a D. Pedro I, quanto ao trono português, alertando o perigo de recolonização caso ele ficasse com as duas coroas, o assassinato do jornalista Líbero Badaró desperta a indignação na sociedade brasileira. O episódio da Noite das Garrafadas (13.03.1831) e a substituição do gabinete ministerial por membros do Partido Português (Ministério dos Marqueses) faz com que o Partido Brasileiro e o Liberal Radical exijam a renúncia de D. Pedro I. Em 07.04.1831, D. Pedro I abdica do trono brasileiro em favor de seu filho Pedro de Alcântara de apenas 5 anos de idade.

PERÍODO REGENCIAL (1831 a 1840)
                Período de transição, pois o país seria governado por regentes até que o pequeno sucessor atingisse a maioridade (18 anos). Os interesses das camadas populares foram esquecidos pelos regentes e se tem constantes lutas buscando a descentralização do poder. Os grupos políticos do período regencial, serão quase os mesmos dos momentos anteriores à proclamação da independência:
a)  o Partido Português se transformou nos Restauradores ou Caramurus, pregavam a centralização do poder e a volta de D. Pedro I, vão se aliar aos Liberais Moderados, após a morte de D. Pedro I, em 1834;
b)  o Partido Brasileiro passou a se chamar  Liberais Moderados, pregavam a manutenção da monarquia e a centralização do poder;
c)  o Partido Liberal Radical, agora são os Liberais Exaltados, defendiam a implantação de uma república e vão liderar as revoltas regenciais.

A Regência Trina Provisória: a Assembléia dos Deputados estava em recesso quando D. Pedro I abdicou, por isso os Liberais Moderados e militares formaram a regência e convocaram os deputados para a votação da Lei da Regência. A Lei da Regência, uma vez aprovada determinou que os regentes não podiam fazer uso do Poder Moderador, proibida a dissolução da Assembléia dos Deputados, a criação de impostos também foi proibida, além de aprovarem os regentes.

A Regência Trina Permanente (1831-35):   foi utilizado o critério regional, para a escolha: representante do norte e do sul e um homem do exército. Criaram a Guarda Nacional, composta por cidadãos eleitos, pelo voto secreto, pelas suas comunidades, desde que tivessem propriedades (“homens de bens”) e, o Código de Processo Criminal (1832), que instituiu o tribunal do júri e os juízes de paz eram escolhidos pelos eleitores locais.

O Ato Adicional (1834): a votação do Ato Adicional causou grandes discussões, pois os Liberais Exaltados defendiam ampla autonomia para as províncias e municípios e a extinção do Poder Moderador. Os Liberais Moderados combatiam ferrenhamente as idéias dos Exaltados, por acharem avançadas demais. O Ato Adicional decidiu pela redução da autonomia das províncias (não podiam ter constituição própria e os presidentes das províncias seriam nomeados pelo governo central), mas lhes foi dado a oportunidade de criarem as Assembléias Provinciais (legislação quanto as despesas e aplicação dos impostos locais), os municípios estariam totalmente subordinados ao governo provincial. Extinguiu o Conselho de Estado e criou o município neutro – o Rio de Janeiro. Decidiu, ainda, que a regência trina seria substituída pela regência una, com duração de 04 anos (“experiência republicana”). O Ato Adicional foi um avanço e um retrocesso!

A Regência Una de Feijó (1835-37): em sua regência o Partido dos Liberais Moderadoressofrerá uma cisão: Progressistas, união daqueles que eram a favor do Ato Adicional (futuro Partido Liberal, no Segundo Reinado) e os Regressistas, que eram contra o Ato Adicional (futuro Partido Conservador). Feijó encontrou grande resistência e sem o apoio da Igreja e das classes dominantes, renunciou em 1837.

A Regência Una de Araújo Lima (1838-40): era da ala Regressista e apoiava os latifundiários escravocratas do Nordeste, mas incentivou a cultura cafeeira do Sudeste. Reformulou o Código de Processo Criminal e fez aprovar a Lei de Interpretação do Ato Adicional (1840), que subordinou a polícia e o sistema judicial ao governo central (essas medidas foram efetivadas no Segundo Reinado).

