segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1991 – Fim da Guerra do Golfo.

A Guerra do Golfo foi um conflito militar iniciado em 2 de agosto de 1990 na região do Golfo Pérsico, com a invasão do Kuwait por tropas do Iraque. Esta guerra envolveu uma coalização de forças de países ocidentais liderados pelos Estados Unidos da América e Grã Bretanha e países do Médio Oriente, como a Arábia Saudita e o Egito, contra o Iraque.
Depois da Guerra Irã-Iraque, a Guerra do Golfo foi possivelmente um dos maiores massacres da história do Médio Oriente. Mais de 100 mil soldados iraquianos foram mortos contra cerca de mil baixas das forças da coalizão.
Em julho de 1990, Saddam Hussein, então presidente do Iraque, acusou o Kuwait de causar a queda dos preços do petróleo e retomou antigas questões de limites territoriais, além de exigir indenizações. Como o Kuwait não cedeu, em 2 de agosto de 1990, tropas iraquianas invadiram o Kuwait, com a exigência do presidente Saddam Hussein de controlar seus vastos e valiosos campos de petróleo. Este acontecimento provocou uma reação imediata da comunidade internacional.
Os bens do emirado árabe foram bloqueados no exterior e a ONU condenou a invasão. Dois dias após a invasão (4 de agosto), cerca de 6 mil cidadãos ocidentais foram feitos reféns e conduzidos ao Iraque, onde alguns deles foram colocados em áreas estratégicas. Nesse dia, o Conselho de Segurança da ONU impôs o boicote comercial, financeiro e militar ao Iraque. Em 28 de agosto, Saddam respondeu a essa decisão com a anexação do Kuwait como a 19ª província do Iraque.
Perante os desenvolvimentos do conflito, a ONU, em 29 de novembro, autorizou o uso da força, caso o Iraque não abandonasse o território do Kuwait até 15 de janeiro de 1991. Uma coalizão de 29 países, liderada pelos Estados Unidos da América foi mobilizada.
A atividade diplomática intensa fracassou, e em 17 de janeiro de 1991 um massivo ataque aéreo foi iniciado. Do conjunto de nações participantes, destacam-se os Estados Unidos da América, a Grã-Bretanha, a França, a Arábia Saudita, o Egito e a Síria. Quase no limite do prazo dado pela ONU para a retirada do Kuwait, o Irã e a União Soviética fizeram um último esforço pela paz.
Durante uma década o Iraque fora um aliado do Ocidente na guerra contra o Irã (1980-1988), um conflito que, para o líder iraquiano, parecia trazer uma excelente oportunidade para tirar dividendos dos países que havia protegido. O Iraque começou por invadir o Norte do Kuwait, para ter um acesso mais rápido ao mar, mas fracassou, embora não desistisse dos seus intentos.
A riqueza do Kuwait era a saída ideal para a salvação das finanças do país e possibilitava o sonho de unir o mundo árabe em seu proveito, uma ideia que justificava com o passado glorioso dos Califas de Bagdá e com o apelo à hostilidade contra o velho inimigo israelita. Saddam Hussein tinha os meios para agir. Possuía um exército bem apetrechado, sentia-se apoiado pela população e contava com a falta de interesse do mundo ocidental.
Ao contrário do que esperava, a comunidade internacional reagiu de imediato, e de uma forma bastante firme, à ofensiva iraquiana. Foram enviadas para a Arábia Saudita e para o Golfo Pérsico forças aliadas de cerca de 750.000 homens (lideradas pelos EUA, apoiadas pela ONU, pela OTAN e por outros Estados árabes) acompanhados de carros blindados, aviões e navios.
Em 25 de janeiro, as forças aliadas que haviam estabelecido a supremacia aérea, bombardeando as forças iraquianas que não podiam abrigar-se nos desertos do sul do Iraque. As forças da ONU, sob as ordens do comandante-em-chefe, general Norman Schwarzkopf, desencadearam a denominada "Operação Tempestade no Deserto" (nome por que ficou conhecida), que durou de 25 a 28 de fevereiro, na qual as forças iraquianas sofreram fragorosa derrota. No final da operação, o Kuwait foi libertado.
Até 24 de fevereiro os aliados bombardearam com alta tecnologia alvos militares no Kuwait e em seguida no Iraque, até 2 de março, lançaram uma operação terrestre com um exército composto por meio milhão de soldados, chefiado pelos Estados Unidos, que resultou na reconquista do Kuwait e na entrada no Iraque. A guerra em terra foi denominada por Hussein de "mãe de todas as batalhas".
Em poucas semanas as defesas aéreas iraquianas estavam destruídas, bem como grande parte das redes de comunicações, dos edifícios públicos, dos depósitos de armamento e das refinarias de petróleo. Em 27 de fevereiro, a maior parte da Guarda Republicana de elite do Iraque fora destruída. Em 28 de fevereiro, o presidente norte americano, George Bush, declarou o cessar-fogo.
Em abril o Iraque aceitou o cesar fogo, porém sofreu duras sanções econômicas por não entregar seu armamento químico e biológico. A independência do Kuwait fora restaurada, mas o embargo econômico das Nações Unidas ao Iraque tornou-se ainda mais severo.
Pelo lado aliado, a guerra contou com importante equipamento eletrônico , principalmente os caças F-117, bombas guiadas a laser e mísseis teleguiados. O sistema de defesa iraquiano, que incluía armas químicas e biológicas, e foi planejadamente destruido por mísseis ar-terra. O Iraque não usou, como ameaçara, o gás de combate. Os mísseis SCUD que mandara lançar sobre Israel também falharam o seu intento de fazer com que este país entrasse no conflito, por forma a reunir o apoio das nações árabes. A superioridade tecnológica do Ocidente era avassaladora. Saddam estava isolado e em pouco tempo foi derrotado.
(http://www.cnn.com/SPECIALS/2001/gulf.war/timeline/frameset.exclude.html)

REVISÃOZÃO: PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA.

Pré-História Brasileira: Um Ensaio.
Elton Luiz Valente
O gênero humano evoluiu em ambiente de vegetação do tipo savana, de fitofisionomia aberta. Em condições naturais, a floresta não é um ambiente confortável para a nossa espécie. Em sua diáspora pelo mundo, o Homo sapiens provavelmente colonizou mais facilmente aquelas áreas onde o ambiente era semelhante ao de sua origem atávica. Na América do Sul, mais especificamente na área que corresponde ao Brasil, durante e após a última glaciação (cerca de 10.000 anos atrás), parece natural que o homem tenha desenvolvido suas comunidades em áreas como as Coxilhas Gaúchas, a Caatinga e o Cerrado, ambientes de vegetação aberta. Nestas áreas encontram-se muitos dos sítios arqueológicos já descobertos no território brasileiro.
É bem possível que a principal rota de dispersão do homem pela América do Sul tenha se dado por vias litorâneas, que certamente apresentavam clima mais agradável, facilidade de locomoção e maior disponibilidade de alimentos independentemente das estações. Em períodos frios do Pleistoceno (de 1,6 milhão a 10.000 anos atrás), o nível global dos oceanos sofreu recuos em até mais de 100 metros, portanto, os possíveis sítios arqueológicos litorâneos, da transição entre o Pleistoceno e o Holoceno (iniciado no fim da última Era Glacial, há cerca de 10.000 anos), estão agora submersos. Mesmo aqueles sítios do interior do continente, datados desse mesmo período, certamente localizados em áreas como leitos maiores dos rios e terraços, ou terrenos marginais de lagos, muito provavelmente foram destruídos pelos processos erosivos intensos do Quaternário (que compreende todo o Pleistoceno e o Holoceno).
Por outro lado, ainda no fim da última Era Glacial, há cerca de 10.000 anos atrás, as florestas tropicais das Américas estavam restritas a refúgios de matas e brejos de encostas e serras úmidas. A América do Sul era tomada por eixos de expansão de semi-aridez e Cerrados, segundo o geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab'Saber, em trabalho publicado em 1977. É de se esperar que os períodos secos do Pleistoceno tenham influenciado a ecologia do homem americano. Uma importante fase climático-ecológica Pleistocênica teria ocorrido entre 20 mil e 12 mil anos atrás. Sem dúvida, o homem já estava instalado na porção leste da plataforma continental sul-americana há cerca de 11 mil anos atrás. Vários sítios arqueológicos datados desse período são encontrados em diversas regiões brasileiras. Muito provavelmente a dispersão das populações paleoindígenas daquele período, por toda a América do Sul e principalmente na vasta região que viria a ser o território brasileiro, foi favorecida, de certa forma, pelas condições climáticas e fitogeográficas vigentes. Desde a Região Amazônica até o Brasil Central, bem como do Nordeste até a Região Sul, dominavam vegetações de natureza e fitofisionomias savânicas.
De modo análogo, segundo Ab'Saber (1986), a presença de enclaves de vegetações savanizadas nos domínios da Floresta Amazônica, em tempos atuais, são testemunhos dessa vegetação pretérita, arcaica, de clima mais frio e seco, antecessora da recente expansão, em clima mais quente e úmido, das coberturas florestais amazônicas. Fenômeno este que teria ocorrido significativamente após a mudança do Pleistoceno para o Holoceno, coincidindo com o final da última glaciação e se estendendo até hoje.
O ambiente não deve ser encarado como um contexto generalizado para a ação humana ou como uma força determinista; ao contrário, deve ser entendido como conjuntos de limitações e de oportunidades às quais as populações humanas podem ou não responder (Neves, 1991; Moran, 1991). O fato é que existem importantes registros arqueológicos em todas as regiões brasileiras, revelando indícios significativos da ocupação humana do período pré-histórico ao pré-colombiano, em vários pontos do território nacional.

