sábado, 17 de setembro de 2011

PHISOLOFANDO

 11 - Segundo Jean-Pierre Vernant, a razão grega, em sua origem, apresenta-se em um sentido diferente da razão da ciência contemporânea. De acordo com tal observação, essa diferença se dá devido ao fato de que
a) a razão grega em seu caráter cosmológico era ainda essencialmente mítica, e a razão da ciência contemporânea, depois do racionalismo do século XVI e do positivismo no século XIX, perdeu o laço com qualquer ideia mitológica.
b) a razão grega no século V a.c. ainda se encontrava mesclada com muitas ideias orientais que não eram tão do âmbito da razão, principalmente com as astrologias babilônicas e egípcias, fato hoje inexistente na razão científica contemporânea.
c) a ciência contemporânea privilegiou o uso de uma razão interativa com outras possibilidades e formas de conhecimento humano, enquanto a razão grega em sua origem era caracterizada como proto-razão.
d) conhecer e dominar a natureza caracteriza-se como o objetivo da razão no atual contexto, utilizada pela ciência, direcionada para a exploração do meio físico, diferentemente da razão dos gregos em seu início, que foi política em sua essência. Foi no plano político que ela se formou, se constituiu e se exprimiu.

12 - A Escola Jônica de Mileto construiu uma razão, impulsionando o pensamento grego. Tales, Anaximandro, Anaxímenes, entre outros, contribuíram para o nascimento da filosofia. Sobre Anaximandro, é correto afirmar que
a) sua obra forneceu os registros necessários para se compreender a amplitude da revolução intelectual realizada pela Escola de Mileto.
b) procurou conhecer a realidade do Cosmos e, apesar de intuir o apeíron, concordou com Tales, seu mestre, que a água é o fundamento de todas as coisas.
c) refutou o conhecimento geométrico e astronômico dos mesopotâmicos, utilizando para a formulação de suas ideias, a especulação racional.
d) ajudou a reformular o espaço da polis, ao redefinir o sentido político da mesma, a partir do culto às divindades urbanas e não às agrárias.

13 - Os Sofistas foram acusados por Platão e por Aristóteles de serem comerciantes do saber, mas hoje se reconhece suas contribuições em diversas áreas do conhecimento, como, por exemplo, para a retórica. É correto afirmar que os Sofistas
a) eram em grande parte estrangeiros e desenvolveram a educação em ambiente artificial, tendo em vista o êxito do educando na política.
b) advindos em grande parte das colônias chegam a Atenas, ajudando Sócrates a reformar o regime democrático da polis.
c) fundamentaram o conhecimento pela razão, aprimorando pelo discurso, o pensamento pitagórico.
d) após enriquecerem passaram a ministrar aulas gratuitas, modificando todo o sistema de ensino da Grécia Antiga.

14 - São considerados Sofistas:
a) Parmênides, Górgias, Crátes e Cícero.
b) Xenofonte, Péricles, Heródoto e Crátes.
c) Antifonte, Górgias, Protágoras e Pródico.
d) Empédocles, Protágoras, Antifonte e Pitágoras.

15 - Platão escreveu sobre a forma de diálogos. Entre suas obras, destacam-se República, O Banquete, Fédon e Parmênides. É correto afirmar que ele
a) validou o conhecimento do mundo material em detrimento de um mundo ideal ou intelectivo.
b) procurou desenvolver uma educação que resgatava os conhecimentos dos antigos principalmente as poesias de Homero e Hesíodo.
c) fundou uma cidade na Magna Grécia (Sul da Itália atual), onde procurou vivenciar a vida da polis de acordo como os preceitos de seu livro República.
d) ensinava a dialética, método pelo qual procurava desenvolver o conhecimento da verdade.

16 - Aristóteles procurou, tal qual seu mestre Platão, pensar a vida na cidade, refletindo sobre o papel do político e do filósofo. Sobre tal reflexão, é correto afirmar que
a) assim como Platão, Aristóteles concordava com o papel do filósofo como governante da cidade.
b) para Aristóteles, a vida política se confundia com a vida filosófica, sendo que essa preparava para a segunda.
c) para Platão, o filósofo deve ser o homem político, daí sua escola apresentar uma finalidade política. Aristóteles, ao contrário, diferenciava a atividade do político e do filósofo, tendo o Liceu uma atividade puramente filosófica.
d) diferentemente de Platão, Aristóteles afirmava a necessidade do filósofo ser o homem político, pois ele seria o único capaz de compreender a realidade social da polis, levando-a assim, à felicidade moral.

17 - Em relação às Escolas Helenísticas e Imperiais, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.
1 - Cinismo.
2 - Epicurismo.
3 - Estoicismo.
4 - Ceticismo.
( ) Fundada por Zenão de Citium, ensinava em Atenas na Stoa Poikilê. Entre seus representantes na Roma Imperial, destacaram-se Sêneca, Epíteto e Marco Aurélio.
( ) Desenvolveu uma argumentação para mostrar que é necessário suspender o juízo, recusar sua adesão a todo dogma e alcançar, assim, a tranquilidade da alma. Em Roma, Sexto Empírico foi considerado um dos seus representantes e escreveu Esboços Pirrônicos.
( ) Devedora da cosmologia desenvolvida por Demócrito de Abdera, construiu uma física materialista e explicou que o Universo é formado por átomos e pelo vazio. Em Atenas, tinha sua Escola no local chamado Jardim. Lucrécio foi seu grande representante em Roma.
( ) Seus membros menosprezaram as regras sociais, não se preocupando com normas de condutas. Destacaram-se como alguns de seus maiores representantes, Diógenes de Sínope e Hipárquia.
A sequência correta é
a) 1, 2, 3, 4. c) 3, 4, 2, 1.
b) 3, 1, 4, 2. d) 3, 2, 1, 4.

18 - Sobre o Neoplatonismo, é INCORRETO afirmar que
a) Amônio Sacas ensinava em Alexandria e foi mestre de Plotino, que ensinou em Roma e teve Porfírio como discípulo.
b) a Escola Neoplatônica fundia os pensamentos platônicos, pitagóricos e aristotélicos, dentre outros.
c) as Enéadas são o conjunto dos escritos de Plotino, compilados, organizados e editados por Porfírio.
d) Jâmblico negava a validade da Teurgia e os Neoplatônicos Tardios procuraram purificar a filosofia da influencia dos Escritos Órficos e dos Oráculos Caldaicos.

19 - O Cristianismo surgiu como revelação. No encontro da fé cristã com a razão grega, alguns autores se destacaram por conceberem o Cristianismo nascente como continuidade da filosofia e, desse modo, trabalharam na elaboração do encontro das duas perspectivas. Na Patrística, Agostinho de Hipona foi considerado um dos responsáveis por construir um pensamento que transmitia, ao mundo cristão latino, ideias greco-romanas. Entre os autores que trabalharam o encontro da nova fé com a antiga razão em língua grega, encontram-se
a) Fílon de Alexandria e Boécio.
b) Clemente de Alexandria e Orígenes.
c) Plutarco e Ambrósio de Milão.
d) Celso e Irineu de Lion.

20 - De acordo com Alfredo Storck, "descrever a filosofia medieval é descrever um fenômeno complexo", pois três pontos devem ser considerados. Marque a alternativa que apresenta esses três pontos.
a) A filosofia medieval não foi exclusivamente uma filosofia cristã ocidental. Suas formas de expressão são formas particulares à sua época. Discute-se entre os especialistas se tudo o que foi feito nessa época foi teologia ou se houve filosofia.
b) A diversidade de ordens religiosas provocou uma igual diversidade de pensamento. Diante das dificuldades existentes no mundo medievo, o pouco conhecimento restringiu-se aos mosteiros. Pouco restou dos documentos da época para se pensar uma filosofia medieval.
c) A complexidade da intolerância religiosa da época proibiu o desenvolvimento do pensamento filosófico. A querela sobre o poder temporal e o poder espiritual, ou seja, entre o imperador do Sacro-Império Romano Germânico e o Papa, influiu fortemente na formação do pensamento filosófico. A pouca tradução existente para o latim das obras gregas, pois em sua grande maioria, foram traduzidas somente na Renascença.
d) As universidades medievais se especializaram e foram poucas as que trabalharam com a filosofia. A submissão da filosofia à teologia, inclusive no mundo árabe-muçulmano. Com as invasões bárbaras pouco sobrou da filosofia grega para se pensar uma continuidade.

21 - Com relação à filosofia na Idade Média, analise as assertivas abaixo.
I. Avicena e Averrois foram pensadores do mundo muçulmano. Influenciaram o ocidente cristão em seus trabalhos, principalmente sobre a filosofia aristotélica. Marcaram também o estilo filosófico ocidental, com a paráfrase e o comentário.
II. Pedro Abelardo ficou famoso por seus escritos sobre lógica e ética. Foi um dos principais teóricos a questio. Fez uso da lógica e da dialética aristotélica para explicar as Sagradas Escrituras e esclarecer questões de fé. Debateu com Bernardo de Claraval, de quem foi adversário sobre questões teológicas.
III. Mestre Eckhart foi frade dominicano e principal representante da denominada Mística Renana. Teve como principais discípulos João Tauler e Henrique Suso. Foi Influenciado pelo pensamento de Dionísio, o Pseudo-Areopagita. Seus pensamentos foram condenados pela Igreja Romana no século XIV.
Estão corretas
a) I e II apenas. c) II e III apenas.
b) I, II e III. d) I e III apenas.

22 - Pensador alemão de formação italiana, foi um dos grandes autores da Renascença. Fortemente influenciado pelo Neoplatonismo, bem como pela Mística Renana, tem entre suas principais obras, A Douta Ignorância, que trabalha o não saber do ser humano em relação ao infinito. Cardeal da Igreja Romana, fez um uso original de métodos matemáticos de um modo analógico-alusivo. Esse pensador é
a) Pico della Mirandola. c) Hugo Grotius.
b) Marcílio Ficino. d) Nicolau de Cusa.

23 - Conhecido por sua obra O Príncipe, escrita em honra a Lourenço de Médici, Maquiavel procurou neste livro, trabalhar a criação e a sustentabilidade de um governo monárquico. Pensou também sobre a ideia de se ater à verdade efetiva das coisas e abordou os conceitos de virtù, ou virtude, e de fortuna, ou sorte, construindo um sólido pensamento político. Entre outros livros do pensador florentino, destaca-se Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, no qual realiza um estudo sobre a forma republicana de governo. Sobre Maquiavel e o seu ideal político, é correto afirmar que
a) procurou estudar a reestruturação do ideal grego de democracia no contexto das cidades estados italianas de sua época.
b) pensou os possíveis caminhos para se instalar um governo tirânico em Florença, fortalecendo, assim, a cidade contra as ameaças externas e internas.
c) desenvolveu as bases para a unificação dos estados da península italiana sobre o governo do Papa e da Igreja Romana, frente à França e ao Sacro Império Romano Germânico.
d) teve a República Romana como ideal político, e não os principados italianos. Nesse contexto, trabalha a liberdade e os bons costumes, possivelmente desenvolvendo aqui, um novo sentido para o conceito de virtù.

24 - Michel de Montaigne (1533 - 1592) faz, como muitos de sua época, em seus escritos e pensamentos, uma releitura das ideias da Antiguidade. Sua obra é, nesse sentido, a releitura de uma Escola, ou linha de pensamento, do período Helenístico e Imperial. Essa Escola ou linha de pensamento é o
a) Cinismo. c) Ecletismo.
b) Ceticismo. d) Estoicismo.

25 - O pensamento racionalista de Descartes suscitou segundo François Chatelet, dois movimentos filosóficos que marcaram o pensamento moderno. Sobre esses dois movimentos analise as afirmações a seguir.
I. Um movimento de cunho religioso que procurou retomar os princípios do pensamento católico romano sobre uma ótica racionalista para refutar o pensamento da Reforma Protestante.
II. Uma filosofia política que floresceu sobre a tutela da Rainha Cristina da Suécia e que sobreviveu ao fim do seu reinado, depois de sua conversão ao catolicismo e a morte de Descartes.
III. Um empirismo que levou muito a sério as formulações do Discurso do Método, e submeteu o cartesianismo a uma crítica a partir de suas próprias bases.
IV. Um movimento descrito como uma espécie de cartesianismo de escola, que produziu pensadores de grande amplitude, que realizaram descobertas, mas não se inscreveram em um empirismo.
Estão corretas apenas as afirmações
a) III e IV. c) I e IV.
b) II e III. d) I e II.