As Revoltas Regenciais: algumas das revoltas estiveram sob a liderança dos Liberais Exaltados que foram deixados fora do poder regencial, vão pregar a criação de uma república.

Levantes e Motins (RJ, 1831-32): sucessão de motins em quartéis e manifestações de rua. O governo atribuiu as “arruaças” aos Exaltados e aos Restauradores, reprimindo-as severamente. As manifestações mobilizaram sobretudo as camadas médias e baixas da população. Suas exigências de medidas políticas democratizantes e descentralizadoras foram importantes para que o governo decidisse pela reforma do Ato Adicional (A Lei de Interpretação do Ato Adicional, de 1840).
Cabanada (PE, 1831-32): agitações militares no Recife contra a atuação dos Restauradores e comerciantes portugueses. Foram as célebres: Setembrada, Novembrada e Abrilada. Parte do interior da província foi tomada pela insurreição dos “cabanos” (pequenos camponeses, trabalhadores de engenho, escravos, índios e caboclos. Estimulados por ativistas Restauradores, os revoltosos saíram em defesa de D. Pedro I, contra os Exaltados.
Cabanagem (PA, 1834-40): diante da miserabilidade generalizada, as classes baixas fazem uma verdadeira revolução social, pois o poder provincial nas mãos das classes dominantes ligados aos comerciantes portugueses empobrecia, cada vez mais, a população. Tinham como objetivos reformas sociais, o fim da escravidão e a distribuição de terras, atacando diretamente os interesses dos latifundiários, estes ajudados pelas tropas regenciais derrotaram os cabanos, que conseguiram depor o presidente provincial e organizar um governo provisório, por 75 dias. De 1836 a 1840, os cabanos foram combatidos, sendo massacrada quase metade da população paraense. Clemente Malcher (latifundiário que apoiava os cabanos foi fuzilado por estes, após traí-los); Eduardo Angelim e Pedro Vinagre (cabanos) foram executados pelo governo central.
Malês (BA, 1835): levante de escravos contra os maus tratos, tinham a intenção de matar todos os brancos e mulatos e a libertação de todos os escravos. A conspiração foi denunciada e, o governo regencial organizou uma reação para eliminar todos os malês, mas diante da interferência dos senhores os malês foram poupados e somente 05 foram fuzilados, embora a deportação de 150 e a condenação da grande maioria à chicotadas.
Farroupilha (RS-SC, 1835-45): a economia do RS era considerada marginal, devido ao surto do café, incidiam sob o charque altos impostos e sem proteção alfandegária, sofria a concorrência do charque platino. O presidente provincial acusou o estancieiro e militar Bento Gonçalves de ter idéias republicanas e ligações com os caudilhos. Irritados diante do descaso e as acusações em 20.09.1835, depuseram o presidente da província e organizaram um movimento político-militar, defendendo a idéia de criação de uma república federalista. Em 1836, é proclamada a República Riograndense e em 1839, conquistam Laguna (SC) sob a liderança de Guiseppe Garibaldi e proclamam a República Juliana. Em 1845, é assinada a Paz de Ponche Verde, tendo como representante farroupilha Vicente da Fontoura e Luís Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias), representando o governo imperial.
Sabinada (BA, 1837-38): a classe média sofrendo com o empobrecimento da província, revoltados porque seus filhos eram convocados para se incorporarem ao exército imperial a fim de combater os Farroupilhas e com a influência da maçonaria, vão proclamar uma república provisória, pois esta duraria até a maioridade de D. Pedro II. A repressão do governo regencial recebeu o apoio dos latifundiários baianos, mais de 2.000 pessoas foram mortas, 3.000 pessoas presas e o líder o médico Francisco Sabino foi condenado à morte.
Balaiada (MA, 1838-41): luta de cunho social, pois a economia era dominada pelos portugueses e o algodão perdia o mercado para os EUA, no poder revezavam-se os liberais (cabanos) e conservadores (bem-te-vis), que utilizavam a população como massa de manobra. Os balaios desorganizados e sem unidade, fizeram exigências para que a paz fosse assinada (anistia para os revoltosos, expulsão dos portugueses natos e revogação da lei que criou a Guarda Nacional), mas foram rejeitadas por Lima e Silva. O combate aos balaios foi duro e violento, cerca de 12 mil sertanejos e escravos morreram. Os líderes Raimundo Gomes (Cara Preta), Manuel Ferreira (Balaio) e Cosme (ex-escravo) foram presos e por ocasião da maioridade de D. Pedro II receberam anistia ampla.