CONHEÇA MAIS:

1) Arqueologia Brasileira. André Prous. Brasília: UnB, 1992. 613p.: il.

2) No Rastro do Povo de Luzia. Entrevista com Walter A. Neves. Le Mond Diplomatique Brasil. Ano 1, número 10, maio de 2008, p.12-14.

3) Arquivos do Museu de História Natural. André Prous & Loredana Ribeiro (Org.). Belo Horizonte: UFMG, vol. XVII/XVIII,1996/7. 523p.: il.

4) Origens, Adaptações e Diversidade Biológica do Homem Nativo da Amazônia. Walter A. Neves. Belém: Museu Parense Emílio Goeldi, 1991. 192p.: il.

5) Espaços Ocupados Pela Expansão dos Climas Secos na América do Sul, Por Ocasião dos Períodos Glaciais Quaternários. Aziz Nacib Ab'Sáber. Paleoclimas, São Paulo: USP, v.3, p.1-19, 1977.

6) Geomorfologia da Região de Carajás. Aziz Nacib Ab'Sáber. In: Almeida. J. M. G. de (Org.). Carajás: Desafio político, ecologia e desenvolvimento. Cap. 5: Brasiliense. 1986, p.88-124.

7) Key Environments: Amazônia. Prance, G. T. & Lovejoy, T. E. (eds). Oxford: Pergamon Press. 1985. 442p.: il.

(http://scienceblogs.com.br/geofagos/2008/06/pre-historia-brasileira-um-ensaio.php)

REVISÃOZÃO: PRÉ-HISTÓRIA.

Do surgimento do homem à invenção da escrita (4,4 milhões a 4 mil anos atrás)

TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO HOMEM
Criacionista: Surgimento do homem ligado à origem bíblica. Adão e Eva originando a espécie humana.
Evolucionista: Charles Darwin. Homem como vitorioso num processo de seleção natural e evolução.

Divide-se em:
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (4,4 milhões de anos a 10.000 a.C.)
- Caça, pesca e coleta de alimentos.
- Regime de comunidade primitiva.
- Instrumentos rudimentares feitos de ossos, madeiras ou lascas de pedra.
- Propriedade coletiva das terras, águas e bosques.
- Magia.
- Subivide-se em Paleolítico Superior e Inferior:
Paleolítico Inferior
- Surgimento dos primeiros hominídeos: homo habilis, homem de java, homem de Neanderthal e homo sapiens.
- Sepultamento dos mortos com seus objetos pessoais.
- Nomadismo.
- Grandes avanços: invenção do arco e flecha e controle do fogo (50.000 a.C.)
- Início da vida grupal.
Paleolítico Superior (30.000 a.C.)
- Surgimento do homem de Cro-Magnon.
- Termina com o fim da última glaciação.
- Cozimento dos alimentos.
- Semi-nomadismo, abrigavam-se nas cavernas durante as épocas mais frias.
- Pinturas rupestres.
- Uso de adornos e pinturas corporais.

Mesolítico (entre 100.000 e 8.000 a.C.)
- Início da formação das aldeias e da sedentarização, além do início da agricultura. Há uma fabricação de instrumentos mais avançados, incluindo a cerâmica. Surge a divisão do trabalho, baseada principalmente no sexo.

Neolítico ou Idade da Pedra Polida (10.000 a 5.000 a.C.)
- Revolução Neolítica (agricultura e pecuária).
- Melhor acabamento dos instrumentos (polimento de pedras e ossos).
- Cerâmica.
- Construção dos monumentos megalíticos (de pedra).
- Crescimento demográfico.
- A evolução do paleolítico para o neolítico não ocorreu em todas as tribos.
- Não conhecia o ferro, o vidro, a pólvora, e não empregava a roda.
- Sedentarização.

Idade dos Metais (5.000 a 4.000 a.C.)
- Fundição de metais. Cobre, estanho, bronze e ferro.
- Produção de excedentes e de novos tipos de armas.
- Surgimento das primeiras civilizações.
- Propriedade privada, Estado e desigualdades sociais.

OS ANCESTRAIS DO HOMEM
Austrolopithecus (África): Mais antigo dos hominídeos. 3,5 milhões a 2 milhões de anos atrás. Andavam eretos, eram bípedes e essencialmente vegetarianos. Um exemplo é Lucy (entre 1 e 1,5 metros).

Homo Habilis (mais ou menos 2,4 milhões de anos atrás até cerca de 1,5 milhão de anos atrás): Conseguia fazer uso de utensílios de pedra, inclusive armas, com as quais podia caçar animais, o que lhe permitiu ser carnívoro. Foi o primeiro hominídeo a usar o cérebro. Viviam no sul e no leste da África.

Homo Erectus (cerca de 1,8 milhão de anos atrás): É o primeiro a usar objetos de osso e pedra como ferramentas e como arma, a empregar o fogo e, provavelmente, a falar. Dispersou-se pela Ásia, pela África e pela Europa. Caçava animais grandes. Descobriu o fogo e vivia em grandes cavernas.

Homo Sapiens (cerca de 300 mil anos atrás): Antepassado humano mais próximo, dispersa-se pela Ásia, África, Oceania e Américas. Divide-se novamente, gerando o Homem de Neanderthal e o Homo Sapiens Sapiens (homem moderno). O homem de Neanderthal viveu principalmente na Europa. Essencialmente carnívoro, fabricava armas e possuía capacidade cerebral próxima à do homem moderno. Viveu entre 230.000 anos e 28.000 anos atrás. Já o Sapiens Sapiens evoluiu para a formação das civilizações iniciais. Esse Sapiens Sapiens foi quem deu origem aos ameríndios. Três teorias tentam explicar como o Sapiens Sapiens chegou à América: a primeira é a da passagem pelo Estreito de Bering, entre 30 mil e 10 mil anos atrás, aproveitando o rebaixamento da água dos oceanos durante a última glaciação. Outra teoria é a da travessia do Oceano Pacífico desde a Polinésia até a costa ocidental do Peru. Há, ainda, uma terceira teoria com a travessia do Oceano Pacífico desde a Austrália até a Terra do Fogo, no sul do Chile.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1844 – Os farrapos Onofre Pires e Bento Gonçalves duelam por questões de honra. O duelo termina com um ferimento de Onofre.

“Que los hermanos sean unidos,
Porque esa es la ley primera,
Tengan unión verdadera
En cualquier tiempo que sea –
Porque si entre ellos pelean,
Los devoran los de ajuera”
(Martin Fierro, de José Hernandez).