26 - Assim como Thomas Hobbes, John Locke se indaga sobre o homem em estado de natureza, mas diverge de Hobbes no entendimento do que seja este estado. Sobre essa diferença, é correto afirmar que
a) Locke diverge de Hobbes ao afirmar que o estado de natureza foi criado por Deus e não por um processo natural, como afirma o materialismo científico de Hobbes.
b) ambos divergiram quanto ao método de se conhecer o estado de natureza, uma vez que Locke o intuiu e Hobbes o deduziu, mas não sobre o significado.
c) Hobbes procurou construir uma visão antropológica de felicidade onde o homem era completo na natureza, ao contrário do pessimismo de Locke.
d) para Locke, o estado de natureza é o estado dos direitos naturais, onde o ser humano adquire direitos no momento em que existe, ao contrário de Hobbes, cujo estado de direito é uma artificialidade elaborada contra a violência do estado de natureza, onde impera somente o desejo de cada um.

27 - Associe os pensadores modernos da primeira coluna com as descrições contidas na segunda coluna.
1 - Spinoza.
2 - Malebranche.
3 - Hume.
4 - Leibniz.
( ) Pensador religioso francês. Afirmou que tudo está em Deus, realizando uma união entre o Racionalismo Cartesiano e o Neoplatonismo Agostiniano.
( ) Empirista escocês, famoso pelo seu ceticismo. Escreveu Investigação sobre o entendimento humano. Queria fazer da ciência um simples meio de viver melhor a vida cotidiana.
( ) Pensador judeu, elaborou uma filosofia panteísta. Teve como método a análise geométrica. Seu pensamento metafísico reveste-se de uma ética.
( ) Filósofo alemão. Desenvolveu, ao mesmo tempo de Newton, o cálculo infinitesimal. Elaborou uma metafísica onde afirmava que a realidade é constituída pelas mônadas ou centros de forças, que são substâncias simples.
A sequência correta é
a) 2,3,1,4. c) 4,2,1,3.
b) 1,4,3,2. d) 3,1,2,4.

28 - Marque a alternativa cuja obra NÂO pertence a Jean-Jacques Rousseau.
a) Emílio.
b) Espírito das leis.
c) Discurso sobre a origem da desigualdade.
d) Discurso sobre as ciências e sobre as artes.

29 - De acordo com Hannah Arendt, sobre a filosofia da Existenz, é INCORRETO afirmar que
a) não há filósofos da Existenz sobre os quais a influência de Kierkegaard não se faça sentir. É com esse pensador que a filosofia da Existenz tem seu começo.
b) surgiu em conjunto com o existencialismo, um movimento literário francês, tendo ambos, pelo menos um século de história.
c) depois da destruição iniciada por Kant do antigo conceito de ser, nenhuma ontologia no sentido tradicional pode ser restabelecida.
d) a palavra Existenz em seu sentido moderno aparece pela primeira vez no Schelling tardio, ao este se rebelar contra a filosofia negativa, contra a filosofia do puro pensamento.

30 - No livro O que é bioética, de Débora Diniz e Dirce Guilhem, são citadas quatro possibilidades de se apresentar a bioética. Dentre elas, têm-se as abordagens
a) filosófica e temática.
b) temática e filológica.
c) humanista e tecnicista.
d) antropológica e historicista.

31 - Em 1979, o filósofo Tom Beuchamp e o teólogo James Childress publicaram o livro Princípios da ética biomédica, sugerindo a reformulação dos três princípios éticos considerados universais, eleitos pelo Relatório Belmont, documento elaborado pela Comissão nacional para a proteção de sujeitos humanos na pesquisa biomédica e comportamental dos Estados Unidos, na década de 1970. Surge, assim, a denominada Teoria Principialista e seus quatros princípios éticos como base de uma teoria bioética consistente. Sobre alguns dos quatros princípios, são feitas as afirmações a seguir.
I. O princípio da autonomia foi posteriormente revisto pelos autores, passando a ser denominado em 1994 na quarta edição do livro, como princípio de respeito à autonomia.
II. O princípio da não-maleficência está associado à máxima primum non nocere - acima de tudo, não cause danos.
III. O princípio da igualdade diz respeito aos direitos humanos onde todos são merecedores do mesmo tratamento, independente de qualquer diferencial.
Estão corretas as assertivas
a) I, II e III. c) I e II apenas.
b) I e III apenas. d) II e III apenas.

32 - Leia o texto a seguir.
"Eis por que Aristóteles não sonha em fundar uma moral individual sem relação com a cidade, mas, na _____, ele se dirige aos homens políticos e aos legisladores, para formar seu juízo, descrevendo-lhes os diferentes aspectos da virtude e da felicidade do homem, a fim de que possam legislar de modo a dar aos cidadãos a possibilidade de praticar a vida virtuosa ou, para certos privilegiados, a vida filosófica."
Pierre Hadot. O que é a Filosofia Antiga? p. 137
No texto acima, foi suprimido o nome de uma grande obra de Aristóteles, considerada base para os estudos da ética. Pierre Hadot faz referência a Aristóteles, por ele ter se destacado na antiguidade, por suas contribuições as diversas áreas da filosofia. No campo da ética e da política, por exemplo, têm-se Ética a Eudemo e Política, como algumas da obras referências na filosofia grega clássica. O livro omitido acima, intitula-se
a) Metafísica.
b) Grande Moral.
c) Ética a Nicômaco.
d) Ética demonstrada à maneira dos geômetras.

33 - Leia o seguinte trecho.
"Se compararmos as definições que os antigos e os modernos dão à noção de ética, percebemos que são tão radicalmente diferentes que se cria em torno delas um verdadeiro campo de contradições. [...] entre as duas concepções existe muito mais que simples diferenças: há uma verdadeira ruptura, uma contradição."
Adauto Novaes. Cenário in____ (Org.). Ética p. 9.
No texto, do qual o trecho acima foi retirado, Adauto Novaes escreve sobre as distintas concepções que o conceito de ética pode apresentar. Em relação às diferenças apontadas pelo autor, entre as noções de ética dos antigos e dos modernos, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.
1 - Antigos.
2 - Modernos.
( ) Ideia de ética ligada a noções de dever,
obrigação e obediência.
( ) A noção de virtude está ligada ao hábito de
obedecer a uma lei nitidamente definida e de
uma origem suprassensível.
( ) Subordinaram a ética às ideias de felicidade
da vida presente e de um soberano bem.
( ) A felicidade é pensada em termos de eficácia
técnica, de consumo.
( ) A virtude está ligada à posse de uma
qualidade natural.
( ) Concepção ligada a uma dialética da
aparência.
A sequência correta é
a) 1, 1, 1, 2, 2, 2. c) 1, 2, 2, 2, 1, 1.
b) 2, 1, 2, 1, 1, 1. d) 2, 2, 1, 2, 1, 2.

34 - Para Peter Singer, pensador australiano contemporâneo e professor da Universidade de Princenton nos Estados Unidos, a ética pode ser vista como
a) uma série de proibições ligadas ao sexo ou uma defesa de um código específico de moralidade.
b) algo possível somente no contexto da religião ou algo totalmente subjetivo ou relativo.
c) uma tentativa de se defender padrões éticos que justificam o modo de viver. Tal justificativa não se dá em um âmbito pessoal, mas numa perspectiva universal.
d) um sistema ideal de grande nobreza na teoria, mas impraticável, ou um sistema de normas simples.

35 - Analise os dizeres abaixo.
"Quem quer ser um líder mundial tem de saber cuidar da Terra inteira e não apenas da indústria norte-americana."
Romano Prodi ex primeiro ministro da Itália e ex-presidente da Comissão da União Européia, em resposta a uma declaração do ex-presidente dos EUA, George W. Bush).
"O valor da vida de um ser humano inocente não varia segundo a nacionalidade". Peter Singer
Os dois dizeres acima, representam ideias relativas às mudanças que ocorrem no campo da ética, no mundo contemporâneo, diante das questões sucitadas pela globalização. Sobre essas mudanças, é correto afirmar que
a) o mundo apresenta um momento único, onde os valores individuais precisam ser reformulados, para que continuem existindo, ou seja, se mantiver o rumo das mudanças atuais em um contexto de universalização de valores, os valores individuais deixarão de existir.
b) frente à questão da globalização, os líderes das nações devem incorporar uma perspectiva mais ampla que o puro e simples interesse nacional, à medida que os países do mundo se aproximam entre si a fim de resolver problemas em comum. Tem-se a necessidade de se adotar uma nova postura ética.
c) diante do caos globalizado, deve-se, em nome de uma moral elevada, estabelecer uma supremacia de um governo nacional que seja considerado apto ao governo mundial, a partir de princípios sólidos e ideais elevados, como a democracia e o equilíbrio entre poderes.
d) toda e qualquer ética, pensada a partir das mudanças ocorridas devido ao processo de globalização, deve ter em conta que as reais bases para o desenvolvimento humano se dá no campo econômico, com a manutenção da política de livre mercado, adaptado ao contexto histórico existente.

36 - Um dos grandes debates na filosofia diz respeito à questão do método, ou sobre qual o melhor caminho para se trabalhar em filosofia. Nesse sentido, associe o nome do método na primeira coluna, com a sua devida explicação na segunda coluna.
1 - Hermenêutica.
2 - Dialética.
3 - Analítica.
( ) Originariamente ligado à palavra diálogo, foi usado por Platão e Hegel
( ) Método desenvolvido na teologia, trabalha com a interpretação e a compreensão, ligado a H. G. Gadamer
( ) Utilizado por Carnap, Quine, Austin dentre outros, surge na denominada virada linguística.
A sequência correta é
a) 2, 3, 1. c) 3, 1, 2.
b) 2, 1, 3. d) 1, 3, 2.

37 - De acordo com Auroux, "a filosofia da linguagem não corresponde a uma unidade conceitual muito clara, [...] pode-se designar através dela várias coisas muito diferentes." Dentre tais possibilidades de designação, têm-se as
a) que procuram levar o estudo para um campo metafísico ou ontológico, abandonando todo o estudo analítico ou da lógica, e as que querem reduzir o estudo da linguagem ao campo gramatical.
b) reflexões que se encontram sobre a natureza da linguagem, antes do aparecimento das tradições linguísticas positivas e autônomas e os estudos sócios-políticos-econômicos da linguagem.
c) introduções enciclopédicas, que retomam concepções gerais e os estudos de reflexões míticas e antropológicas, buscando compreender suas reverberações na caminhada da construção da linguagem humana.
d) reflexões que visam explicar a natureza da linguagem e seu papel na experiência humana, com uma pretensão fundadora e as concepções concernentes à linguagem, que se encontram em obras dos autores reconhecidos como filósofos.

38 - Assinale a alternativa que apresenta somente pensadores da filosofia contemporânea, considerados estudiosos da linguagem.
a) Chomsky, Apel, Agostinho, Russell e Hegel.
b) Rorty, Wittgenstein, Frege, Carnap e Derrida.
c) Schelling, Foucault, Derrida, Heidegger e Leibniz.
d) Carnap, Herder, Condillac, Habermas e Herbet Spencer.

39 - Dentre os problemas filosóficos trabalhados ao longo do tempo por diversos pensadores, a questão da verdade se destaca. Abordá-la ou decifrá-la foi e continua sendo um dos pontos dos estudos e escritos em filosofia. A palavra verdade tem seu significado variando de acordo com a influência das línguas que a constituíram, em suas origens e contextos. Dentre as línguas que mais diretamente influíram no significado da verdade na filosofia ocidental, têm-se o grego, o latim e o hebraico. A partir dessa relação, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira e, a seguir, marque a sequência correta.
1 - Grego - Aleteia.
2 - Hebraico - Emunah.
3 - Latim - Veritas.
( ) Tem o sentido de verdade como confiança. Refere-se a pessoa que é digna de confiança, como "amigo de verdade".
( ) Apresenta a ideia de fidelidade; fiel no dizer, dizer a verdade. Fidelidade a certas regras do bem dizer.
( ) Transmite o sentido de descoberta, desvelamento, revelação, retirar o véu.
a) 1, 3, 2. c) 2, 3, 1.
b) 3, 1, 2. d) 2, 1, 3.

40 - Segundo Leônidas Hegenberg, na lógica e na matemática, "é" tem um único significado, que se indica usando o sinal de igual, "=". De acordo com tal afirmativa, um outro modo de se escrever "S é P" seria "S = P". Esse único significado é o de
a) desconstrução. c) falsidade.
b) identidade. d) idealidade.

41 - Em seu texto Sobre o ensino de filosofia, André Comte-Sponville, escreve que há uma crise no ensino da filosofia, o que implica a necessidade de se defender a filosofia frente ao filosofismo. Sobre essa questão é correto afirmar que
a) o filosofismo procura manter um trabalho filosófico baseado nas tradições do pensamento ocidental.
b) defender a filosofia é defender o amor ao saber frente aos debates de opiniões, o amor ao discurso e a tagarelice em sala de aula.
c) por filosofismo pode-se entender o amor ao conhecimento que gera um saber fruto de si mesmo.
d) a filodoxia deveria predominar em sala de aula, provocando, desse modo, uma curiosidade natural e uma sede de conhecimento nos alunos.