O Golpe da Maioridade (1840): o Partido Liberal (antigos Progressistas) fundou o Clube da Maioridade, com o objetivo de difundir a idéia de antecipação da maioridade de D. Pedro II e acabar com as regências. Assim, vitoriosos, em 23.07.1840, D. Pedro II foi coroado imperador, aos 16 anos de idade.

SEGUNDO REINADO (1840 a 1889)
                Assim, que assumiu criou leis objetivando a ordem, em virtude das revoltas regenciais. Pode ser caracterizado em três períodos, bastante distintos: Consolidação – Apogeu – Decadência.

Consolidação (1840/1850) – lutas entre liberais e conservadores, o café começa a despontar no mercado. Ao iniciar seu mandato compôs seu ministério com membros do Partido Liberal, mas os Conservadores tinham maioria na Câmara e se opunham aos Liberais. Para resolver o impasse, D. Pedro II dissolveu a Câmara e convocou novas eleições para que os Liberais obtivessem a maioria, diante de grande manipulação eleitoral, por parte dos Liberais, as eleições de 1842 ficaram conhecidas como “eleições do cacete”. Em pouco tempo, os Conservadores se aproveitaram da imaturidade do Imperador e o Ministério dos Liberais é substituído por um Ministério dos Conservadores e, novamente, a Câmara é dissolvida e convocadas novas eleições.

As Rebeliões Liberais de SP e MG (1842): protestam contra a dissolução da Câmara, presos os Liberais paulistas e mineiros foram anistiados pelo Imperador, em 1844 e, paulatinamente aceitaram a centralização do poder. Seus líderes foram: Tobias de Aguiar, o ex-regente Feijó, Nunes Galvão e Teófilo Ottoni. Com os Conservadores no Ministério e maioria na Câmara, aprovam leis que visavam a centralização total do poder, inclusive o retorno do Conselho de Estado.

O Parlamentarismo (1847): através do Poder Moderador, D. Pedro II criou o cargo de presidente do gabinete ministerial, que era escolhido por ele. Se o presidente do ministério fosse do partido majoritário, a Câmara continuava a funcionar, do contrário, era dissolvida e convocada novas eleições que davam a vitória à vontade do governo imperial.

A Revolução Praieira (PE, 1847-48): em Pernambuco duas família dominavam o cenário político: os Cavalcanti (Partido Liberal) e os Barros (Partido Conservador). O comércio de Recife era dominado pelos portugueses que só aceitavam patrícios como funcionários. A aliança entre Liberais e Conservadores tinha como objetivo modernizar a produção açucareira a fim de competir com o açúcar antilhano, mas alguns partidários liberais não aceitaram a aliança formando uma dissidência: o Partido Praieiro. Conseguindo a administração provincial em nada inovam e em, 1848 Chichorro da Gama (do Partido Praieiro) é demitido e os praieiros se aproximam do jornalista Borges da Fonseca, que possuía um projeto republicano (sufrágio universal, liberdade de ensino e religião, nacionalização do comércio, direito de trabalho a todos). O movimento armado começou em Olinda e se estendeu para a Zona da Mata, mas quando tentaram atacar Recife, as forças imperiais derrotaram os rebelados. Os líderes: Borges da Fonseca, Pedro Ivo e Joaquim Nunes Machado foram condenados a longas penas, mas em 1852 foram anistiados.