Bento Gonçalves da Silva, o grande Comandante da Revolução Farroupilha, era primo-irmão de Onofre Pires.
Mais do que primos, eram amigos, há mais de 30 anos.
E irmãos de armas.
Mas, registra a História, Onofre Pires “era murmurador e costumava falar mal dos outros pelas costas”.
Tinha inúmeras qualidades, mas esse péssimo defeito.
E por ter esse defeito, como é próprio de quem murmura e fala pela costas, ouvia diz-que-diz-que.
E acreditava em boatos e murmúrios mal-intencionados.
Isso provocou a desunião no sonho farroupilha.
A ponto de, no Cerro Topador, nas proximidades do arroio Sarandi – hoje município de Sant’Ana do Livramento -, em fevereiro de 1844, o Exército Farroupilha dividir-se em dois acampamentos.
Um era o acampamento de Bento Gonçalves.
O outro, o de David Canabarro (a quem Bento passara a Chefia do Exército), no qual se encontrava o grupo que se opunha ao grande General Farroupilha: Vicente da Fontoura, Lucas de Oliveira e Onofre Pires.
Quando a desunião se instala entre irmãos, começa a ruir o sonho.
Porque o ideal precisa que os irmãos sejam unidos.
Quando, porém, a intriga prevalece, se desvanece o sonho.
Ruem os ideais.
Fenece a luta.
Mas… a História ensina que alguém sempre é usado, ainda que inconscientemente, como instrumento.
Foi o que, mais uma vez, ocorreu.
Vicente da Fontoura e Lucas de Oliveira não tinham a mínima condição de duelar com Bento Gonçalves.
Não eram homens da mesma estirpe.
Longe disso.
Insuflaram, então, com argúcia e artimanhas, o Coronel Onofre Pires a difamar a honra e a reputação do grande General Farrapo.
Era demás pra têmpera do gaudério Bento Gonçalves.
Escreve, então, uma carta a Onofre, exigindo que ele confirme, ou não, por escrito, as acusações.
O Coronel responde ao General, confirmando, por escrito e claramente, sem qualquer evasiva, esquiva ou malícia, tudo o que afirmara.
Diante da resposta, Bento desafia Onofre Pires para um duelo, à espada.
O desafio para o duelo é aceito de imediato e realizado na mesma data, no clarear do dia 27 de fevereiro de 1844.
Ao amanhecer, Bento monta no seu picaço e vai até a tenda de Onofre.
Grita: Onofre!
O Coronel logo aparece, com a cara de quem está acordando, e ouve a pergunta:
- Sabe por que eu vim?
- Vou encilhar o colorado – foi a resposta.
É da tradição do duelo.
As ofensas já foram ditas.
Mais importante: é a estirpe farrapa - respeito aos homens de honra.
Pouco tempo despôs, aparece Onofre, de cara lavada e montado no seu cavalo de confiança.
Afastam-se, lado a lado, no picaço e no colorado, em trote sem pressa, até um capão de mato, há cerca de 14 de légua.
Desmontam, desembainham as espadas.
Miram-se.
A vantagem, na ótica de Lucas de Oliveira e de Vicente da Fontoura, é toda de Onofre Pires, 11 anos más moço.
Além disso, embora Bento Gonçalves continuasse forte, aos 55 anos, e fosse um homem de bom porte, Onofre Pires era imenso: cerca de dois metros de altura e muito corpulento.
Mas esqueceram de uma côsa: era Bento Gonçalves.
O duelo é travado.
Brilham as espadas, faiscando no dia que amanhece.
Tinidos de aço espantam as aves, solitárias testemunhas do triste duelo.
Bento Gonçalves termina a luta de pé, com a ponta da espada ensangüentada pelo ferimento causado no antebraço direito de Onofre Pires, que deixa cair a sua arma.
Bento se aproxima e, com o seu próprio lenço, tenta estancar a hemorragia.
Busca socorro para o primo e irmão de armas.
É inútil.
Onofre Pires é atingido pela gangrena e morre, poucos dias depois.
Começa a morrer o sonho da República Rio-Grandense.
(Newton Fabrício)
Obs: o diálogo acima, entre Bento e Onofre, constitui trecho transcrito do livro “Os Varões Assinalados”, de Tabajara Ruas.
As três linhas seguintes ao diálogo correspondem a trecho extraído – mas modificado – da obra “A Guerra dos Farrapos”, de Alcy Cheuiche.
Obs 2: esse conto constará do livro “Causos, fandangos e domas de potros", a ser publicado.

PENSANDO NUMA BOA SEMANA



"Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.


Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.


Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.


Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.


Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.


Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição"
(Perfeição/Renato Russo)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO



1937 - Luís Carlos Prestes é julgado pelo Supremo Tribunal Militar por crime de deserção. Condenado, ele ficaria preso até 1945.


A Revolta Vermelha de 1935 inscreve-se como conspiração de natureza político-militar, pelas suas reivindicações políticas imediatas (de protesto político-institucional contra um governo autoritário) dentro no quadro dos movimentos tenentistas realizados no Brasil desde a década de 1920. No entanto, articulou estas reivindicações, sob influência comunista, à ideia de uma revolução "nacional-popular" contra as oligarquias, o imperialismo e o autoritarismo, propondo, no seu horizonte de reivindicações menos imediatas, como: a abolição da dívida externa, a reforma agrária, o estabelecimento de um governo de base popular - em outras palavras, uma revolução "nacional-libertadora", que, embora estabelecida por um movimento armado, não se propunha a ultrapassar o quadro da ordem social burguesa (como afirmado, a época, por um dos líderes do movimento, o capitão Agildo Barata).
Esta confluência de influências corporificou-se na pessoa de seu principal líder, Luís Carlos Prestes, capitão do Exército Brasileiro e líder tenentista convertido ao comunismo, que dirigiu o levante - à revelia da liderança formal do Partido Comunista Brasileiro, e em articulação direta com a direção da Internacional Comunista, que mantinha junto a Prestes um grupo de militantes comunistas internacionais, composto pela companheira de Prestes, a comunista alemã Olga Benário, além do argentino Rodolfo Ghioldi, o alemão Arthur Ernest Ewert, Ranieri Gonzales e alguns outros militantes ligados ao Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC).
A direita brasileira sempre caracterizou esta interferência no Comintern no movimento como prova do seu caráter antinacional, em que os militantes brasileiros teriam agido como simples fantoches do comunismo internacional. Deve-se levar em conta, no entanto, que, se o Comintern estalinista da época desejava levar a cabo uma revolução vitoriosa sob sua inspiração a qualquer custo - de forma a tirar de Stalin a pecha de "grande organizador de derrotas" que lhe havia sido atribuída por Trótski após o fracasso das revoluções na China em 1927, na Alemanha em 1923 e na tomada do poder por Hitler em 1933 - o fato é que Prestes especulou fortemente sobre o seu prestígio e sua capacidade de articulação política para prevalecer sobre a direção formal do Partido brasileiro - no processo marginalizando o então secretário-geral do Partido, Antônio Bonfim, o "Miranda" - e conseguir o apoio direto do CEIC a suas políticas - cujas premissas revelar-se-iam cabalmente equivocadas.
Num primeiro momento, Prestes parecia considerar que o programa nacionalista da ANL seria capaz de permitir-lhe impor-se como um movimento de massa legal capaz de atrair apoios tanto entre a classe operária e o campesinato como também entre a burguesia "progressista" de tendências anti-imperialista e antifascista - para depois, quando o governo Getúlio Vargas declarou a Aliança ilegal - com o apoio da burguesia e da classe média, que temiam a infiltração comunista no movimento - optar, com o apoio do CEIC, por uma ação revolucionária concebida em termos de de uma mera ação militar.
Destarte, verifica-se que a influência da IC no levantamento realizou-se estritamente dentro dos termos das tendências políticas autoritárias e burocratizantes do stalinismo, o que determinou que o movimento tivesse as características de uma conspiração militar típica, com pouca ou nenhuma articulação de base com as massas populares: daí os trotskistas brasileiros denominarem o movimento de putsch (golpe militar) de 1935.