42 - Nos últimos anos, o ensino de filosofia passou por grandes mudanças, como por exemplo, a sua generalização, fato esse ocorrido pela saída desse ensino do âmbito das elites rumo à setores da sociedade no qual não se fazia presente.
Jacques Derrida, ao debater o assunto, propôs, nesse sentido, que o ensino de filosofia se processasse a partir de um princípio ético. Esse princípio é denominado princípio
a) do direito à filosofia para todos.
b) do direito à igualdade em filosofia.
c) de um ensino de filosofia das bases sociais.
d) de um ensino de filosofia em igualdade com as elites.

43 - Segundo Lídia Maria Rodrigo, o ensino de filosofia, frente às atuais perspectivas de generalização, tem, do ponto de vista didático, um grande desafio que reside em
a) saber como ensinar ou tornar acessível um saber especializado para um público mais vasto e menos qualificado.
b) manter o nível da qualidade do ensino de filosofia nos padrões anteriormente existentes.
c) não permitir a banalização do ensino de filosofia, mantendo-o para tanto, em sistemas de ensinos restritos.
d) saber como ensinar filosofia a quem chega ao ensino médio sem o mínimo de conhecimento formal adequado ao ensino de filosofia.

44 - Quanto ao ensino de filosofia, a Lei nº 11.684, de 2 de junho de 2008, alterou o artigo 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDBEN). Dentre as alterações, foi incluído o inciso IV que
a) tornou obrigatório o ensino de sociologia e o de filosofia no Ensino Médio.
b) sugeriu o ensino de filosofia e de sociologia na Educação Básica.
c) incluiu a disciplina de sociologia no primeiro ano do Ensino Médio e a disciplina de filosofia nos segundo e terceiro anos do mesmo nível.
d) incluiu a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do Ensino
Médio.

45 - Segundo as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, a presença da filosofia como disciplina deve-se efetivar de forma a consolidar seu espaço em sala de aula. Com relação à carga horária, a filosofia deve
a) ser trabalhada transversalmente, uma vez que há um grande número de disciplinas no quadro horário das escolas.
b) ser ministrada pelo menos uma vez por semana em conjunto com sociologia.
c) ter, no mínimo, duas horas-aulas por semana, como disciplina autônoma.
d) ocupar no mínimo uma hora-aula por semana em horário extra, como atividade complementar.

46 - Abaixo tem-se uma relação entre pensadores considerados fenomenólogos e algumas de suas obras. Marque a alternativa cuja relação entre pensador e obra está INCORRETA.
a) Maurice Merleau-Ponty - O Olho e o Espírito.
b) Max Scheler - A posição do homem no cosmos.
c) Jean Paul Sartre - Da reviravolta dos valores.
d) Martin Heidegger - Carta sobre o humanismo.

47 - Edmund Husserl (1859 - 1938) elaborou a Fenomenologia, que influenciou notadamente a filosofia no século XX. Quanto ao campo da estética, é correto afirmar que a Fenomenologia
a) introduziu a ideia dos fundamentos estéticos, como base para se estudar a manifestação do Belo como fenômeno.
b) não trabalhou diretamente com a estética, uma vez que a fenomenologia de Husserl tinha um modelo matemático e axiomático, baseado no racionalismo de Descartes, o que impossibilitava o desenvolvimento de um estudo do Belo.
c) utilizou-se da palavra fenômeno em seu significado no grego antigo, e afirmou não ser possível o conhecimento do Belo, pois ele tem uma característica de essência da obra de arte, não sendo assim, acessível, uma vez que só se pode conhecer os fenômenos.
d) introduziu o critério de que se deve recorrer à intuição dos fenômenos que se apresentam, de modo imediato, na experiência estética, antes de qualquer pressuposição acerca da Natureza do Belo ou da Arte.

48 - Friedrich Schiller (1759 - 1805), autor de Sobre a educação estética da humanidade, diz que existe no ser humano um impulso que o liga a matéria, sujeitando-o à natureza e um outro impulso, de ordem superior, que eleva o ser humano ao nível do pensamento racional e que aspira à permanência e à imutabilidade. Para superar o dualismo matéria e espírito que tal divisão sugere, Schiller admite a existência de um terceiro impulso. Assinale a alternativa cuja afirmação se relaciona corretamente com o terceiro impulso admitido por Schiller.
a) Impulso do equilíbrio: busca manter uma neutralidade entre matéria e razão, possibilitando a boa capacidade do julgar.
b) Impulso da realidade: faz o ser humano perceber a tensão dialética existente entre forma e matéria, possibilitando assim, a construção do real.
c) Impulso crítico: responsável por elaborar o senso crítico humano, capacitando o homem a conhecer o mundo possível de forma racional. Percebido por Kant, não foi por ele conceituado.
d) Impulso lúdico: concilia a matéria, presente aos sentidos, com a forma, ato do pensamento, que parece excluir o que é material e sensível. Exerce-se acima das necessidades naturais e independe dos interesses práticos. Apresenta-se como jogo estético.

49 - Batista Mondin demonstra que os estudos de antropologia filosófica adquiriram um novo rumo, depois da crítica kantiana à metafísica, dos progressos da ciência, da aquisição da consciência histórica e outros fatos. Tal mudança permitiu o estudo do humano em outras áreas, abandonando-se a metafísica. Nesse sentido, construíram-se novas imagens do homem. A partir do anteriormente exposto, relacione as novas imagens do antopos na segunda coluna, com os pensadores da primeira coluna que a desenvolveram.
1 - Karl Marx.
2 - Soren Kierkegaard.
3 - Singmund Freud.
4 - Paul Ricoeur.
5 - Martin Heidegger.
( ) Homem falível.
( ) Homem ex-istente.
( ) Homem econômico.
( ) Homem instintivo.
( ) Homem angustiado.
A sequência correta é
a) 4, 5,1, 3, 2 c) 3, 4, 1, 2, 5
b) 5, 2, 3, 1, 4 d) 2, 5, 3, 1, 4

50 - A morte apresenta-se varias vezes como fonte de dúvidas e questionamento para os seres humanos. Frente a esse sinal da finitude, pensadores se deparam com a necessidade de refletir sobre tal momento. Heidegger a descreve como um limite da existência humana. Tendo em vista essa questão e pensando sobre o material estudado para a prova, analise as assertivas abaixo.
I. Para Jaspers, só o homem tem consciência da morte e estamos a ela destinados. Para ele o temor da morte é o temor do nada, uma vez que não se sabe o que ocorre após tal fato.
II. Para Thomas Nagel, o ser humano não consegue conceber a não-existencia a partir de seu interno. Pensar a morte é, portanto pensar a partir do externo. Quanto ao fato do sentimento humano em relação ao morrer, esse sentimento varia de acordo com a concepção que se tem de morte.
III. Para Michel Serres, a morte apresenta-se como um constituinte da humanidade, pois os humanos são o que são, porque se aprende que se irá morrer. Tal fato levou a humanidade a criar um novo estatuto para o homem com as respostas encontradas nas novas tecnologias. A dor que a morte provoca, moveu novas civilizações ao longo da história humana.
Estão corretas as assertivas
a) II e III apenas. c) I e III apenas.
b) I, II e III. d) I e II apenas.

GABARITO:
11 D
12 A
13 A
14 C
15 D
16 C
17 C
18 D
19 B
20 A
21 B
22 D
23 D
24 B
25 A
26 D
27 A
28 B
29 B
30 A
31 C
32 C
33 D
34 C
35 B
36 B
37 D
38 B
39 C
40 B
41 B
42 A
43 A
44 D
45 C
46 C
47 D
48 D
49 A
50 B
(Comando da Aeronáutica - 2010)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

É. PODE SER...

                                           (www.michaelkingartwork.com)
Palestinos pedirão adesão plena à ONU, diz Abbas
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse nesta sexta-feira que pedirá que a Palestina se torne membro pleno da ONU durante a Assembleia Geral da entidade na próxima semana, intensificando uma disputa diplomática com Israel e Estados Unidos.

"Iremos às Nações Unidas pedir o nosso direito legítimo, obtendo adesão plena para a Palestina nessa organização", disse Abbas em discurso transmitido pela TV, indicando que pedirá votação sobre a questão no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Israel e EUA se opõem com firmeza a esse movimento, argumentando que o Estado palestino só poderá ser criado através de negociações diretas.

"Vamos ao Conselho de Segurança", acrescentou Abbas em meio a aplausos arrebatados da plateia formada por líderes palestinos. "Quanto a outras opções, ainda não tomamos uma decisão sobre elas", disse.

O governo norte-americano já disse que vai vetar qualquer resolução sobre um Estado palestino no Conselho de Segurança e alguns políticos dos EUA disseram que vão tentar cortar a ajuda do país aos palestinos, num total de 500 milhões de dólares por ano, se eles se recusarem a voltar atrás.

Se os Estados Unidos vetarem a resolução, os palestinos podem então tentar a Assembleia Geral da ONU. Ela não tem o poder de lhes dar a adesão, mas pode reconhecer a Palestina como um estado não membro.

Isso daria aos palestinos o possível acesso a outros órgãos internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional, onde poderiam processar Israel pela longa ocupação da Cisjordânia.

Abbas disse que queria ver um Estado palestino reconhecido tendo como base as linhas traçadas em 1967, incluindo a Cisjordânia, o leste de Jerusalém e a Faixa de Gaza, acrescentando que isso então iria capacitar os palestinos a retomarem as negociações com Israel.

Ele destacou que qualquer protesto popular em apoio a sua iniciativa deveria ser pacífico.

Israel teme que a ida à ONU possa provocar violência na Cisjordânia e já colocou suas forças em alerta máximo na área.

Abbas deve discursar na Assembleia Geral da ONU em 23 de setembro, quando iria apresentar a oferta de adesão plena da Palestina.

(Reportagem de Tom Perry/REUTERS)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

TEM QUE RIR PARA NÃO CHORAR

Um homem deixou as ruas frias do inverno de Curitiba para umas férias na ensolarada Fortaleza. Sua esposa estava viajando a negócios e combinou encontrá-lo no Ceará, no dia seguinte. Quando chegou ao hotel, o homem resolveu enviar-lhe um e-mail. Como não anotara o endereço eletrônico, tirou da memória o que lembrava e ficou torcendo para que estivesse correto. Infelizmente ele errou uma letra, e a mensagem foi para uma senhora, cujo marido havia morrido recentemente. Ao checar seus e-mails, ela deu um grito de profundo horror e caiu morta no chão. Ao ouvir o grito, sua família correu para o quarto. Na tela do monitor: estava a seguinte mensagem:
"Querida , Acabei de chegar. Foi uma longa viagem. Apesar de só estar aqui há poucas horas, já estou gostando muito. Falei aqui com o pessoal e está tudo preparado para sua chegada amanhã. Tenho certeza que você também vai gostar. Beijos do seu eterno e amoroso marido. 
PS: Está fazendo um calor infernal aqui !!!!"

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

REFLEXÕES DE BARBEARIA

 Quando sua mulher fica grávida, todos alisam a barriga dela e dizem "parabéns". Mas ninguém apalpa seu saco e diz "bom trabalho".

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ANA, ERA UMA VEZ...

 O burro que vestiu a pele de um leão

Um burro encontrou uma pele de leão que um caçador tinha deixado largada na floresta. Na mesma hora o burro vestiu a pele e inventou a brincadeira de se esconder numa moita e pular fora sempre que passasse algum animal. Todos fugiam correndo assim que o burro aparecia. O burro estava gostando tanto de ver a bicharada fugir dele correndo que começou a se sentir o rei leão em pessoa e não conseguiu segurar um belo zurro de satisfação. Ouvindo aquilo, uma raposa que ia fugindo com os outros parou, virou-se e se aproximou do burro rindo:

- Se você tivesse ficado quieto, talvez eu também tivesse levado um susto. Mas aquele zurro bobo estragou sua brincadeira!

Moral: Um tolo pode enganar os outros com o traje e a aparência,
mas suas palavras logo irão mostrar quem ele é de fato.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

REVISÃOZÃO: NAZISMO.