Apogeu (1850/1870) – pacificação política, auge da produção cafeeira. As eleições de 1860 formou a Liga Progressista (aliança entre Liberais e Conservadores), que pregavam a não-intervenção do Estado na economia. A Liga Progressista dominou o cenário de 1862 a 1868, quando dissidentes formaram o Partido Radical, que identificava o liberalismo com a democracia e exigia a descentralização, ensino livre, senado temporário e eletivo e, ainda a extinção do Poder Moderador, mas a sociedade estava dominada pelo Estado.

O Poder do Café (± 1830 a 1930): dominou a economia de todo o Segundo Reinado e parte da República, sendo responsável pela entrada do Brasil na era do capitalismo e pelas diversas transformações sócio-político-econômicas.
O Café no Vale do Paraíba (± 1830-50): monocultura, latifúndio, mão-de-obra escrava, uso de tecnologia rudimentar, fez surgir uma nova classe social conservadora liderada pelos barões do café.
O Café no Oeste Paulista (1850 a 1930): com a edição da Lei das Terras (1850), os cafeicultores não mais poderiam se apossar, só através da compra. Possui as mesmas características do café no Vale do Paraíba, com alguns diferenciais: com a entrada da mão-de-obra imigrante passam a defender a abolição, a sociedade se torna urbana e liberal, as operações mecanizadas e a utilização de ferrovias.
Barão de Mauá: gaúcho de origem humilde, que se torna o primeiro industrial, construiu estaleiros, ferrovias, fundou bancos, companhias de navegação, financiou a iluminação pública no Rio de Janeiro. Mauá, sem o apoio do Império entrou em falência e morreu pobre.

As Tarifas Protecionistas: o gabinete ministerial do Partido Liberal defendia o protecionismo e, no ano de 1844, findaria o Tratado de Comércio com a Inglaterra, assim, o Ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco (1844) seguido por seus sucessores Souza Franco (1857), Silva Ferraz (1860), Rio Branco (1874) e Saraiva (1881), modificaram as tarifas alfandegárias de quase 3.000 produtos importados, variavam de 20% a 60%, dependendo de o produto ter similar nacional ou não. As medidas tinha por objetivo favorecer um crescimento industrial, mas acabaram por prejudicar, pois geravam receitas somente para o governo.

A Lei Inglesa Bill Aberdeen (1845): decretava o direito à marinha inglesa de aprisionar navios negreiros e julgá-los como atos de pirataria, nos tribunais ingleses. Pressionou o governo brasileiro a editar a Lei Eusébio de Queirós.

A Lei Eusébio de Queirós (1850):  extinguiu o tráfico de escravos para o Brasil, ocasionou a escassez da mão-de-obra escrava, o fortalecimento do movimento abolicionista, a aplicação de recursos em outras áreas e a importação de trabalhadores livres (imigração).

A Imigração (1847 a 1871): vindos da Alemanha e Itália substituíram a mão-de-obra escrava nos cafezais.
Imigração Por Parceira (1847-56): contratação de colonos da Alemanha, recebiam duas passagens pagas pelo cafeicultor, instrumentos agrícolas, gêneros alimentícios. Instalados em seus lotes, o imigrante deveria reembolsar todas as despesas ao latifundiário. Os que conseguiram se livrar da opressão dos cafeicultores irão se fixar na região do Vale dos Sinos (RS). Em 1856, em Limeira (SP) os imigrantes vão se revoltar e a Prússia vai suspender a imigração para o Brasil.
Imigração Subvencionada (1871): sob a responsabilidade do governo, os imigrantes italianos vinham com contrato de trabalho assinado e salário acertado. O imigrante vinha com todas as despesas pagas e, o valor não era repassado ao imigrante. Mediante aviso prévio, o imigrante podia sair da fazenda de café e procurar trabalho em outras áreas.