O levante eclodiu em pontos esparsos do território nacional, a saber:
- em Natal e arredores, entre 23 e 25 de novembro;
- em Recife, a 25 de novembro; e
- no Rio de Janeiro, em 27 de novembro.
Fora de Natal, onde chegou a ser instalado um governo revolucionário provisório, o levante seguiu o padrão de um golpe militar clássico, limitando-se a ataques de militares rebeldes a quarteis. O último levante, no Rio de Janeiro, na Escola da Praia Vermelha e na Vila Militar, é considerado por alguns autores apenas como um ato de lealdade dos conspiradores sediados nessa cidade, pois havia ficado claro que o movimento não teria chances reais de revolucionar o país.
No Rio de Janeiro, as proporções do movimento foram mais amplas e cruéis, tendo sido deflagrado, simultaneamente, no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha; no 2º Regimento de Infantaria e no Batalhão de Comunicações, na Vila Militar; e na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos. Os amotinados, companheiros de véspera, teriam, de acordo com a versão legalista, ferido e matado indiscriminada e covardemente seus companheiros que dormiam -versão esta que até hoje gera margem a dúvidas, já que os quartéis do Rio estavam em prontidão após os levantamentos revolucionários no Norte do País, e em tais circunstâncias seria extremamente difícil encontrar oponentes inermes a serem massacrados de tal forma. Seja como for, a luta foi atroz e sem quartel, com os insurretos tentando expandir a rebelião a todo custo, esbarrando na mais férrea resistência das forças legalistas, e -finalmente - perdendo a luta.
Por trás da estratégia equivocada do levante estava, de um lado, a superestimação que Prestes fazia de seu prestígio no interior do Exército brasileiro, de outro, a crença da IC de que, numa sociedade "semicolonial", bastaria proclamar o movimento para produzir uma sublevação espontânea que englobaria de militares a operários e "cangaceiros partisans [guerrilheiros](sic)".
O episódio mais dramático do levante comunista foi a tentativa de conquistar o Regimento de Aviação no Campo dos Afonsos, à época integrante do Exército (a Força Aérea Brasileira só seria criada em 1941), visando obter aeronaves para bombardear a cidade do Rio de Janeiro.
As unidades legalistas da Vila Militar, conseguiram instalar peças de artilharia para bombardear a pista e evitar que aviões decolassem. O assalto final foi realizado com uma carga de infantaria com apoio da artilharia, que retomou as instalações revoltadas.
Uma vez reprimido e derrotado , o movimento foi submetido a intensa desmoralização- a começar pelo nome pejorativo e desqualificante que recebeu ("Intentona", ou "intento louco") - por parte das cúpulas militares; como lembra o militar esquerdista Nélson Werneck Sodré nas suas memórias, a participação intensa de oficiais e suboficiais nas fileiras dos insurretos alertou o Exército para a necessidade de cerrar fileiras ideológicas, e de expurgar "influências exógenas" no interior da oficialidade militar nas três décadas seguintes. Tal cisão ideológica viria a expressar-se nas disputas políticas no interior do Clube Militar da década de 1950, no movimento dos sargentos da década de 1960, e daí até o Golpe de 1964, após o qual quaisquer traços de esquerdismo organizado foram eliminados das fileiras militares. Diferentemente dos golpes tenentistas, que haviam criado divisões temporárias entre legalistas e insurretos, superáveis posteriormente por anistias e reorganizações de carreira, o Movimento de 1935 criou uma clivagem político-ideológica até hoje não superada, em que os insurretos tiveram negada a sua própria condição de membros da corporação militar, com sua ação política sendo duradouramente criminalizada e estigmatizada como traição e ato hostil à hierarquia militar.
Até ao governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, anualmente, na data de 27 de novembro, eram realizadas comemorações públicas pelo Exército brasileiro, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, em homenagem aos militares legalistas mortos durante a intentona, que se caracterizavam pela intensidade das manifestações anticomunistas da cúpula militar a que davam oportunidade, daí terem sido interrompidas as solenidades quando do fim da Guerra Fria e da consolidação do regime constitucional restabelecido em 1985. O monumento aos mortos legalistas do movimento ergue-se na Praia Vermelha.
A repressão ao movimento permitiu que o Congresso Nacional decretasse o Estado de Guerra, com uma erosão decisiva nas liberdades e garantias individuais liberais-democráticas, o que preparou o caminho para que Getúlio Vargas decretasse o Estado Novo em 1937, reforçado pelo chamado Plano Cohen de 1937.
(MORAES, Denis de (org.) Prestes com a palavra: uma seleção das principais entrevistas do líder comunista. Campo Grande, Letra Livre, 1997.)

PHISOLOFANDO

O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em que, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado.
É atribuído a Sócrates, o grande filósofo grego do século V a.C., devido ao seu uso constante, registrado nos livros de Platão.
No entanto, Aspasia é referida por Sócrates como uma das mais importantes personalidades a orientá-lo em seu desenvolvimento intelectual e filosófico, sobretudo na arte da retórica . Alguns acadêmicos acreditam que teria sido Aspasia quem inventou o método socrático.
O método socrático é uma abordagem para geração e validação de idéias e conceitos baseada em mais perguntas.
Também conhecido como Maiêutica: "É o método que consiste em parir idéias complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro de um contexto." Na mídia, quem utiliza muito este método, é o Dr.Gregory House (House), para mostrar que tem sempre razão.
(DURANT, Will, História da Filosofia - A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1954 – Gamal Abdel Nasser torna-se primeiro-ministro do Egito.

Gamal Abdel Nasser(Alexandria, 15 de janeiro de 1918 — Cairo, 28 de setembro de 1970) foi um militar egípcio, presidente de seu país de 1954 até sua morte.
Depois de ter frequentado o ensino liceal entrou na Real Academia Militar, na qual se formou em 1938, onde terá reunido os membros do Movimento dos Oficiais Livres.
A sua sociedade revolucionária planejava mudar o rumo dos acontecimentos. Para tal pretendia afastar o rei Faruk I, aproveitando o insucesso da campanha egípcia contra Israel em 1948. O golpe foi concretizado em 1952 e conduziu a uma radical alteração das políticas governamentais. No ano seguinte 1953 a monarquia foi abolida e os partidos banidos.
Notabilizou-se, ao lado de Jawaharlal Nehru e outros, como um dos líderes carismáticos do movimento terceiro-mundista, o que lhe rendeu grande fama em todos os países do dito "Terceiro Mundo" (reza a lenda que o presidente brasileiro Jânio Quadros governava com uma foto do líder egípcio em seu gabinete). Nasser promoveu, durante seus quase vinte anos no poder, forte política nacionalista, fomentando o movimento pan-arabista, e acabou por levar o Egito a uma efêmera associação com a Síria (a República Árabe Unida).
Um marco importante de sua liderança foi a nacionalização do Canal de Suez, que resultou na Guerra de Suez (1956), em função da resposta militar de França e Inglaterra. As duas potências coloniais do século XIX, contudo, viriam a descobrir que o mundo do pós-Segunda Guerra Mundial já não mais lhes pertencia. Sem o apoio norte-americano ou soviético, os exércitos francês e britânico foram obrigados a retirar-se do Egito.
Sua maior derrota política e militar foi na guerra dos seis dias em 1967 onde perdeu boa parte do seu poderio militar (aeronáutico), atacado pelos israelenses, quando estava preparado para retomar as colinas de Golan na Síria, invadidas por Israel. Perdeu igualmente parte do Sinai também para Israel.
A Guerra do Suez, também conhecida como Segunda Guerra Israelo-Árabe ou Crise de Suez, teve início em outubro de 1956, quando Israel, com o apoio da França e Reino Unido, que utilizavam o canal para ter acesso ao comércio oriental, declarou guerra ao Egito. O Egito, numa atitude unilateral de combate ao colonialismo anglo-francês, tinha nacionalizado o canal de Suez e fechado o porto de Eilat, o que ameaçava os projetos de Israel de irrigação do deserto do Negev e cortava o seu único contato com o mar Vermelho no golfo de Aqaba. Em contrapartida, Israel conquistou a península do Sinai e controlou o Golfo de Aqaba, reabrindo o porto de Eilat.
No desenrolar do conflito, os egípcios foram derrotados, mas os Estados Unidos da América e a União Soviética interferiram, e em 1959 obrigaram os três países a retirarem-se dos territórios ocupados sob a supervisão das tropas das Nações Unidas.
A Guerra dos Seis Dias foi um conflito armado que opôs Israel a uma frente de países árabes - Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.
O crescimento das tensões entre os países árabes e Israel, em meados de 1967, levou ambos os lados a mobilizarem as suas tropas. Antecipando um ataque iminente do Egito e da Jordânia, a Força Aérea Israelense surpreendeu as nações aliadas, lançando um ataque preventivo e arrasador à força aérea egípcia.
O plano traçado pelo Estado-Maior de Israel, chefiado pelo general Moshe Dayan (1915-1981), começou a ser posto em prática às 7h e 10min da manhã do dia 5 de junho de 1967, quando caças israelenses atacaram nove aeroportos militares, aniquilando a força aérea egípcia antes que esta saísse do chão e causando danos às pistas de aterragem, inclusive com bombas de efeito retardado para dificultar as reparações. Ao mesmo tempo, forças blindadas de Israel investiam contra a Faixa de Gaza, no sul da Síria, nas Colinas de Golã e o norte do Sinai. A Jordânia abriu fogo em Jerusalém e a Síria interveio no conflito pós atacada.
No terceiro dia de luta, todo o Sinai já estava sob o controle de Israel. Nas 72 horas seguintes, Israel impôs uma derrota devastadora aos adversários, controlando também a Cisjordânia, o sector oriental de Jerusalém e as Colinas de Golã, na Síria.
Como resultado da guerra, aumentou o número de refugiados palestinos na Jordânia e no Egito. Síria e Egito estreitaram ainda mais as relações com a URSS, aproveitando também para renovarem seu arsenal de blindados e aviões, além de conseguirem a instalação de novos mísseis, mais perto do Canal de Suez.
(Jankowski, James P. (2001), Nasser's Egypt, Arab Nationalism, and the United Arab Republic, Lynne Rienner Publishers, ISBN 1588260348)

É. PODE SER...