 A Cruz de Giz

"Eu sou uma criada. Eu tive um romance
Com um homem que era da SA.
Um dia, antes de ir
Ele me mostrou, sorrindo, como fazem
Para pegar os insatisfeitos.
Com um giz tirado do bolso do casaco
Ele fez uma pequena cruz na palma da mão.
Ele contou que assim, e vestido à paisana
anda pelas repartições do trabalho
Onde os empregados fazem fila e xingam
E xinga junto com eles, e fazendo isso
Em sinal de aprovação e solidariedade
Dá um tapinha nas costas do homem que xinga
E este, marcado com a cruz branca
ë apanhado pela SA. Nós rimos com isso.
Andei com ele um ano, então descobri
Que ele havia retirado dinheiro
Da minha caderneta de poupança.
Havia dito que a guardaria para mim
Pois os tempos eram incertos.
Quando lhe tomei satisfações, ele jurou
Que suas intenções eram honestas. Dizendo isso
Pôs a mão em meu ombro para me acalmar.
Eu corri, aterrorizada. Em casa
Olhei minhas costas no espelho, para ver
Se não havia uma cruz branca."
(Bertolt Brecht)

domingo, 11 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

PHISOLOFANDO

 A estrutura do pensar chinês
André Bueno
Universidade Gama Filho, Brasil

Minha preocupação inicial neste artigo é falar um pouco sobre este tema tão pouco (e mal) conhecido por nós, ocidentais, que é o pensamento chinês. Constantemente banalizado por abordagens superficiais, amalgamado numa miragem espetacular que mescla todo o mundo oriental como se fosse um só, associado a um fascínio pelo exótico e místico que em nada serve ao seu esclarecimento, o pensar chinês continua a ser uma incógnita para grande parte do público, leigo ou acadêmico no Ocidente. Ele açambarca, de forma ativa, quase um quarto da população do mundo atual (somando-se a China e países que absorveram sua influência) e tem uma tradição histórica que continua viva, mesmo tendo se originado há mais de três milênios. É-nos lícito, pois, deixá-lo de lado?

O pensamento chinês possui uma singularidade toda própria em relação ao conhecimento desenvolvido na Índia e Pérsia antigas. Organicista, quase "fechado em si próprio", o mesmo admite, porém, todo e qualquer câmbio de idéias com outros sistemas filosóficos — ainda que isso pareça uma grande contradição. Abrangente, universalista, gerou uma ciência que permeia todas as atividades intelectuais, artísticas e culturais da China "tradicional", cuja eficácia têm sido gradualmente comprovada e compreendida.

O que é, então, este pensar chinês? Seja ou não ele uma Filosofia, como muitos autores ocidentais têm discutido, sua importância simplesmente ultrapassa a necessidade de enquadrá-lo numa categoria ou ramo do conhecimento (ver Cheng, 2003 e Jullien, 2002). Precisamos, no entanto, conhecer melhor suas origens. Historicamente, o pensamento chinês vem recebendo uma grande atenção a partir do período do (século) VI a.C., quando um contexto de crise social iniciou a criação de uma série de escolas preocupadas em formular propostas de reforma política e cultural que pudessem retomar a idéia de uma antiga harmonia perdida. Até recentemente, a maior parte dos estudos centrou-se nesta perspectiva, pondo de lado a investigação do panorama intelectual que o teria precedido. Com o advento de um maior intercâmbio entre pesquisadores ocidentais e China nas décadas de 60 e 70, o aprofundamento das pesquisas levou a inferência de uma estrutura do pensar chinês que teria organizado os eixos temáticos e as linhas de diálogo empregadas em seu desenvolvimento desde o século X a.C. (no mínimo). É esta estrutura que buscaremos analisar, ainda que de forma introdutória, neste artigo.

O pensar e a imanência
O pensamento chinês está propenso a aceitar o conceitual filosófico como algo imanente ao ser humano. A imanência (aqui utilizando a acepção ocidental da palavra) é, aí, a base da realidade material, no qual ela se concretiza. Não há, pois, uma dualidade do ser; ele é um compósito de ambas as realidades (material e imaterial) que se harmonizam num regime de oposição complementar, e a concepção de transcendência, numa acepção exteriorizante — tal como é encontrada num sentido bíblico ou ocidental (Jullien, 1998: 103-104) — é, no pensar chinês, meramente o encontro do equilíbrio entre os opostos. Por outro lado, este ponto de vista admite que todo o ser, em qualquer parte do mundo, possui a capacidade de "pensar filosoficamente", e compreender o sentido universal daquilo que é tratado no âmbito cultural (ou seja, o conceito em si, a "idéia filosófica").

Assim sendo, os conceitos já estão presentes em todo o lugar; onde existe um ser humano, eles podem ser inferidos. O que ocorre, porém, é que as necessidades específicas de um ser (ou um grupo de seres) os fazem buscar, em primeiro lugar, aquilo que lhes parece ser mais importante numa determinada lógica da construção do conhecimento. Eis porque, para o sábio chinês, as idéias são as mesmas, apesar de possuírem nomes diferentes (ou seja, a maneira como são apresentas como conceitos); são universais, apesar de serem trabalhadas de formas variadas pelas culturas; e, por fim, surgem quando o pensador torna-as necessárias para ordenar o mundo, pois a natureza é atemporal e imanente, e por isso suas formas são, ao mesmo tempo, mutáveis e permanentes. Daí porque não é estranho para o pensamento chinês, por exemplo, afirmar que Aristóteles tenha proposto algo semelhante a Confúcio; se uma idéia é algo que o "próprio céu criou", como ambos não haveriam de compreendê-la?

As origens cosmológicas
Precisamos, no entanto, entender como surgiram estas concepções que ordenam o pensamento chinês e suas formas de agir. Historicamente, as reflexões sobre estes princípios cosmológicos parecem ter surgido bem antes do período das "Cem Escolas de Pensamento" (VI — IV a.C.) — quando ocorreu a grande sistematização das escolas filosóficas — mas foi através dos textos produzidos nesta mesma época que ele pôde ser por nós inferido. Não parece estranho aos sinólogos que autores como Confúcio ou Laozi não tenham despendido páginas para explicar as bases do seu pensar, na medida em que este devia ser-lhes tão familiar quanto o era para seus discípulos. As discussões centraram-se, pois, na maneira de interpretar os conceitos e de como aplica-los em fórmulas que pudessem responder às demandas deste período conturbado para história chinesa.

Em torno dos séculos II-I a.C., durante a dinastia Han, a exegese dos textos clássicos levou uma geração de pensadores chineses a formular propostas filosóficas que condensassem os saberes das antigas escolas (confucionista, daoísta, cosmogonita, entre outras) ensejando, desta maneira, a criação de textos cujo conteúdo apresentado demandava, necessariamente, algumas explicações complementares para sua compreensão. Neste contexto é que surgem o Huainanzi, de Liu An, e o Chunqiu Fanlu, de Dong Zhong Shu, que pela primeira vez ordenam e sintetizam, de forma cosmológica, este conceitual antes disperso, de modo fragmentário, entre os textos antigos. Esta cosmologia tem uma importância fundamental para o pensamento chinês, pois ela constitui a estrutura de todas as suas ciências e nos permite compreender os paradigmas sobre os quais os pensadores clássicos montaram suas propostas. Tão importante quanto, é o fato desta ser uma cosmologia criada com base numa observação do material, do físico, não se tratando, assim, de uma cosmogonia. A China, aliás, parece se destacar entre as civilizações por ser, talvez, a única que não possui um mito de criação autêntico. Se o tiveram, era tão pouco importante que não fizeram nenhuma menção a sua existência. Somente na época dos Han é que um mito deste gênero viria fazer parte do folclore chinês, tendo sido importado provavelmente das áreas que haviam sido recentemente conquistadas no sul do território; e ainda assim, seria um elemento deslocado da mitologia tradicional, não sendo comentado pelos historiadores e pensadores da época (Watson, 1969: 11-15 e Campbell, 1999: 291-300).

Este pensar chinês que aparece então no Huainanzi e no Chunqiu Fanlu se constrói, portanto, a partir da admissão de que tudo no universo possui um Li, ou princípio. Li também pode ser traduzido como forma ou estrutura. Devemos entender Li, por conseguinte, pela concepção de princípio gerador ou ordenador nele contido. O ideograma Li é formado pela palavra Jade (Yu) aglutinado à palavra Campo, Lugar (Li), que é representada por um campo arado, uma lavra. A junção dos dois indica que o princípio pode ser inferido pela percepção de uma forma subjacente na matéria, determinada pela conformação dos veios (a lavra) da pedra de jade (Wilder & Ingram, 1974: 114). Similarmente a experiência psicológica atual que nos propõe visualizar imagens em manchas de tinta, os antigos chineses acreditavam que o princípio de algo já estava contido na matéria e podia ser imaginado, portanto, antes sua manifestação. Como o diamante, o jade só pode ser esculpido se lapidado de acordo com os veios da pedra, senão esfacelar-se-á. "Se o pensamento grego está impregnado do espírito do oleiro, que trabalha a massa amorfa da argila, primeiro moldada e logo formada inteiramente segundo a idéia do artesão, temos visto que o pensamento chinês esteve marcado pelo espírito do lapidário, que experimenta a resistência do jade e emprega toda sua arte tão somente em tirar partido do sentido destes pedaços de matéria bruta, para extrair o que nela preexistia e da qual nada podia se ter idéia antes de ser descoberta" (Vandermeersch, 1980: 285, t. II).

Os veios mostram o princípio: ele já está contido na pedra, e é necessário manifestá-lo. Mas o que são os veios? Os veios são espaços vazios (Kung) na pedra. É o nada, pois, que dá origem a forma. É o vazio que conforma a matéria, é o nada que ordena o que existe. "trinta raios unem um eixo, mas a utilidade da roda vem do vazio; queima-se barro para fazer um pote, mas a utilidade do pote vem do vazio; fazem-se janelas e portas num quarto, mas a utilidade de um quarto vem do vazio" (DDJ, 11).

A analogia da pedra de jade foi utilizada pelos chineses para demonstrar que o vazio é o gerador do princípio na matéria. "Houve a mutação suprema, houve a partida suprema, houve a gênese suprema, houve a suprema simplicidade; no momento da mutação suprema não se via a energia, o impulso supremo é a gênese da energia; esta gênese suprema foi o início da forma corporal, a simplicidade suprema foi a gênese da matéria" (LZ, 1). Assim, vazio e matéria (Qi, também chamado de energia, vapor) são oposições básicas e complementares, geradoras da dualidade universal que se estrutura pelo binômio taiji (?), composto por yang e yin. "O Grande Começo produziu em sucessão o vazio, o cosmo, o Qi , o Yin e o Yang, e, finalmente, a forma material" (HNZ, 3). Estes dois termos representam idéias de oposição, sendo respectivamente: luminoso e obscuro, macho e fêmea, cimo e baixo, fogo e água, etc. Tudo no universo tem seu oposto. Se não o tiver, não existe. Por yang e yin tudo se manifesta. Só existe matéria por causa do vazio e vice-versa. O taiji nos mostra, porém, que um engendra o outro. Um possui a semente do outro, e no movimento cíclico de mutação universal, eles se alternam constantemente no poder. Somente da cópula destes dois é que pode haver a geração da natureza: da junção de macho e fêmea é que nasce o filho; "o um gera o dois, o dois gera o três e o três gera as dez mil coisas — e todas as coisas possuem yin, possuem yang e a mistura do Qi gera a harmonia." (DDJ, 42). Ou seja, o princípio se manifesta pela dualidade e se concretiza na geração. "Houve um Começo, um começo anterior a Este Começo, e um começo anterior a ambos" (HNZ, 2). O "filho" é o três, portanto; ele pode ser representado de oito formas diferentes (oito estados essenciais da natureza), correspondentes a predominância de yang ou de yin em sua conformação. São os conjuntos de três linhas que representam os bagua (oito trigramas básicos) componentes do Yijing, (Tratado das mutações), representações da imanência concretizada (Jullien, 1998b). O "filho" é, assim, a primeira manifestação material da natureza; de acordo com sua forma yang-yin, ele pode ser o Céu, a Terra, o Trovão, a Água, a Montanha, o Vento, o Fogo ou o Lago. (YJDX, 1:1, 2:1) .

Estas classificações foram obviamente geridas segundo um critério que hoje aparentemente não conhecemos bem. Para o sábio chinês, porém, estas oito forças são fundamentais para compreender a maneira como a natureza e o universo são compostos e estão estruturados. Eles nos mostram que o cosmo tem um padrão criativo, ou seja, um ritmo; este ritmo, porém, é ditado pelo seu inverso, que é justamente a mutação. Por este motivo os guas estão em constante transformação, gerando os hexagramas, as linhas, etc. Logo, para tudo que é imutável há uma forma mutável. O ser humano, como manifestação do processo criativo dinâmico dos oito estados essenciais não escapa (e nem poderia) a esta regra; seu Li, ou princípio, determina que ele nasça tal como um humano, ou seja, filho de pais humanos, com braços, pernas, cabeça, etc. No entanto, nenhum ser humano é igual ao outro; isso só acontece porque o Li imutável é regido por um Li mutável. Assim é que, desde cedo, os chineses tenderam a considerar que, perante a natureza, todos os seres humanos são iguais e, ao mesmo tempo, diferentes. Todos são humanos e, ainda assim, cada um o é de maneira específica. Isto se dá porque no momento em que as forças da natureza engendram um ser, elas o fazem segundo o padrão imutável-mutável, ou seja, seguindo o ritmo, o padrão criativo, mas ao mesmo tempo, nunca gerando um ser igual a outro.