Outras Atividades Econômicas
Açúcar: para enfrentar a concorrência externa, se modernizou, com empréstimos ingleses, a partir de 1870, os engenhos eram movidos a vapor.
Algodão: com a Guerra da Secessão (EUA, 1860-65) houve um aumento da demanda, mas quando a economia do sul dos EUA se restabeleceu a procura pelo algodão brasileiro entrou em declínio.
Borracha: o látex da Amazônia passou a ser produto de larga exportação, principalmente para os EUA, mas os ingleses contrabandearam mudas e deram início aos plantations de seringueira no sudeste asiático, nas primeiras décadas do séc. XX, a borracha brasileira entrou em declínio.

A Política Externa:  voltada para a região do Prata, onde através dos rios Uruguai, Paraná e Paraguai, o Brasil e a Inglaterra tinham interesses econômicos.
Guerra contra Oribe (Uruguai) e Rosas (Argentina): no Uruguai existiam dois partidos, os Blancos (apoiados pela Argentina) e os Colorados (apoiados pelo Brasil), em 1835, Oribe (Blanco) é eleito presidente do Uruguai, mas em 1836 os Colorados liderados por Rivera tomam o poder através de uma rebelião. Oribe, com o apoio de Rosas (Argentina) cerca Montevidéu para retornar o poder, mas o Brasil envia tropas para ajudar seu aliado político, Rivera, contando ainda com a ajuda de Urquiza (presidente da província de Entre Rios – Argentina), acabando com o cerco a Montevidéu. Em 1852, Rosas é derrotado na Batalha de Monte Caseros. Assim: no Uruguai – Rivera e na Argentina – Urquiza, aliados do Brasil.
Guerra contra Aguirre (Uruguai): em 1864, novamente os blancos elegem um presidente, Aguirre, diante das freqüentes ameaças de guerra civil, encabeçadas por Venâncio Flores (Colorado). Alegando que os conflitos no Uruguai ameaçavam a economia no RS, o Brasil envia a Missão Saraiva, diante do fracasso da diplomacia o Brasil envia tropas para dar apoio a Venâncio. As tropas lideradas pelo riograndino Alm. Tamandaré sitiaram Montevidéu e depuseram Aguirre. Em 1865, assume Venâncio Flores.
A Questão Christie (Inglaterra): em 1863, Brasil e Inglaterra romperam relações diplomáticas devido a dois incidentes: o naufrágio do navio “Príncipe de Gales”, na costa do RS, em 1861, que teve suas manufaturas desaparecidas (indenização que o Brasil se recusava a pagar) e a prisão de 03 oficiais britânicos que, bêbados, provocavam arruaças, no RJ, em 1862. Os incidentes resolvidos através de arbitramento deram vitória ao Brasil, diante disso a Inglaterra deveria desculpar-se oficialmente, mas não o fez. Somente em 1865, a Inglaterra apresentou desculpas, pois interessava vender armas para a luta do Brasil com o Paraguai e proteger seus interesses na região platina.
A Guerra do Paraguai (1865-70): a economia paraguaia crescia e totalmente independente do capitalismo inglês, com grandes avanços sociais e econômicos estava se transformando numa grande potência. Solano Lopes tinha a intenção de expandir o território paraguaio e, por isso, não aceitava a internacionalização dos rios da Bacia do Prata. Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança, que deu início à luta armada. Nos anos de 1865-66, o Paraguai conquistou diversas vitórias em território brasileiro, mas com armas e navios a vapor comprados da Inglaterra, o Brasil vai demonstrar seu poderio militar. Em 1869, Assunção é tomada por Duque de Caxias e, em 1870 Solano Lopes é derrotado na Batalha de Cerro Cora. As conseqüências são trágicas: a população paraguaia é dizimada, os bens do estado são leiloados, o capitalismo inglês se perpetua. Mas, por outro lado, o “genocídio latino-americano” despertou e fortaleceu o espírito de classe dentro do exército brasileiro, além, é claro, do Brasil se tornar dependente da Inglaterra, em virtude das compras de navios e armas.