Análise: Como fica a Líbia sem Khadafi
Caso líder seja deposto, país pode mergulhar na violência e enfrentará desafio para unir diferentes tribos e facções políticas.
Desafio para opositores será unir as diferentes facções do país

O regime de Muamar Khadafi na Líbia dá mostras de estar estar vivendo seus últimos dias. E já se pergunta o que poderá vir em substituição. Mas a Líbia é um país ao qual não se aplicam as armadilhas típicas de um Estado normal.
O coronel Muamar Khadafi criou um sistema tão personalizado de governar que não deixou espaço para ninguém além dele mesmo, sua família e a pequena elite governante, muitos dos quais foram tirados de sua própria tribo, Qadhadhfa.
Diferentemente da Tunísia e do Egito, as forças que poderiam facilitar o processo de transição, como partidos políticos, sindicatos, grupos de oposição ou organizações da sociedade civil simplesmente não existem na Líbia.
De fato, o país sempre chamou atenção pela quase que total ausência de instituições operantes, já que todo poder foi concentrado fortemente em torno do ''líder irmão''.
O culto à personalidade parcialmente explica por que Khadafi vai lutar até a morte. Apesar de seu poder estar diminuindo, com a oposição se aproximando cada vez mais, ele ainda controla a capital Trípoli, sua tradicional base de poder.
Mas se ele mantiver o controle sobre a cidade, a sua capacidade de governar o país passará a ser quase inexistente.
Suas ações nos últimos dias destruíram quaisquer resquícios de credibilidade dele e de seu regime. E a repressão por si só não é uma garantia de que ele irá se manter no poder.

Ataques de vingança
Tudo isso deixa a Líbia em um impasse. Não existe nenhuma força de união ou uma personalidade que poderia entrar em cena e assumir o controle, deixando o risco de que o país enfrente um vácuo de poder.
Isso pode fazer com que vários protagonistas deste processo, em especial líderes tribais, tentem se impor ou ao menos tentem assumir o controle de suas regiões.
Dado o longo histórico de antagonismo entre as tribos da Líbia, é improvável que este seja um processo harmonioso. E ele tampouco será auxiliado pelas armas que já estão circulando entre os manifestantes, o que pode inclusive induzir a mais violência.

Khadafi pode se apegar à sua base de poder em Trípoli
Muitos líbios temem, inclusive, que o país possa mergulhar no caos ou na anarquia ou, na pior das hipóteses, em guerra civil. Ainda que essa possibilidade seja um tanto exagerada, a chance de o país enfrentar conflitos e violência é real. E, em meio a esse contexto, ataques motivados por vingança também são uma possibilidade.
Aqueles que estiveram envolvidos com as notórias forças de segurança de Khadafi, inclusives o odiados Comitês Revolucionários, não deverão escapar ilesos.
A perspectiva de se ver gangues armadas e de remanescentes do regime de Khadafi combatendo outras facções é algo que leva a se temer pelo futuro.
A fim de evitar tamanho caos, alguns líbios estão na expectativa de que o Exército entre para decidir o jogo, depondo Khadafi e supervisionando o processo de transição.

Exército
Mas, no entanto, o Exército de Khadafi é pouco profissional, dividido e foi intencionalmente mantido enfraquecido pelo coronel ao longo de anos para evitar qualquer tentativa de golpe. Além do que, há poucos sinais de que o Exército tenha deixado de dar apoio ao regime.
Só que alguns integrantes das Forças Armadas já desertaram para o lado dos manifestantes, juntamente com figuras do alto escalão do governo e diplomatas.
A maior esperança da Líbia reside nestas pessoas, que, juntamente com representantes de outros seguimentos da sociedade líbia possam facilitar a transição pós-Khadafi.
Este grupo incluiria ainda integrantes da oposição no exterior, intelectuais reformistas e membros do clero. Todos estes anunciaram apoio aos protestos logo no seu começo.
Caso consenso não seja atingido, Líbia pode mergulhar na violência
Esse vasto compêndio de nomes precisa atuar próximo aos líderes tribais para garantir a segurança do país. Mas esta possível conjuntura não estaria desprovida de problemas.
É questionável se grupos tão díspares e com uma longa história de antagonismo podem trabalhar juntos e alcançar um consenso.
Mais importante, ainda que os moradores da região oeste da Líbia possam tranquilamente apoiar ex-oficiais do Exército e membros do regime, tal apoio seria bem menos palatável para os moradores do leste do país.
Existem até indícios, que não são plenamente fundamentados, de que o leste poderia se separar e formar a sua própria região independente. Tais tentativas poderiam resultar em ainda mais caos e derramamento de sangue.

Vizinhos
A Líbia claramente enfrenta uma batalha ladeira acima. Como a comunidade internacional irá lidar com esses eventos é algo ainda a ser visto.
Um Estado falido na Líbia teria sérias implicações para a Europa, particularmente, por conta de temas como fornecimento de petróleo e imigração ilegal.
Talvez a melhor tática seja buscar as forças capazes de administrar uma transição, oferecendo apoio e assistência para a construção de um Estado no longo prazo. Tal apoio será crucial se a Líbia pretende sobreviver à era pós-Khadafi.
Enquanto isso, países vizinhos estarão observando os acontecimentos de perto. Uma Líbia desestablizada é a última coisa que a Tunísia e o Egito querem, enquanto lutam para implementar os seus períodos de transição.
Ainda que Khadafi não deverá deixar saudades se cair, os dois países provavelmente irão se preocupar com temas econômicos, já que a Líbia há muito é uma fonte de emprego para milhares de egípcios e tunisianos e o comércio transfronteiriço é algo importante.
Na região como um todo, Khadafi costuma ser visto como um bufão e poucos sentirão a sua falta.
Mas o triunfo do poder popular na Líbia ressonaria com vigor pela região, em especial na Argélia, servindo tanto de alerta para regimes e como fonte de esperança para populações que ainda clamam por mudanças. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
(http://www.estadao.com.br/noticias/geral,analise-como-fica-a-libia-sem-khadafi,684475,0.htm)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1891 - É promulgada a segunda Constituição brasileira.