Tal circunstância não significa, porém, que um ser vem a ser "melhor" ou "mais útil" do que outro. "[Embora os seres vivos] difiram em sua natureza e destino, (...) todos vêm do mesmo Grande Começo, (...) com referência ao qual o homem puro não faz distinção". (HNZ, 8). Cada um tem uma propensão natural (shi), pelo qual encontra o seu estado de equilíbrio ideal. Esta propensão das coisas é que permite saber qual o melhor caminho para o ser realizar-se como tal (Jullien, 2000b). Ela demonstra, de acordo com a conformação do mesmo, quais são suas aptidões, defeitos, fraquezas, forças, etc. e, sabendo disto, aquele que busca equilibrar-se pode fortalecer o que é bom e minimizar o que é ruim. Pode, então, alcançar o máximo de sua eficácia.(Jullien, 2000; 183-217)

Propensão, energia e caminho
Mas para saber qual a sua propensão, o ser tem que buscar compreender como ele se compõe. As manifestações primeiras da natureza são energias geradoras, mas não são, em si, aquilo que constitui o ser, na medida em que cada uma delas é composta, também, por uma modalidade de condensação de Qi (matéria, energia, vapor). "O universo se recria perpetuamente em uma evolução constante, em uma criação e um fim contínuo, a partir de um único elemento, a energia primordial, que não é nem matéria nem espírito" (HGZ,1). "Um ser humano deve sua vida a uma condensação de Qi. Quando o Qi se condensa há vida, quando se dispersa, há morte" (ZZ, 22).

A concepção do Qi que é representada em seu ideograma manifesta a idéia do vapor d'água saindo de uma panela de arroz em cozimento. Este vapor pode se condensar e virar novamente água, ou, no frio, se congelar e virar uma pedrinha de gelo; ou ainda, o vapor simplesmente escapa, continuando em seu estado fátuo. Extraindo desta analogia uma concepção profunda acerca de estrutura da matéria, os chineses preocuparam-se, porém, em entender como o Qi funcionava em suas manifestações. A primeira delas foi admitir que o Qi era um concretizador dinâmico do Li, como nos diz Zhuangzi; "Todas as espécies vêm de germens. Certos germens, caindo na água, tornam-se lentilhas —d'água (...) tornam-se liquens (...) que produzem (=alimenta) o cavalo, que produz (ibidem) o Homem. Quando o Homem envelhece, torna-se gérmen outra vez". (ZZ, 22). Ou seja, Qi pode adquirir várias conformações, mas o ser, de fato, é a manifestação de um Li. Para explicar como o Qi sofre estas variações, surgiu então a teoria das cinco fases (wuxing, erroneamente chamados de "cinco elementos"), que explicam, por conseguinte, como o Qi se concretiza em uma determinada circunstância, suas propriedades, e a incidência de cada uma destas conformações sobre a natureza. Tradicionalmente esta teoria é atribuída a Zouyan, do século IV a.C., mas os primeiros textos relativos à mesma já aparecem anexados ao Shujing (Tratado dos Livros) e ao livro Yueling do Liji (Livro dos Rituais), ambos livros coligidos por Confúcio, o que significa que estes escritos podem ter sido inseridos num período posterior aos séculos VI-V a.C. ou a análise de Zouyan é uma re-interpretação dos mesmos (Cheng, 2003: 217-220). No entanto, a apresentação formal desta teoria só viria a surgir com Lubuwei (Lushi Chunqiu) e com o já citado texto de Dong Zhong Shu (Chunqiu Fanlu) (ibidem, 217-218). O texto que mais nos interessa, neste caso, é o Chunqiu Fanlu, pois ele apresenta, para nós, a correlação das cinco fases do Qi (fogo, água, metal, madeira e terra) com a dinâmica do corpo humano, sustentando uma relação entre a constituição do ser e a identificação de sua propensão natural. (CQFL, 42). Esta relação, porém, é cuidadosa e profunda, pois Dong — como confucionista que era — admitia que era necessário, antes de tudo, que o ser buscasse o conhecimento para saber qual sua propensão; "a presente geração é ignorante sobre a natureza humana" (CQFL, 35).

A propensão, porém, é apenas o efeito, no material, do meio pelo qual se manifesta o Li. Há algo, portanto, mais importante a ser buscado; o Dao. Dao significa A via, O caminho. É a regra pelo qual se alcança a harmonia perfeita com a natureza, a compreensão de todo este sistema e o funcionamento adequado para com o mesmo. É atingir o Li supremo, através da descoberta do Li pessoal. Cumprir o Dao é cumprir o ciclo da existência, é compreender o que essa manifestação particular do Li no ser humano (shen, ou "espírito") tem de fazer, e fazer por ela própria; é encontrar o ritmo da existência. Dao, portanto, pode ser, inclusive, todo o sistema (o cosmo). Mas estas são apenas aproximações que podemos fazer de um termo intraduzível, inclusive para os próprios chineses. "O dao que pode ser dito não é o dao; o nome que pode ser dito não é o nome" (DDJ, 1); "escuta o dao de manhã, e poderá morrer feliz a noite" (LY, 4); "o dao, por sua própria natureza, não pode ser definido — eis porque surgem as distinções entre as palavras" (ZZ, 2).

Conclusão
Encontrar o Dao será, pois, a grande busca daqueles autores que, depois do sexto século a.C., se propuseram a solucionar os problemas da sociedade chinesa através de suas formulações teóricas. Para o eminente Confúcio, divisor de águas deste pensar filosófico chinês, a resposta apareceria no primeiro capítulo do Zhong Yong, texto coligido pelo seu neto (e igualmente sábio) Zisi: "o que o céu concedeu ao ser é chamado natureza humana; seguir esta natureza é chamado caminho; seguir (cultivar) o caminho é chamado instrução" (ZY, 1) Para encontrar o caminho, Confúcio propôs o estudo, a instrução; e esta educação destinava-se a permitir que o ser pudesse encontrar sua real natureza (princípio), atingindo o Dao, o equilíbrio com a natureza e o Céu (Tian, aqui, entendido como natureza, cosmo). Laozi, o grande mestre da escola daoísta, iria afirmar, porém, que trilhar o dao consiste exatamente na prática de uma ação isenta de propósito (wu-wei), ou seja, "suster todas as coisas em seu estado natural"(DDJ, 64). Tendo apenas estes dois pensadores por baliza, observamos que a busca do caminho poderia ser feita simplesmente por vias opostas! E poderia ser diferente? Se o Dao tudo abrange, e se cada ser tem sua propensão pessoal, como não pensar, pois, que cada via, mesmo sendo diferente, não seria válida? Diz o Lunyu: "O mestre é sem idéia, sem necessidade, sem posição e sem eu" (LY, 9). (O Mestre não possui idéias sem fundamento, nem privilegia concepções; não necessita de posição, seu ponto de partida é si próprio, não predetermina coisas, nem faz afirmações categóricas, sendo sem preconceito; não se posiciona, não se obstina, tem o que é correto para si mas está aberto ao estudo; e, por fim, não é egoísta, egocêntrico, pedante, não visa o particular no universal, mas o universal no particular.) Eis a flexibilidade que delineará o surgimento de inúmeras escolas de pensar na China Antiga; e, salvo alguns casos de uma ou outra corrente mais radical, esta "filosofia" tornar-se-ia, em todo o seu desenvolvimento, permeável e aberta ao diálogo intercultural, conquanto fossem respeitadas suas bases originais.

Abreviaturas
* CQFL — Chunqiu Fanlu (Gemas Preciosas das Primaveras e Outonos, de Dong Zhongshu)
* DDJ — Daodejing (Tratado do caminho e da Virtude, de Laozi)
* HGZ — Heguanzi (O Sábio Heguan)
* HNZ — Huainanzi (O Sábio Huainan, de Liuan)
* LY — Lunyu (Diálogos, de Confúcio)
* LZ — Liezi (Livro de Liezi, também chamado Tratado do Vazio Perfeito)
* YJDX — Yijing Daxue (Grande Estudo sobre o Tratado das Mutações)
* ZY — Zhong Yong (O Justo Meio, de Confúcio e Zisi)
* ZZ — Zhuangzi (Livro de Zhuangzi)

Bibliografia
* CAMPBELL, J. As Máscaras de Deus. SP: Palas, 1999
* CHAN, W.T. Sourcebook in Chinese Philosophy. Princeton: PUP, 1963.
* CHENG, A. Historia del pensamiento chino. Madrid: Bellaterra, 2003.
* ELORDUY, C. El humanismo Politico Oriental. Madrid: Edica, 1976
* EYSSALET, J. Shen ou o Instante Criador. São Paulo: Gryphus, 2003.
* GRANET, M. O Pensamento Chinês. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
* GUERRA, J. Quadrivolume de Confúcio. Macau: Jesuítas de Macau, 1980.
* JOPERT, R. O Alicerce Cultural da China. Rio de Janeiro: Avenir, 1979.
* JULLIEN, F. "Sagesse ou Philosophie?" in La Philosophie et l'etique. V. 11 de Universite de tous les saviors. Paris: Odile Jacob, 2002
* _________. O Sábio não tem idéia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
* _________. "Entrevista com F. Jullien" in Cadernos de Filosofia Contemporânea, v. 1 Rio de Janeiro: UERJ, 1999. p.103-104. Sobre a questão da imanência, ver também Figuras da Imanência. São Paulo: Editora 34, 1998
* _________. Figuras da Imanência. São Paulo: Editora 34, 1998b.
* _________. Tratado da Eficácia. São Paulo: Editora 34, 1998c.
* _________. Zhong Yong — La regulation à usage ordinaire. Paris: Imprimerie Nationale, 1998
* _________. La Propensión de las cosas. Barcelona: Antrophos, 2000b.
* KALTENMARK, M. La Filosofia China. Madrid: Morata, 1982.
* SPROVIERO, M. Daodejing de Laozi. São Paulo: Hedra, 2002.
* VANDERMEERSCH, L. Wang Dao ou la voie royale. Paris: EFEO, 1977 —1980, 2 vols.
* WATSON, W. A China Antiga. Lisboa: Verbo, 1969.
* WILDER, G. & INGRAM, J. Analysis of chinese characters. New York: Dover, 1974.
* WILHELM, R. I Ching. São Paulo: Pensamento, 1988.

(http://criticanarede.com/his_chines.html)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

É. PODE SER...

 Os novos caras-pintadas
Os obstáculos sugerem que o movimento popular deva procurar se estruturar em torno de objetivos bem definidos, e estabelecer linhas de ação que lhe permitam impactar diretamente o processo político

Os protestos contra a corrupção ocorridos simultaneamente em Brasília, São Paulo e outras capitais em pleno 7 de Setembro, dia em que o Brasil comemora seu nascimento como nação, deixaram no ar uma esperança, uma certeza e inúmeras perguntas. A esperança é de que este não seja o ápice, mas apenas o começo de uma grande mobilização nacional, de caráter cívico e apartidário, capaz de unir o povo brasileiro para além da diversidade cultural, ideológica e econômica, em torno de uma causa justa e comum.

A certeza é de que a Marcha Nacional contra a Corrupção surpreendeu quem esperava menos. Ao colocar 25 mil manifestantes nas ruas de Brasília, o protesto mostrou que existe muita gente no Brasil que não se contenta em reclamar da corrupção e da impunidade, mas busca formas legítimas de se organizar para pressionar as autoridades e exigir mudanças. As perguntas são quanto ao alcance imediato do movimento e suas possíveis implicações futuras.

O caráter genérico do protesto fortalece todos aqueles que, no âmbito dos três poderes e em todos os níveis de governo, batem-se por práticas honestas e pelo uso correto do dinheiro público. Por extensão, uma das consequências previsíveis é um respaldo maior para os setores do governo, do PT e da bancada governista que veem com bons olhos a "faxina" realizada em alguns ministérios, contra aqueles que acham que a presidente Dilma precisa contemporizar. A equação da governabilidade, que tem sido preocupação constante desde o início do atual governo, não exclui um posicionamento maduro, claro e bem verbalizado da população, cuja abstinência política é condição primeira para um eventual isolamento da presidente.