A QUEDA DA MONARQUIA
Decadência (1870/1889) – época de novas idéias, fortalecimento do movimento abolicionista, expansão do café para o oeste paulista e oeste paranaense. Manifestações abolicionistas, religiosas, políticas e militares aliadas as freqüentes insurreições, como o Quebra-Quilos e a Revolta dos Muckers sinalizavam a crescente dificuldade do regime em atender os anseios da população.

Quebra-Quilos: movimento popular ocorrido nos sertões do Nordeste entre 1872-73 contra a adoção do sistema métrico decimal. Parte da população, principalmente a mais pobre, que vivia do pequeno comércio das feiras, passou a quebrar os novos padrões de medição (litros, metros, quilos), entendendo ser esse sistema uma forma de “explorar o povo”. As autoridades reagiram com violência, tachando a revolta de “banditismo”.
Revolta dos Muckers: conflito entre os integrantes de um reduto religioso no município de São Leopoldo (RS) e as autoridades provinciais, entre 1872-74. Ao lado das práticas religiosas, os “muckers” (falso beato, em alemão) passaram a promover invasões e pilhagens de propriedades, motivando a repressão e a extinção do reduto.
                A desagregação do regime monárquico é resultado de vários fatores de ordem econômica, social e política que, somados, conduziram importantes setores da sociedade a conclusão de que a monarquia precisava ser superada.

A Questão Abolicionista: o Brasil era o único país independente da América a manter a escravidão, a liderança de José do Patrocínio, aliados a ascensão da economia cafeeira, a mão-de-obra imigrante e a pressão dos caifazes são fatores importantes. Ademais, o governo imperial edita algumas leis de caráter abolicionista:
Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco: os filhos de escravos nascidos a partir de 28.09.1871 eram livres.
Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva Cotegipe: os escravos com mais de 65 anos eram libertos, a partir de 1885.
Lei Áurea: libertação de todos os escravos, assinada pela Princesa Isabel, em 13.05.1888.
Obs: as províncias do CE e AM, anteciparam a abolição, em 1884, seguidos por algumas cidades do RS, no ano de 1885.

A Questão Religiosa: o Imperador detinha os poderes de padroado (nomear bispos) e beneplácito (autorizar ou não as normas papais em território brasileiro). A ruptura da relação estado-igreja se dará em função da edição de duas bulas papais (Quanta Cura e Syllabus), pelo Papa Pio IX, proibindo a participação de maçons na igreja. Foram proibidas de serem cumpridas no Brasil, pelo Imperador, mas os bispos de Olinda e Belém acataram as ordens de Roma, sendo presos e condenados a trabalhos forçados. A prisão dos bispos levou vários membros da igreja, inclusive leigos a se colocarem contra a monarquia.

A Questão Política: em 1870, é lançado através da imprensa o Manifesto Republicano, elaborado por dissidentes do Partido Liberal e, em 1873, surge o primeiro partido de cunho republicano, o Partido Republicano Paulista (em sua maioria cafeicultores e alguns militares participantes da Guerra do Paraguai). O Partido Republicano possuía duas alas:
q  Republicanos Históricos: favoráveis a transição política, da monarquia à república.
q  Republicanos Positivistas: combatiam a monarquia ferrenhamente, a separação entre o estado e a igreja e a implantação de uma ditadura republicana (positivismo, de Augusto Comte).

A Questão Militar: depois da Guerra do Paraguai surge, principalmente, no exército, o espírito corporativista. Assim, os militares passaram a exigir maior participação na política do país, expressando suas idéias nos jornais, através do Clube Militar fundado em 1887. Os militares, divididos em duas alas, ingressaram nos Partidos Republicanos:
a)  Deodoristas: alta oficialidade, parentes e amigos, não tinham uma idéia elaborada a respeito da república, mas apoiavam cegamente Deodoro da Fonseca.
b)  Positivistas: liderados por Benjamin Constant, participavam estudantes das escolas militares.
                Diante da prisão de oficiais e soldados, por expressarem suas opiniões a favor da abolição, do aumento salarial e de casos de corrupção envolvendo políticos e militares; o corporativismo vai despertar a solidariedade de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto que, em 15.11.1889, vão proclamar a República.