A elaboração da constituição brasileira de 1891 iniciou-se em 1890. Após um ano de negociações, a sua promulgação ocorreu em 24 de fevereiro de 1891. Esta constituição vigorou durante toda a República Velha e sofreu apenas uma alteração em 1927.
No início de 1890, iniciaram-se as discussões para a elaboração da nova constituição, que seria a primeira constituição republicana e que vigoraria durante toda a Primeira República. Após um ano de negociações com os poderes que realmente comandavam o Brasil, a promulgação da constituição brasileira de 1891 aconteceu em 24 de Fevereiro de 1891. Os principais autores da constituição da Primeira República foram Prudente de Morais e Rui Barbosa.
A constituição de 1891 foi fortemente inspirada na constituição dos Estados Unidos da América, fortemente descentralizadora dos poderes, dando grande autonomia aos municípios e às antigas províncias, que passaram a ser denominadas "estados", cujos dirigentes passaram a ser denominados "presidentes de estado". Foi inspirada no modelo federalista estadunidense, permitindo que se organizassem de acordo com seus peculiares interesses, desde que não contradissessem a Constituição. Exemplo: a constituição do estado do Rio Grande do Sul permitia a reeleição do presidente do estado.
Consagrou a existência de apenas três poderes independentes entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O antigo Poder Moderador, símbolo da monarquia, foi abolido. Os membros dos poderes Legislativo e Executivo seriam eleitos pelo voto popular direto, caracterizando-os como representantes dos cidadãos na vida política nacional.
O regime de governo escolhido foi o presidencialismo. O mandato do presidente da República, eleito pelo voto direto, seria de quatro anos, sem direito à reeleição para o mandato imediatamente seguinte, sem contudo haver impedimentos para um mandato posterior. Tanto é que Rodrigues Alves foi o primeiro presidente reeleito do Brasil – apesar de não ter assumido por morrer às vésperas da posse por gripe espanhola. O mesmo valia para o vice-presidente. É interessante notar que, à época, o vice-presidente era eleito independentemente do candidato à presidência da República, o que em princípio permitia a escolha do da oposição, o que dificultava o Governo. Também, no caso de morte ou renúncia do Presidente, seu vice assumia apenas até serem realizadas novas votações, não tendo que ficar até ser completado o respectivo quadriênio, como ocorre atualmente. Claro que isso deu margem a alguns vice-presidentes, como Delfim Moreira, para prolongarem seus mandatos, dificultando a promoção de novas eleições presidenciais. Por fim, as eleições para Presidente e vice ocorriam no 1.º de março, tomando-se as posses no 15 de novembro.
Quanto às regras eleitorais, determinou-se que o voto no Brasil continuaria "a descoberto" (não-secreto) – a assinatura da cédula pelo eleitor tornou-se obrigatória – e universal. Por "universal" entenda-se o fim do voto censitário, que definia o eleitor por sua renda, pois ainda se mantiveram excluídos do direito ao voto os analfabetos, as mulheres, os praças-de-pré, os religiosos sujeitos à obediência eclesiástica e os mendigos. Além disso, reservou-se ao Congresso Nacional a regulamentação do sistema para as eleições de cargos políticos federais, e às assembleias estaduais a regulamentação para as eleições estaduais e municipais, o que mudaria apenas a partir da constituição de 1934, com a criação da Justiça Eleitoral. Ficou mantido o voto distrital, com a eleição de três deputados para cada distrito eleitoral do país.
Definiu-se, também, a separação entre a igreja e o Estado: as eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, o governo não interferiria mais na escolha de cargos do alto clero, como bispos, diáconos e cardeais, e extinguiu-se a definição de paróquia como unidade administrativa – que antigamente poderia equivaler tanto a um município como também a um distrito, vila, comarca ou mesmo a um bairro (freguesia). Além disso, o País não mais assumiu uma religião oficial, que à altura era a católica, e o monopólio de registros civis passou ao Estado, sendo criados os cartórios para os registros de nascimento, casamento e morte, bem como os cemitérios públicos, onde qualquer pessoa poderia ser sepultada, independentemente de seu credo. O Estado também assumiu, de forma definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e intermediário. Essa separação viria a irritar a Igreja, aliada de última hora dos republicanos e que só se reconciliaria com o Governo durante o Estado Novo, bem como ajudaria a incitar uma série de revoltas, como a Guerra de Canudos.
Por fim, extinguiam-se os foros de nobreza, bem como os brasões particulares, não se reconhecendo privilégio aristocrático algum. É certo que alguns poucos, geralmente os mais influentes entre os republicanos, mantiveram seus títulos nobiliárquicos e brasões mesmo em plena República, como o barão de Rio Branco, mas isso mais por respeito e cortesia. Há que se ressaltar que, pela nova constituição, o brasileiro que aceitasse alguma titulação estrangeira que contradissesse os preceitos republicanos da carta de 1891, sem autorização expressa do Congresso, perderia seus direitos políticos. Também, as antigas ordens honoríficas imperiais que ainda remanesciam, a Imperial Ordem do Cruzeiro e da Imperial Ordem de Avis, foram oficialmente extintas, sendo posteriormente substituídas pelas ordens Nacional do Cruzeiro do Sul e do Mérito Militar – que mantiveram muitas das características de suas antecessoras. Essa continuidade simbólica também se fez notar no pavilhão nacional e no hino, cuja música já era considerada, de forma não-oficial, o hino nacional desde o Segundo Reinado.
Visando fundamentar juridicamente o novo regime, a primeira constituição republicana do país foi redigida à semelhança dos princípios fundamentais da carta estadunidense, embora os princípios liberais democráticos oriundos daquela Carta tivessem sido em grande parte suprimidos. Isto ocorreu porque as pressões das oligarquias latifundiárias, por meio de seus representantes, exerceram grande influência na redação do texto desta constituição, daí surgindo o Federalismo, objetivo dos cafeicultores paulistas para aumentar a descentralização do poder e fortalecer oligarquias regionais, esvaziando o poder central, especialmente o militar. A influência paulista, à época detentora de 5/6 do PIB nacional, é determinante, tendo ali surgido o primeiro partido republicano, formado pela Convenção de Itu. Posteriormente, aliar-se-iam aos republicanos fluminenses e mineiros, e aos militares.
(Planalto Central do Brasil-Coleção Documentos Brasileiros-Livraria José Olympio Editora-1957)

TEM QUE RIR PARA NÃO CHORAR

O bêbado entra na zona e grita:
— Eu quero uma puta! Hic! Eu quero uma puta!
O gerente, preocupado com a reputação da casa, pede para uma moça lhe levar para um dos quartos e lhe dar uma boneca inflável.
Dez minutos depois o bêbado está de volta:
— Hic! Me manda outra puta que aquela lá é maluca!
— Maluca? — perguntou o gerente, se fazendo de besta. — Como assim?
— Eu dei uma mordida na bunda dela, ela deu duas cambalhotas e saiu
voando pela janela!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1847 – Batalha de Buena Vista no México em que as tropas americanas, comandadas pelo general Zachary Taylor, derrotam as forças mexicanas comandadas pelo general Antonio López de Santa Ana (Guerra Mexicano-Americana).

A Guerra Mexicano-Americana ocorreu entre os Estados Unidos da América e o México, entre 1846 e 1848 e teve enormes consequências para o futuro das nações envolvidas. Como resultado, Estados Unidos ampliaram o seu território em cerca de um quarto, enquanto México perdeu aproximadamente metade do seu. Na época, a guerra foi objeto de grande controvérsia moral dentro dos Estados Unidos.
O conflito iniciou-se em meio da animosidade existente entre os dois países causada pela Anexação do Texas pelos Estados Unidos. O México não reconheceu a anexação e reivindicou a região, alegando que o Texas era um Estado mexicano rebelde. Mas apesar da forte pressão da opinião pública do México para guerra, de início não houve resistência armada à anexação. A guerra só começaria com a tentativa dos Estados Unidos de expandir as fronteiras do território anexado para além dos limites do antigo Departamento de Tejas mexicano.
A disputa política transformou-se num conflito militar aberto quando um destacamento do Exército dos Estados Unidos da América, sob comando de Zachary Taylor, invadiu o território ao sul do rio Nueces. Embora essa área não fizesse parte de Texas quando ainda era o Departamento de Tejas, parte do estado Mexicano de Coahuila y Tejas, Estados Unidos reivindicava essa terra para si. A pretensão baseava-se no tratado de Velasco, assinado por Antonio López de Santa Anna em 1836, em que concordava em recuar as tropas mexicanas para além do Rio Grande, cerca de 240km ao sul de Nueces. O entendimento dos Estados Unidos era que esse recuo estabelecia a nova fronteira do estado que se tornara de fato independente. México não compartilhava dessa leitura e não reconhecia a validade do tratado que fora firmado por Santa Anna enquanto prisioneiro dos Texanos e que o congresso mexicano se recusara a ratificar, negando que o signatário tivesse poderes para tal acordo. Seguiu-se uma série de escaramuças que finalmente transformaram-se em guerra em plena escala.
A expedição contava com apoio entusiástico do Partido Democrata e com a veemente oposição dos Whigs. Havia uma grande diferença ideológica entre as duas facções. Os democratas, fiéis ao Destino Manifesto e à Doutrina Monroe, acreditavam ser dever dos Estados Unidos levarem os benefícios do seu sistema de governo a todo o continente, ainda que pelas armas. Os whigs acreditavam que o caminho para o mesmo objetivo era aperfeiçoar a democracia local e ganhar os vizinhos pela contundência do seu exemplo, e não com a força.
Os debates no congresso foram extremamente acalorados. O conhecido abolicionista e congressista whig Joshua Giddins chegou a declarar da tribuna do congresso:
"No assassinato de mexicanos em seu próprio solo e no roubo da terra que lhes pertence, eu não posso tomar parte nem agora nem no porvir. A culpa por esses crimes deve cair sobre outros."

A posteriori, um dos críticos proeminentes do papel dos Estados Unidos na guerra foi Ulysses Grant, que nela combateu com distinção quando jovem oficial do Exército invasor. Nas suas Memórias, Grant qualificou a guerra como
"...uma das mais injustas movidas em qualquer tempo por uma nação mais forte contra uma mais fraca ."