Outras possíveis repercussões dependerão dos caminhos trilhados a partir daqui pelo movimento popular, que não pode viver só de passeatas, mesmo porque isso tende a cansar com o tempo. A história recente do Brasil mostra que buzinaços e caras-pintadas (inseridos, obviamente, numa conjuntura mais ampla) podem até ajudar a derrubar um presidente, mas não são o bastante para sanear a vida pública.

A política brasileira manteve índices vergonhosos de corrupção depois da queda de Fernando Collor e, de certa maneira, tornou-se até mais impudica, já que a sociedade não foi capaz de se articular para combater de frente os corruptos, por seus próprios meios. Tentativas de forçar soluções institucionais, como o projeto de lei de iniciativa popular que deu origem à Lei da Ficha Limpa - assim como propostas gestadas no seio do Congresso, como o projeto de lei complementar em tramitação no Senado, que define a corrupção como crime hediondo -, enfrentam a resistência dos políticos, que cada vez mais se assumem corporativistas e fisiológicos.

Os obstáculos sugerem que o movimento popular deva procurar se estruturar em torno de objetivos bem definidos, e estabelecer linhas de ação que lhe permitam impactar diretamente o processo político e eleitoral. Uma estratégia ao alcance de todos é aquela adotada por portais como "Transparência Brasil" e "Congresso em Foco", que reúnem informações sobre os candidatos, analisam sua atuação parlamentar e fazem o inventário de processos cíveis e criminais em que estejam envolvidos. A capacidade de ajudar o eleitor a separar o joio do trigo é uma virtude ainda pouco explorada da internet, que pode ter grande influência nas urnas, à medida em que as informações sejam replicadas infinitas vezes e que um público significativo tenha acesso a elas.

Protestar é preciso e os brasileiros precisam deixar claro, nas praças e nas ruas, que não toleram a corrupção. Mas cabe-lhes também assumir formas de atuação política que vão além dos protestos. O desafio é grande, mas os instrumentos estão à mão e o que não falta, como se viu pelos acontecimentos de quarta-feira, é gente disposta a participar. Talvez o futuro reserve boas surpresas para quem torce pelo Brasil.

(Notícia publicada na edição de 09/09/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

ANA, ERA UMA VEZ...

O burro e seu condutor

Um burro que estava sendo conduzido por uma estrada conseguiu se soltar de seu condutor e saiu correndo o mais depressa que pôde, na direção de um precipício.
Já ia caindo quando seu condutor chegou correndo e conseguiu segurar seu rabo.
Começou a puxar o burro pelo rabo com toda a força, tentando levar o animal para um lugar seguro.
O burro, porém, aborrecido com a interferência, fazia força na direção oposta, e o homem acabou sendo obrigado a largá-lo.
- Bom, Jack – disse o condutor -, se você quer dar as ordens, não posso impedí-lo.

Moral: Os animais teimosos devem seguir seus caminhos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

REVISÃOZÃO: CRISE DE 29.

Antecedentes
No primeiro ano da administração do presidente Herbert Hoover (1929-1933), as bases económicas dos Estados Unidos da América foram profundamente abaladas pelo pânico na Bolsa de Valores de 1929. Durante o boom económico do período do pós-Primeira Guerra Mundial, muitos americanos investiram as suas poupanças em movimentos especulativos.
A época de prosperidade verificada entre 1925 e 1929 desviava as atenções de uma estrutura económica frágil nos países industrializados. A atividade bolsista era bastante ativa, facilitada pelo crédito facilmente acessível e pela especulação. Mas em 1929 a crise económica era por demais evidente.
Assistia-se então à descida de preços do ferro e do cobre, ao crescimento dos stocks industriais, à descida dos lucros de indústrias como a automóvel. Em muitos países as taxas de desconto foram aumentadas para impedir a fuga de capitais; o acesso ao crédito tornava-se mais difícil.
Em outubro de 1929 a incrível onda de compras, efetuadas durante a Administração Hoover, estava completamente saturada e deu então lugar a uma igual febre de vendas. Os preços caíram drasticamente, arrastando consigo uma imensidão de investidores que perderam todo o seu investimento.
Nesse mesmo mês estava iminente o colapso da Bolsa Americana. A quebra da cotação das ações na Bolsa de Nova Iorque ameaçava o influente Grupo Morgan, que aplicou grandes quantidades de dinheiro na compra de ações, não conseguindo, no entanto, travar a crise.
A 24 de outubro, o pior dia desta corrida de vendas, conhecido na história mundial como a "Quinta-Feira negra", cerca de 16 milhões e meio de títulos foram postos em circulação na Bolsa de Valores de Nova Iorque sem encontrarem qualquer tipo de procura por parte dos compradores. Esta situação gerou o pânico e o desespero, um sentimento que se alastrou a todo o Mundo. Não devemos esquecer que, depois da Primeira Guerra Mundial, grande parte do mundo europeu ocidental estava dependente dos empréstimos e dos capitais norte-americanos, essenciais à reconstrução dos países e suas economias. Meses depois destes acontecimentos, o Grupo Morgan deixou os títulos que comprara, vindo deste modo a agravar ainda mais a crise.
No final de 1929 a queda das ações atingira cerca de 15 biliões de dólares (valores da época).
Os pequenos acionistas, na impossibilidade de pagarem as dívidas contraídas, arrastaram consigo a falência de muitos bancos. O crédito, o consumo e os salários baixaram, enquanto que se multiplicavam as falências e as taxas de desemprego.
Em todo o Mundo se sentiu as repercussões desta crise, sobretudo os países dependentes do crédito americano. Os preços dos produtos agrícolas diminuíram, as matérias-primas e os alimentos foram afetados, as trocas industriais baixaram e o escoamento das produções era cada vez mais difícil.
Esta crise económica, conhecida por A Grande Crise do Capitalismo ou Ano Negro em Wall Street, acarretou fortes tensões sociais, nomeadamente de origem rácica; as taxas de nupcialidade registaram uma quebra e a idade de casamento foi por sua vez alterada.
O capitalismo entrava numa época de crise, pois tinha caído em descrédito com a explosão desta grave crise económica que degenerou numa multiplicidade de problemas de ordem social e política. A falta de credibilidade do sistema capitalista abriu caminho a um conjunto de ideologias e de propostas políticas de um teor mais conservador e consequentemente menos tolerantes ou recetivas à resolução de determinados problemas. Neste contexto de instabilidade surgiu, por exemplo, o fascismo na Itália, com Benito Mussolini, ou o nacional-socialismo na Alemanha, que evoluiu para o nazismo, um regime fascista liderado por Adolf Hitler.

"Crack"
A chamada Quinta-feira negra foi o desastre na economia americana que precipitou a Grande Depressão dos anos 30. A crise económica estalou na América do Norte e estendeu-se à Europa e a outras áreas industrializadas do mundo.
No final dos anos 20, o mercado de ações da Bolsa de Valores de Nova Iorque, nos Estados Unidos, esteve sujeito a uma grande expansão que atingiu o seu auge no fim do mês de agosto de 1929. Os preços entraram em baixa nos meses de setembro e outubro, mas a especulação continuou. A 18 de outubro, o valor das ações sofreu uma queda vertiginosa e o primeiro dia de grande pânico deu-se a 24 de outubro de 1929, dia conhecido como Quinta-feira negra.
Com o colapso das estruturas financeiras do país, esse dia deu início à mais severa e prolongada Depressão experimentada pelo mundo ocidental industrializado. A crise só terminou dez anos depois e trouxe consequências nefastas sobretudo para as classes trabalhadoras. Para além de ter levado à ruína centenas de investidores particulares, a Depressão criou grandes dificuldades aos bancos (dos 25 000 existentes nos Estados Unidos, 11 000 declararam falência) e outras instituições financeiras.
As dificuldades só puderam ser ultrapassadas graças à implementação de um rigoroso plano de recuperação social e económica, da responsabilidade do presidente Franklin D. Roosevelt, plano que ficou conhecido pelo nome de New Deal.

New Deal
O New Deal, um plano de recuperação da economia dos EUA, foi levado a cabo com sucesso pelo presidente Franklin D. Roosevelt após o desastre bolsista da Quinta-feira negra de 1929.
A Primeira Guerra Mundial gerou, nos EUA, um aumento espetacular da produção agrícola e industrial, acionando paralelamente, de forma rápida e sem precedentes, uma explosão no seu mercado financeiro, reforçando o valor do dólar à escala mundial. Novos métodos de produção (estandardização e produção em série, por exemplo) e concentração empresarial tornam o panorama produtivo americano ainda mais concorrencial e rentável. A Europa sentiu todo esse desenvolvimento americano, principalmente através dos investimentos - em forma de empréstimos - na banca e na indústria, abalada e, em alguns países, destruída pelo primeiro grande conflito do século. Assiste-se, nos EUA, a um surto crescente de prosperidade, que se refletiu em termos de nível de vida e realizações culturais, caindo-se no exagero e no supérfluo em termos de consumo - os loucos anos 20, the roaring twenties. A crença cega dos americanos no seu poder económico e no seu estatuto de primeira potência mundial confirmava o sonho americano, definindo um estilo de vida que marcou toda uma época.
Era, no entanto, uma prosperidade aparente, um desenvolvimento não sustentando, apresentando bases frágeis. Os níveis de superprodução industrial e agrícola e a especulação financeira atingem dimensões irreais. Regista-se, então, uma acumulação de produtos sem escoamento comercial possível, o que baixa em flecha os preços, afetando as empresas e os agricultores. De repente, no evoluir desta situação financeira, acaba, de forma brutal, a especulação a que se assistia. A 24 de outubro de 1929 dá-se o crash na Bolsa de Valores de Wall Sreet, em Nova Iorque: a venda maciça de valores das empresas em crise não encontra compradores, originando uma incrível descida nas cotações. Tal situação lança o pânico nos acionistas, que logo vendem as suas ações e retiram os seus capitais dos bancos. O valor das ações continua a baixar significativamente. Os bancos encontram-se descapitalizados em virtude do elevado número de empréstimos, o que os leva a retirar os capitais investidos na Europa. Falências de bancos e empresas, desemprego, criminalidade, miséria, crise, eis a Grande Depressão.
Mergulhados numa crise sem saída visível, os EUA, arrastando consigo o resto do mundo, vivem anos de desespero. Tomam-se imperativas reformas económicas e políticas. Em 1933, perante a incapacidade de resposta à crise e dificuldades governativas do presidente Herbert Hoover, é eleito seu sucessor o democrata Franklin D. Roosevelt, que imediatamente elabora um programa nacional de medidas reformistas para solucionar a crise e relançar a economia. Lança aquilo que se costuma designar por New Deal, termo inspirado no jogo de cartas tão em voga nos tempos do sucesso fácil. É como que uma nova distribuição das cartas, um novo jogo, isto é, uma nova etapa da vida americana, a redistribuição (do inglês to deal) de rendimentos de forma a restabelecer ritmos e níveis sustentáveis de produção e desenvolvimento, sem as fragilidades dos anos 20. Mas como, com um cenário tão cinzento e o espetro constante da miséria.
Baseando-se nas teorias do economista inglês John Keynes, Roosevelt propõe-se resolver o flagelo do desemprego incrementando o poder de compra no sentido de recuperar níveis equilibrados de consumo, de forma a relançar o tecido produtivo americano em quantidade e evitando tendências de superprodução. O New Deal pressupunha, ao mesmo tempo, uma forte intervenção estatal na economia e na sociedade.
Essa intervenção e vigilância do Estado sentia-se ao nível da planificação e elaboração de regulamentos de aplicação prática rigorosa, visíveis na limitação e controlo dos preços agrícolas com base na restrição das zonas de cultivo de forma rentável. O combate ao desemprego assumiu contornos nítidos - um ponto de honra para a Administração Roosevelt - com a política de execução de grandes obras públicas indispensáveis à nação e às suas estruturas de desenvolvimento, desde barragens, estradas, pontes, escolas, até sistemas de irrigação, vias férreas, canais... Neste plano laboral foi imposta uma regulamentação rigorosa, com especial destaque para a semana de trabalho de 40 horas, rentabilizando o mercado de trabalho e abrindo hipóteses de emprego a outros trabalhadores aptos. Ainda no plano do trabalho, permitiu-se, pela primeira vez, a livre associação de trabalhadores - os sindicatos.
É de realçar, contudo, a dimensão social do New Deal: neste plano de recuperação nacional, preconizou-se uma nova forma de intervenção do Estado na sociedade americana em termos de condições e nível de vida mínimos, principalmente para os desempregados, idosos, deficientes, órfãos... Surge o Welfare State, versão americana (anterior) do Estado-Providência europeu. Salário mínimo e subsídio de desemprego são algumas das criações do Welfare State.
No fundo, incrementou-se todo um conjunto de medidas para que os americanos pudessem ter rendimentos e condições de vida mínimas, de forma a haver poder de compra, o que significa incentivar a produção, equilibrar a oferta e a procura e assegurar a manutenção dos postos de trabalho. Podemos resumir assim os vetores fundamentais do New Deal: investimento estatal, medidas de carácter social, grandes trabalhos, produção equilibrada, emprego, salários, melhores rendimentos das famílias, consumo, desenvolvimento sustentado e controlado, recuperação dos indicadores de nível de vida americanos anteriores ao crash de 1929. O país torna-se mais dinâmico, produtivo e apto a evitar ou a responder positivamente a crises económicas.
Como grande projeto de legislação e política financeira, o New Deal exigiu do povo americano sacrifícios e capacidade de resposta como nunca se imaginara, obrigando o Estado, a partir de então, a exercer um forte controlo da produção agrícola e industrial, do comércio, da banca e da bolsa, enfim, da estrutura económica americana. O esforço foi plenamente recompensado pelo desenvolvimento económico registado na década de 30. Os EUA relançam-se definitivamente como primeira potência económica, política e militar do mundo.

Pacote de medidas
Embora o mentor deste projeto, Roosevelt, fosse bastante competente, era totalmente impossível pôr a funcionar, de uma forma coerente e organizada, este vasto e complexo conjunto de programas sem ter a seu lado uma equipa numerosa e competente que projetasse muitos dos planos promovidos pela Casa Branca. Essa equipa foi formada e chamava-se Brain Trust. O Brain Trust era um grupo informal, supragovernamental, que integrava professores, advogados e outros indivíduos que aconselhavam o Presidente, sobretudo em matérias relacionadas com assuntos económicos.
A esmagadora vitória de Roosevelt nas eleições de 1932, juntamente com a pior crise económica de sempre nos Estados Unidos, permitiu a adoção de uma nova legislação em 1933.
O Emergency Banking Act possibilitou a inspeção federal dos bancos, restabelecendo, simultaneamente, a confiança nestas instituições após uma terrível vaga de falências. Uma segunda lei relativa aos bancos determinou algumas regras para as instituições bancárias, e assegurou alguma confiança por parte dos depositantes através da formação do Federal Deposit Insurance Corporation.
As leis de 1933 e 1934 detalharam os regulamentos do mercado bolsista determinados por uma comissão: a Securities and Exchange Commission (SEC).
A questão das hipotecas de quintas e de casas particulares foi tratada com cuidado: foram aliviadas e, em troca, surgiram novas garantias para a compra de casas através do recém-criado Federal Housing Administration (FHA). A Federal Emergency Relief Administration alargou as ajudas aos necessitados dos estados, sendo esta ajuda reforçada pela criação de um corpo civil - a Civilian Conservation Corps (CCC). Este organismo era responsável pela atribuição de uma espécie de subsídio aos jovens do sexo masculino integrados, temporariamente, numa força paramilitar. O Congresso estabeleceu também o Tennessee Valley Authority (TVA) para desenvolver o rio Tennessee, torná-lo navegável, e utilizá-lo na produção de energia elétrica.
A principal legislação de 1933 estava diretamente relacionada com os setores económicos básicos. O setor agrícola foi igualmente agraciado com medidas especiais. Assim, o Congresso lançou o Agricultural Adjustment Act, com o objetivo de ajudar a restabelecer os preços agrícolas e reduzir a sobreprodução das colheitas mediante benefícios governamentais. Deste pacote de medidas, a mais importante terá sido a National Industrial Recovery Act (NIRA), composta por dois programas de recuperação económica. Ao abrigo deste plano foi gerado o Public Works Administration e um programa para regular os negócios e assegurar uma saudável concorrência.
A esperança de recuperar a economia era uma ilusão em 1933, numa altura em que muitos dos projetos de lei foram considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal. Este panorama foi agravado pela crescente oposição à política de Roosevelt; contudo, em 1935, foi preparado um segundo conjunto de leis.
Neste Segundo New Deal, como é designado por alguns observadores, o Presidente Roosevelt explorou o desenvolvimento de divisões de classes, entabulou alianças com os sindicatos laborais, puniu os grandes grupos empresariais que se opunham ao New Deal, sobrecarregou os mais abastados com impostos mais elevados e providenciou subsídios para a eletrificação das zonas rurais. Nesse ano a administração Roosevelt lançou o National Labor Relations Act, uma legislação voltada para os direitos laborais. Este programa seria continuado em 1938 pelo Federal Fair Labor Standards Act.
Nesta altura, consultores próximos da presidência chamaram a atenção para a necessidade de promover a iniciativa privada. Os programas de recuperação económica foram contemplados com uma quantia de cinco mil milhões de dólares. Este dinheiro também seria aplicado num novo programa, o Works Progress Administration (WPA). Em 1935, o Governo patrocinou um projeto que visava atuar exclusivamente no campo social. O Social Security Act pretendia constituir um fundo de reforma, um subsídio de desemprego e fundos sociais de distribuição local.
Dois anos depois (1937), esta legislação viria a ser muito criticada, sobretudo no Sul, numa altura em que as atenções da nação se começavam a voltar para a política externa e para a defesa, em especial a partir de 1939.
O New Deal tinha chegado ao fim. A sua marca, no entanto, permaneceu como um modelo de recuperação de economias em crise.
(http://www.infopedia.pt/$ano-negro-em-wall-street-1929)

domingo, 4 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

PHISOLOFANDO

11. A Filosofia nascente é grega, isto é, surgiu na Grécia no século V antes de Cristo. É atribuída a Pitágoras a invenção da palavra Filosofia, que é a junção de philos (amor) e sophia (sabedoria), significando amor à sabedoria. É considerado primeiro filósofo:
(A) O próprio Pitágoras, já que foi ele quem criou o nome Filosofia.
(B) Parmênides de Eléia.
(C) Tales, da Escola de Mileto.
(D) Aristóteles.

12. A fim de evitar a regressão ao infinito da explicação causal, o que a tornaria insatisfatória, os primeiros filósofos vão postular a existência de um elemento primordial que serviria de ponto de partida para todo o processo.
Tal elemento primordial:
(A) Era chamado de arqué e o primeiro a formular tal noção foi Tales, elegendo para tal a água.
(B) Era chamado de physis, uma vez que cada filósofo da época elegeu um elemento físico natural como princípio.
(C) Só poderia ser um princípio abstrato, significando algo indefinido, subjacente à própria natureza.
(D) Trata-se do átomo postulado por Demócrito.

13. A Filosofia surge na Grécia antiga possibilitada por certas condições materiais, ou seja, sociais, políticas, econômicas e históricas. Sobre tais condições que possibilitaram o surgimento da Filosofia é correto afirmar que:
(A) A invenção do calendário possibilitou uma capacidade de abstração, ou uma percepção do tempo como algo sobrenatural e incompreensível.
(B) A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas por uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das cosas diferentes, revelando uma capacidade de abstração e generalização, atributos importantes para se filosofar.
(C) As viagens marítimas produziram o encantamento ou a mistificação do mundo, que são aspectos importantes do pensamento para a Filosofia nascente.
(D) Na verdade, o surgimento da Filosofia deveu-se mais aos sábios da época.

14. As histórias da Filosofia tradicionalmente não reconheciam no Renascimento importância ou especificidade do ponto de vista filosófico, sendo apenas um período de transição entre Idade Média e a Modernidade. Atualmente, entretanto, essa tendência tem mudado, e o Renascimento tem sido visto como detentor de uma identidade própria, desenvolvendo uma concepção específica de Filosofia e do estilo de filosofar que, se rompe com a escolástica medieval, por outro lado não se confunde inteiramente com a Filosofia moderna.
Tendo como base o texto acima, é correto afirmar que:
(A) Talvez o traço mais característico do Renascimento seja o humanismo que chega inclusive a ter uma influência determinante no pensamento moderno.
(B) O Renascimento, desvalorizando os clássicos, foi buscar o lema do humanismo no filósofo grego da sofística, Protágoras, em seu célebre fragmento: "O homem é a medida de todas as coisas".
(C) O Renascimento foi filosoficamente uma afirmação dos valores medievais, podendo-se perceber na arte, principalmente nas pinturas de temas religiosos.
(D) Há no Renascimento uma retomada ao Aristóteles, principalmente de sua dialética.

15. Sobre a revolução científica empreendida no início da era moderna, marque a alternativa incorreta.
(A) A revolução científica moderna tem seu ponto de partida na obra de Copérnico, Sobre a revolução dos orbes celestes ( 1543 ), em que defende matematicamente um modelo de cosmo em que o Sol é o centro, e a Terra apenas mais um astro girando em torno do Sol, rompendo deste modo com o sistema geocêntrico formulado no século II por Ptolomeu em que a Terra se encontra imóvel no lugar central do universo.
(B) A ciência moderna surge quando se torna mais importante salvar os fenômenos e quando a observação, a experimentação e a verificação das hipóteses tornam-se critérios decisivos, suplantando o argumento metafísico.
(C) Na modernidade, a idéia de ciência está vinculada à valorização da observação e do método experimental, bem como a utilização da matemática como linguagem da Física.
(D) A revolução científica moderna tem seu ponto de partida na obra de Galileu, Sobre a revolução dos orbes celestes ( 1543 ), em que defende matematicamente um modelo de cosmo em que o Sol é o centro, e a Terra apenas mais um astro girando em torno do Sol, rompendo deste modo com o sistema geocêntrico formulado no século II por Ptolomeu em que a Terra se encontra imóvel no lugar central do universo.

16. Sobre o filósofo Descartes e sua Filosofia é incorreto afirmar:
(A) A Filosofia de Descartes inaugura de forma mais acabada o pensamento moderno propriamente dito, juntamente com os empiristas ingleses.
(B) A crença no poder crítico da razão humana individual, a metáfora da luz e da clareza que se opõe à escuridão e ao obscurantismo, e a idéia de busca de progresso que orienta a própria tarefa da Filosofia são alguns traços fundamentais da modernidade de Descartes.
(C) A necessidade de contextualização do pensamento, de situá-lo em relação à experiência de vida do indivíduo pensante, é uma exigência do próprio Descartes.
(D) Discurso do Método, obra de Descartes, foi descoberta somente na contemporaneidade, passando despercebida pela modernidade.

17. O método é um caminho, um procedimento que visa a garantir o sucesso de uma tentativa de conhecimento, da elaboração de uma teoria científica. Um método se constitui de regras e princípios que são as diretrizes desse procedimento.
Tendo por base as afirmações acima, marque a alternativa incorreta.
(A) As regras de Descartes, expostas no Discurso do Método são quatro: "jamais aceitar uma coisa como verdadeira que eu não soubesse ser evidente como tal"; "dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas partes quanto possíveis e quantas necessárias para melhor resolvê-las"; "conduzir por ordem meus pensamentos, a começar pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para galgar, pouco a pouco, como que por graus, até o conhecimento dos mais complexos"; "fazer em toda parte enumerações tão complexas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza de nada ter omitido".
(B) O conflito entre os dois modelos de ciência, o antigo e o moderno, havia suscitado já no século XVI sérias questões acerca da própria idéia de ciência. Alguns autores céticos levantaram dúvidas sobre a possibilidade da ciência em geral, de qualquer teoria científica, isto é, da possibilidade de o homem conhecer de forma certa e definitiva o real.
(C) A problemática do método enquanto questão filosófica ficou em destaque nas Filosofias pós-Modernas de autores como Deleuze e Guatarri.
(D) Na modernidade, a problemática do método e as questões das ciências são indissociáveis.

18. "Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo".
A frase acima pode ser atribuída a:
(A) Karl Marx, que considera a Filosofia teórica da tradição como uma simples forma de idealismo, desvinculada da realidade social concreta e, nesse sentido, inútil.
(B) Kant, onde a tarefa da crítica consiste em examinar os limites da razão teórica e estabelecer os critérios do conhecimento legítimo.
(C) Napoleão Bonaparte, expressando a sua ânsia em conquistar a Europa.
(D) Maquiavel, ao aconselhar os Médicis como manter-se no poder.