Mais tarde Grant tornar-se-ia comandante-em-chefe das forças da União durante a Guerra da Secessão e presidente dos Estados Unidos.
Ao final da guerra, o México foi obrigado a ceder grandes regiões do norte do país para os Estados Unidos. Estas regiões compreendem a inteiridade dos atuais Estados americanos de Califórnia, Nevada, Texas e Utah, a inteiridade do Estado de Novo México (antes da Compra de Gadsden), e áreas dos Estados de Arizona, Colorado e Wyoming.
A Guerra entre México e Estados Unidos foi um dos grandes fatores que precipitaram a Guerra Civil dos Estados Unidos da América. A constituição mexicana não admitia escravidão. Portanto, os novos territórios incorporados aos Estados Unidos eram estados livres. Isso perturbou o frágil equilíbrio de poder existente no congresso entre os estados esclavagistas e os livres, e foi um dos fatores determinantes que impulsionaram o velho sul dos EUA para a sua frustrada busca da independência.
"Pobre do México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos." (Lázaro Cárdenas)
(Wikipédia)

REFLEXÕES DE BARBEARIA

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1932 - Adolf Hitler é designado candidato à presidência da República alemã pelo Partido Nacional-socialista.

O nazismo, conhecido oficialmente na Alemanha como nacional-socialismo, é a ideologia praticada pelo Partido Nazista da Alemanha, formulada por Adolf Hitler, e adotada pelo governo da Alemanha Nazi de 1933 a 1945.
No Brasil, como em vários outros países, a apologia ao nazismo é capitulada em lei como crime inafiançável.
O nazismo é frequentemente considerado por estudiosos como uma derivação do Fascismo. Mesmo incorporando elementos tanto da direita política quanto da esquerda política, o nazismo é considerado de extrema direita. Os nazistas foram um dos vários grupos históricos que utilizaram o termo nacional-socialismo para descrever a si mesmos, e na década de 1920, tornaram-se o maior grupo da Alemanha. O Partido Nazista apresentou seus ideais no programa de 25 pontos do Nacional Socialista em 1920. Entre os elementos-chave do nazismo, há o anti-parlamentarismo, o pangermanismo, o racismo, o coletivismo, a eugenia, o antissemitismo, o anticomunismo, o totalitarismo e a oposição ao liberalismo econômico e político.
Na década de 1930, o nazismo não era um movimento monolítico, mas sim uma combinação de várias ideologias e filosofias centradas principalmente no nacionalismo, no anticomunismo e no tradicionalismo. Alguns grupos, como strasserismo, faziam inicialmente parte do movimento nazista. Uma de suas motivações foi a insatisfação com o Tratado de Versalhes, que era entendido como uma conspiração judaica-comunista para humilhar a Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial. Os males da Alemanha pós-guerra foram críticos para a formação da ideologia e suas críticas à República de Weimar pós-guerra. O Partido Nazista chegou ao poder na Alemanha em 1933.
Em resposta à instabilidade criada pela Grande Depressão, os nazistas procuraram um terceiro jeito de gerenciar a economia do seu país, sem que tenha ideais comunistas ou capitalistas. O governo nazista efetivamente acabou em 7 de maio de 1945, no Dia V-E, quando os nazistas incondicionalmente renderam-se às potências Aliadas, que tomaram a administração da Alemanha até que o país formasse o seu próprio governo democrático.
(Edmond Vermeil, Germany in the Twentieth Century: A Political and Cultural History of the Weimar Republic and the Third Reich, Nova Iorque, 1956, pp. 194-195.)

ANA, ERA UMA VEZ...

A Baleia Alegre

A baleia é o maior animal do planeta. E, com todo esse seu tamanho, sem querer pode tornar-se uma ameaça aos outros animais, caso não tome alguns cuidados.
A baleiazinha era jovem cheia de vontade de brincar, nadar e saltar. Era cheia de vida e sempre muito bem disposta.
- Que mosca mordeu você? Perguntavam os outros habitantes do mar.
Ninguém sabia a resposta. Mas a verdade era que a baleiazinha estava causando graves problemas aos pescadores.
Eles saíam inocentemente em seus pequenos botes e, de repente, encontravam-se com uma muralha de ondas, levantadas pelas brincadeiras dela. E assim, quase sempre soçobravam.
Mais de um pescador havia morrido afogado e a baleiazinha continuava brincando perto da costa, alheia às desgraças que causava.
- Baleiazinha, fico muito contente vendo você sentir-se tão feliz e brincalhona. Mas, por ser estouvada, já causou algumas desgraças aos pescadores, disse-lhe o golfinho.
- Oh! Lamento muito, amigo golfinho! Exclamou a baleiazinha, muito arrependida. Diga-me o que posso fazer para remediar o mau que causei? Perguntou ela.
- Basta que você brinque em alto mar, longe da costa, aconselhou-a ele.

A baleiazinha tinha um coração bondoso. Desejosa de fazer o bem aos outros e evitar novos prejuízos para os pescadores, rumou para o mar alto. A partir desse dia acabaram-se as desgraças dos pobres pescadores. E a baleiazinha pode continuar a alegrar os habitantes do mar, sem prejudicar os habitantes da terra.
(www.metaforas.com.br)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1560 – Mem de Sá chega à Baía de Guanabara para atacar o forte Coligny.


Em março de 1560, com os recursos da esquadra de Bartolomeu Vasconcelos da Cunha e com as informações do desertor francês Jean de Coynta (Senhor de Boulés), derrotou o estabelecimento francês da França Antártica, na baía de Guanabara, ao destruir o Forte Coligny. Sem recursos para guarnecer o local, os franceses, que ali se haviam estabelecido desde 1555 e que haviam conseguido escapar e se refugiar nas matas com seus aliados Tamoios em 1560, voltaram e se reorganizaram.
A expulsão desses franceses seria o grande feito de seu governo, em janeiro de 1567. Os invasores haviam estabelecido relações cordiais com os indígenas, incitando-os contra os portugueses. Em 1563, os jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega conseguiram firmar a paz entre os portugueses e os tamoios, que ameaçavam a segurança de São Paulo e de São Vicente. Anchieta permaneceu cinco meses como refém dos indígenas em Iperoig, aldeamento onde é hoje a cidade de Ubatuba, no litoral norte do atual estado de São Paulo. A chamada Paz de Iperoig, negociada pelos dois sacerdotes, permitiu a sobrevivência do Colégio dos Jesuítas de São Paulo e a permanência dos portugueses. Assim, no primeiro ataque, em 1560, contra os invasores na Guanabara, Mem de Sá conseguira destruir o forte Coligny, na ilha de Serigipe (atual ilha de Villegagnon, após o que retornou à capitania da Bahia. Os franceses, refugiados junto aos indígenas, seus aliados, retornaram às suas atividades de escambo.
Em 1 de março de 1565, o sobrinho de Mem de Sá, Estácio de Sá, fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que se tornou a base das operações dos portugueses na luta contra os franceses. A expulsão definitiva destes só foi conseguida após muitas lutas. Estácio de Sá, com a ajuda de tropas do governador e da capitania de São Vicente, derrotou os invasores depois da batalhas de Uruçu-Mirim e de Paranapuã (atual ilha do Governador). Destacaram-se nos combatentes, lado a lado com os portugueses, os Temiminós da capitania do Espírito Santo, sob o comando de Araribóia. Como recompensa, esse chefe indígena recebeu uma sesmaria na região da baía de Guanabara, onde fundou a vila de São Lourenço dos Índios (atual cidade de Niterói).
Mem de Sá determinou a transferência da cidade, para melhor a defender, para o morro do Castelo.
Na Bahia, como os ataques indígenas constituíram um fator desestabilizador, desde 1559 havia ordenado guerra aos Tupiniquins, na antiga capitania de Ilhéus, pacificando-os pela força. Em 1564, os Aimorés atacaram Caravelas, Porto Seguro, Ilhéus e as terras em frente ao arquipélago de Cairu. No governo de Manuel Teles Barreto (1583-1587), os Aimorés (Botucudos) voltariam a atacar a mesma região e, em 1597, deflagrariam uma ofensiva do rio Paraguaçu até Porto Seguro.
Governou até 1572, ano de sua morte. O seu sucessor, D. Luís de Vasconcelos, que havia sido enviado em 1570 para o substituir, foi morto durante a viagem quando o seu navio foi atacado por corsários franceses. O governo ficou entregue a outro seu sobrinho, Salvador Correia de Sá. Para facilitar a administração, em 1572 a Corte estabeleceu dois governos: um, ao Norte, com sede em Salvador; outro ao Sul, com sede no Rio de Janeiro. A divisão não produziu os resultados esperados e o governo foi reunificado, em 1578, com sede em Salvador.
(Wikipédia)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO



1980 – o presidente americano Jimmy Carter dá um ultimato aos soviéticos para a completa remoção das tropas militares no Afeganistão.