19. O ponto de partida do questionamento da tradição filosófica em Nietzsche é sua discussão do próprio momento de surgimento da Filosofia na Grécia clássica. Recorrendo a seus conhecimentos filológicos, ele procurou subverter a imagem tradicional que temos da Filosofia surgindo na passagem do pensamento mítico para o lógico-científico.
Tendo por base o texto acima e a Filosofia de nietzsche, marque a alternativa incorreta.
(A) Ao analisar a mitologia, a tragédia e os rituais dionisíacos, a música grega na transição do período arcáico para o clássico, procura mostrar que algo de essencial se perde aí.
(B) A Filosofia representada por Sócrates, o "homem de uma visão só", instaura o predomínio da razão, do conhecimento científico. Com isso, o homem perde a proximidade com a natureza e suas forças vitais, que mantinha nos rituais dionosíacos.
(C) O surgimento da Filosofia representa o predomínio do que Nietzsche chama de espírito apolíneo, derivado de Apolo, o severo deus da racionalidade e da, da medida, da ordem e do equilíbrio.
(D) Nietzsche via na maneira apolínea de ver a vida algo positivo para a humanidade, em detrimento da maneira dionisíaca de se viver.

20. Sobre Wittgenstein e sua Filosofia é incorreto afirmar:
(A) Wittgenstein, filósofo analítico da linguagem, permaneceu por toda sua vida intelectual numa mesma temática, onde pode-se concluir que o seu pensamento possui uma única fase.
(B) O pensamento de Wittgenstein possui mais de uma fase, podendo-se dividir num primeiro, o do Tractatus Logicus Philosophicus, e num segundo Wittgenstein, o das Investigações Filosóficas.
(C) Wittgenstein influenciou decisivamente as duas principais vertentes da Filosofia Analítica da Linguagem contemporânea, a da semântica formal e a da pragmática.
(D) O Tractaus versa sobre a relação entre forma lógica da linguagem e a sua relação com o mundo.

21. Freud ( 1856-1939 ), médico austríaco, teve como principal novidade a descoberta do inconsciente e a compreensão da natureza sexual da conduta, que foram golpes fortes na noção de liberdade racional da sociedade ocidental. Sobre as teorias de Freud, marque a alternativa incorreta.
(A) A teoria de Freud é duramente criticada pelas psicologia de linha naturalista, pois não usa a experiência no sentido tradicional do método científico.
(B) Freud trabalha com uma realidade hipotética, considerada inverificável nos moldes tradicionais: o inconsciente.
(C) A vida inconsciente, segundo Freud, é apenas a ponta do iceberg, e a montanha submersa é o consciente.
(D) A vida consciente, segundo Freud, é apenas a ponta do iceberg, e a montanha submersa é o inconsciente.

22. Na tradição filosófica ocidental, a epistemologia ofereceu até bem pouco tempo uma definição principal de conhecimento na qual é analisado em três componentes essenciais. Esta definição é chamada de análise tripartite do conhecimento e análise tradicional. Marque a alternativa que não diz respeito a esta análise.
(A) A análise tripartite é composta pelo menos de crença, verdade e justificação, ou seja, para alguém saber algo, esse alguém deve acreditar nesse algo, esse algo ser verdadeiro e quem crer nesse algo deve ter justificação para acreditálo.
(B) A análise tripartite é totalmente suficiente para a definição de conhecimento.
(C) A análise tripartite não é suficiente para a definição de conhecimento, uma vez que teóricos como Gettier mostraram, a partir de contraexemplos, situações onde o sujeito tem crença verdadeira e justificada, mas não tem conhecimento.
(D) Muitos filósofos encontram inspiração da análise tripartite no Teeteto de Platão.

23. Levando em conta as dificuldades enfrentadas para estabelecer parâmetros de ensino de Filosofia explanados pelos PCNs, marque a questão incorreta:
(A) Ao contrário de disciplinas como a Física, não existe uma Filosofia, mas sim filosofias.
(B) Diferente das outras disciplinas, não há um começo, um pré-requisito para se introduzir à Filosofia.
(C) Como a Filosofia deverá se ocupar da formação para a cidadania se a Filosofia não é uma atividade com fins pragmáticos, por mais nobre que seja.
(D) Porque nada escapa ao seu interesse, ocupando-se de tudo. (em nenhum momento os PCNs citam esse aspecto como dificuldade didática)

24. De acordo com a sugestão de organização de eixos temáticos de Filosofia constante nos parâmetros curriculares nacionais (PCNs), marque a alternativa correta:
(A) Os temas devem abordar apenas a moral, a ética e a política, já que a formação visa prioritariamente a cidadania.
(B) Os primeiros temas a serem abordados são os conceitos de Filosofia, mito e senso comum, é lógico.
(C) Há ausência de temas como metafísica, lógica e filosofia da linguagem na proposta.
(D) Deve-se concentrar na história da Filosofia, reduzindo-se a exposição histórica de fatos e idéias.

25. O conceito da palavra Estética usado em Filosofia:
(A) Diz respeito em relação à beleza ou, pelo menos, com o agradável e a palavra é usada como qualidade dos objetos.
(B) A palavra é usada como substantivo e designa um conjunto de características formais que a arte assume em um determinado período.
(C) Ramo de estudo que versa sobre o belo e o sentimento que suscita nos homens.
(D) Aprimoramento das percepções e expressões sensíveis de forma ordenada, proporcionando prazer desinteressado.

26. De acordo com Marilena Chauí, qual a alternativa expressa a diferença entre Ética e moral:
(A) A Ética é o conjunto de princípios e valores sociais para a conduta correta enquanto que a moral é subjetiva e, portanto, individual e relativa.
(B) A moral é o conjunto de valores concernentes ao bem e ao mal, e a conduta correta, válidos para todos os membros da sociedade e Ética é uma reflexão que discute, problematiza e interpreta o significado dos valores morais.
(C) Nem toda sociedade institui uma moral, à exemplo de sociedade primitivas. A Ética se constitui como uma evolução da vivência moral, um estágio avançado onde os valores se solidificam e a população alcança a harmonia.
(D) A diferença entre os conceitos é meramente cultural já que ambos coexistem no processo social e estão profundamente interligados, compartilhando significados.

27. O sujeito ético ou moral, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as seguintes condições, exceto:
(A) Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele.
(B) Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a consciência).
(C) Ser livre, isto é, capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem ou constrangem à agir.
(D) Ser tolerante, isto é, ser capaz de relevar todas as falhas dos outros a fim de manter a harmonia da comunidade, pois errar é humano.

28. Sobre a Ciência, marque a alternativa correta:
(A) A falseabilidade propõe que o valor de uma teoria científica não se mede por sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsa.
(B) As ciências são, de maneira geral, uma continuidade das reflexões filosóficas e por isso cabe à Filosofia a investigação sobre as atividades e métodos científicos. Sem essas indagações a Ciência não existe.
(C) A concepção racionalista de Ciência é caracterizada como hipotético-indutivo, pois os fatos observados pelos cientistas induzem a criação de determinadas leis e teorias.
(D) As revoluções científicas ou os momentos de ruptura epistemológica e de criação de novas teorias científicas são explicadas pelo filósofo Karl Popper.

29. Segundo a Lógica, proposição é a representação do juízo. Juízo é o ato pelo qual a inteligência afirma ou nega a identidade representativa de dois conceitos. Marque a alternativa que expressa uma proposição lógica.
(A) Que calor!
(B) O homem é azul.
(C) Amo você!
(D) Que tédio agora...

30. Sofismas são falsos raciocínios. Alguns estudiosos fazem a distinção entre sofismas e paralogismos. Afirmam que naquele há uma intenção de enganar e, portanto, têm um sentido pejorativo; nos paralogismos não há essa intenção. Marque a alternativa que contenha um exemplo de sofisma.
(A) Todos os homens são vertebrados. Ora, eu sou vertebrado. Logo, sou homem.
(B) Todo homem é mortal. Ora, sou homem. Logo, sou mortal.
(C) Toda baleia é mamífero. Ora, nenhum mamífero é peixe. Logo, baleia não é peixe.
(D) Todo brasileiro é sul-americano. Todo piauiense é brasileiro. Todo piauiense é sul-americano.

31. Nos PCNs é muito comum o debate sobre os temas transversais, entre os quais podemos destacar:
(A) Financiamento, Gestão e Meio Ambiente.
(B) Ética, Habitação e Soiologia.
(C) Pluralidade Cultural, Saúde e Ética.
(D) Filosofia moral, Sexologia e Ética.

32. Os critérios adotados para a eleição dos temas transversais contidos nos PCNs devem ser levados em conta:
(A) Relevância para a Cultura Brasileira, urgência social, abrangência nacional.
(B) Possibilidade de ensino e aprendizagem para o ensino fundamental, abrangência nacional, urgência social, favorecer a compreensão da realidade e a participação social.
(C) Possibilidade de ensino e aprendizagem para o ensino fundamental, urgência nacional e co-responsabilidade pela vida social.
(D) Usos práticos na capacitação profissional, relevância para a Cultura Brasileira e urgência social.

33. Na LDB 9394/96 podemos considerar incorreta a opção que trata da temática Educação de Jovens e Adultos:
(A) Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames.
(B) O poder público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
(C) A educação de Jovens e Adultos deverá articular-se, preferencialmente com a educação profissional na forma do regulamento.
(D) Todos os Jovens e Adultos que trabalham, ao se matricularem na escola, terão aumento de 5% no salário como forma de bolsaestímulo ao aluno.

34. Referente ao Título Dos Recursos Financeiros da LDB, podemos considerar recursos públicos destinados a educação aqueles destinados à: EXCETO.
(A) Receita dos impostos dos Municípios, Estados e Distrito Federal.
(B) Receita das transferências constitucionais e outras transferências.
(C) Receita do salário-educação e de outras contribuições sociais.
(D) Outros recursos previstos por lei.

35. Sobre a aplicação de verbas na educação, marque a opção correta conforme as exigências da LDB:
(A) A União aplicará, anualmente, nunca menos de vinte e três, e os Estados, Distrito Federal e os Municípios dezoito por cento da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público.
(B) No Art. 69, para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos deste artigo, será considerada a receita estimada na lei do orçamento Fundamentos da Educação anual, ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação.
(C) Serão consideradas incluídas das receitas de impostos as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária de impostos.
(D) A soma aritmética entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas, que resultem no atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas a cada trimestre do exercício financeiro.

36. Sobre as tendências pedagógicas podemos afirmar que o paradigma Tradicional possui como características:
(A) Liberdade do aluno em debater com o professor suas experiências pessoais na sala de aula a fim de que possa ser compartilhada com os demais colegas e enriquecer as trocas de informações na comunidade.
(B) A figura do professor autoritário é substituída pelo facilitador de relações do conhecimento.
(C) Metodologia baseada na exposição oral dos conteúdos, numa seqüência predeterminada e fixa, independente do contexto escolar.
(D) Paulo Freire e Comênius são os principais defensores desta Tendência de ensino no Brasil.

37. Para a LDB, o ensino deverá ser seguido por princípios básicos que regem o documento, no qual podemos afirmar que:
(A) Garantia do padrão de qualidade.
(B) Coexistência de instituições públicas e confessionais de ensino.
(C) Gestão dinástica do ensino público, na forma desta Lei e da Legislação dos sistemas de ensino.
(D) Vinculação entre educação escolar e práticas trabalhistas.

38. Baseado na Lei 9394/96, podemos afirmar sobre o Ensino Médio:
(A) Etapa que busca aprofundar os conhecimentos adquiridos no ensino superior, possibilitando o prosseguimento nos estudos.
(B) Momento de compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a prática diária nas disciplinas, estas desprovidas de teoria sólida para tal.
(C) Preparação básica para a competição no mercado, principalmente no ensino técnico voltado para indústria têxtil.
(D) Etapa final da educação básica possui duração mínina de três anos e ajuda a desenvolver a autonomia intelectual e o pensamento crítico.

39. Os estabelecimentos de ensino tem como incumbência fundamental:
(A) Aceitar alunos que tem passado criminal com idade mínina de 16 anos.
(B) Elaborar e executar sua ação pedagógica apenas em áreas precárias, para estimular o ensino a grupos excluídos do processo globalizante.
(C) Prover meios para recuperação dos alunos de menor rendimento.
(D) Administrar somente seus recursos financeiros e cada membro da instituição deve se organizar em sindicatos que atuem nas suas afinidades profissionais.

40. No Art. 67 da LDB, os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes:
(A) Salário-desemprego por até dois anos, caso o professor não encontre trabalho em outra escola que aceite seu novo contrato.
(B) Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos.
(C) Aperfeiçoamento profissional de um ano a partir do início da carreira, sem remuneração para esse fim.
(D) Não possui tempo para estudos paralelos e sim para preparação das aulas da série que está lecionando.

GABARITO:
11 - C
12 - A
13 - B
14 - A
15 - D
16 - D
17 - C
18 - A
19 - D
20 - A
21 - C
22 - B
23 - D
24 - C
25 - C
26 - B
27 - D
28 - A
29 - B
30 - A
31 - C
32 - B
33 - D
34 - A
35 - B
36 - C
37 - A
38 - D
39 - C
40 - B

(Prefeitura Municipal de Avelino Lopes - PI - 2010)