O Exército Vermelho invadiu o Afeganistão em 25 de dezembro de 1979, no ano seguinte ao golpe de Estado comunista, com o objetivo de derrubar o Presidente Hafizullah Amin, considerado incapaz de enfrentar os rebeldes mujahidin e cuja lealdade à União Soviética havia sido posta em dúvida. Executado por ordem de um "Comitê Central Revolucionário Afegão" (embora possivelmente tenha sido morto durante o assalto dos Spetsnaz ao palácio presidencial), Amin foi substituído por Babrak Karmal. A União Soviética justificou a necessidade da intervenção com o argumento de preservar o regime comunista afegão dos ataques dos mujahidin e de manter a paz na Ásia Central. Alguns observadores acrescentam que outro motivo pode ter sido a presença de petróleo na região, num momento em que a Revolução Iraniana provocava o segundo choque do petróleo.
Em dezembro de 1979, tropas soviéticas tomaram diversas cidades afegãs, enquanto que forças aerotransportadas ocupavam áreas urbanas e aeródromos no centro do país.
Durante os três primeiros anos da invasão, os soviéticos tiveram que lidar com a deserção de dois-terços do exército regular afegão, o que ajudou os mujahidin a manter sob seu controle 80% do território afegão. Com isso, os soviéticos, que mantiveram sob seu poder apenas as principais cidades, passaram a empreender apenas operações pontuais, a proteger comboios e a instalar minas antipessoais.
Em 1984, as tropas soviéticas contavam 250.000 homens.
Em 1986, os soviéticos substituiram Karmal por Mohammed Najibullah na chefia do governo afegão. Najibullah procurou negociar com os rebeldes um processo de reconciliação nacional. Enquanto isto, os soviéticos atacavam os pontos fortes afegãos com helicópteros MI-24 Hind e caças-bombardeiros e as Spetsnaz sofriam baixas severas em terra.
Naquele ano, os mujahidin começaram a receber mísseis solo-ar FIM-92 Stinger, o que levou os soviéticos a perder o controle dos céus. Em 1988, Mikhail Gorbatchev decidiu retirar as tropas soviéticas, com base numa trégua negociada com Ahmed Chah Massoud, um dos chefes dos insurgentes. Um ano mais tarde, em 15 de fevereiro de 1989, as últimas forças militares soviéticas abandonaram o Afeganistão.
Logo em seguida, instalou-se uma guerra civil entre as diferentes facções armadas dos mujahidin e o exército do governo comunista do Presidente Mohammed Nadjibullah.
(Wikipédia)

PENSANDO NUMA BOA SEMANA


"Quem busca a verdade do homem deve apropriar-se da sua dor."
(Georges Bernanos)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

1822 – Insurreição pela independência brasileira na Bahia. Morre a freira Joana Angélica.

Joana Angélica era filha de José Tavares de Almeida e sua esposa, Catarina Maria da Silva. Aos vinte anos de idade, a 21 de abril de 1782, entrou para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, na capital baiana.
Ali foi escrivã, mestra de noviças, conselheira, vigária e, finalmente, abadessa.
Ocupava a direção do Convento, em fevereiro de 1822, quando a cidade ardia de agitação contra as tropas portuguesas do brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo - que tinham vindo para Salvador desde o Dia do Fico.
Grande resistência opunham os nativos baianos: no ano anterior (1821) a cidade já tinha sido palco de revoltas. A posse de Madeira de Melo tinha sido obstada, em 18 de fevereiro, mas a superioridade das forças do Brigadeiro impingiram a derrota dos nativos.
Soldados e marinheiros portugueses se embriagam e cometem excessos pela cidade, comemorando e, a pretexto de perseguir eventuais "revoltosos" atacam casas particulares e, continuando a sanha desenfreada pelo dia seguinte, tomam as ruas e dirigem-se ao Convento da Lapa.
Sólida construção colonial, ainda hoje existente na Capital Baiana, o Convento da Lapa compõe-se de uma clausura, cuja principal entrada é guarnecida por um portão de ferro.
Os gritos da soldadesca são ouvidos no interior. Imediatamente a Abadessa, pressentindo certamente objetivos da profanação da castidade de suas internas, ordena que as monjas fujam pelo quintal.
O portão é derrubado e, num gesto heroico, Joana Angélica abre a segunda porta, postando-se como último empeço à inusitada invasão.
Conta a tradição, reproduzida por diversos historiadores, que então exclamou:
Para trás, bandidos. Respeitem a Casa de Deus. Recuai, só penetrareis nesta Casa passando por sobre o meu cadáver.
Abrindo os braços, num gesto comovente, tenta impedir que os invasores passem. É, então, assassinada a golpes de baioneta - penetrando no sagrado recinto, onde encontram apenas o velho capelão, Padre Daniel da Silva Lisboa - a quem espancam a golpes de coronhas, deixando-o como morto.
Joana Angélica tornou-se, assim, a primeira mártir da grande luta que continuaria, até a definitiva libertação da Bahia, no ano seguinte, a 2 de julho, data efetiva da Independência da Bahia.
(Wikipédia)

PHISOLOFANDO

Sofismo
Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas (discursos, etc) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de argumentação. Os mestres sofistas alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em outras palavras, que a "virtude" seria passível de ser ensinada.
Protágoras (481 a.C.-420 a.C.), Górgias (483 a.C.-376 a.C.), e Isócrates (436 a.C.-338 a.C.) estão entre os primeiros sofistas conhecidos.
Diversos sofistas questionaram a propalada sabedoria recebida pelos deuses e a supremacia da cultura grega (uma idéia absoluta à época). Argumentavam, por exemplo, que as práticas culturais existiam em função de convenções ou "nomos", e que a moralidade ou imoralidade de um ato não poderia ser julgada fora do contexto cultural em que aquele ocorreu. Tal posição questionadora levou-os a serem perseguidos, inclusive, por aqueles que se diziam amar a sabedoria: os filósofos gregos.
A conhecida frase "o homem é a medida de todas as coisas" surgiu dos ensinamentos sofistas. Uma das mais famosas doutrinas sofistas é a teoria do contra-argumento. Eles ensinavam que todo e qualquer argumento poderia ser contraposto por outro argumento, e que a efetividade de um dado argumento residiria na verossimilhança (aparência de verdadeiro, mas não necessariamente verdadeiro) perante uma dada platéia.
Os Sofistas foram os primeiros advogados do mundo, ao cobrar de seus clientes para efetuar suas defesas, dada sua alta capacidade de argumentação. São também considerados por muitos os guardiões da democracia na antiguidade, na medida em aceitavam a relatividade da verdade. Hoje, a aceitação do "ponto de vista alheio" é a pedra fundamental da democracia moderna.
Sofística era originalmente o termo dado às técnicas ensinadas por um grupo altamente respeitado de professores retóricos na Grécia antiga. O uso moderno da palavra, sugestionando um argumento inválido composto de raciocínio especioso, não é necessariamente o representante das convicções do sofistas originais, a não ser daquele que geralmente ensinaram retórica. Os sofistas só são conhecidos hoje pelas escritas de seus oponentes (mais especificamente, Platão e Aristóteles) que dificulta formular uma visão completa das convicções dos sofistas.
Os sofistas são os primeiros a romperem com a busca pré-socrática por uma unidade originária (a physis) iniciada com Tales de Mileto e finalizada em Demócrito de Abdera (que embora tenha falecido pouco tempo depois de Sócrates, tem seu pensamento inserido dentro da filosofia pré-socrática).
A principal doutrina sofística consiste, em uma visão relativa de mundo (o que os contrapõe a Sócrates que, sem negar a existência de coisas relativas, buscava verdades universais e necessárias). A principal doutrina sofística pode ser expressa pela máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas".
Tal máxima expressa o sentido de que não é o ser humano quem tem de se moldar a padrões externos a si, que sejam impostos por qualquer coisa que não seja o próprio ser humano, e sim o próprio ser humano deve moldar-se segundo a sua liberdade.
Outro sofista famoso foi Górgias de Leontini, que afirmava que o 'ser' não existia. Segundo Górgias, mesmo que se admitisse que o 'ser' exista, é impossível captá-lo. Mesmo que isso fosse possível, não seria possível enunciá-lo de modo verdadeiro e, portanto, seria sempre impossível qualquer conhecimento sobre o 'ser'.
Estas visões contrastantes com a de Sócrates (que foram adotadas também por Platão e Aristóteles, bem como sua "luta" anti-sofista) somada ao fato de serem estrangeiros - o que lhes conferia um menor grau de credibilidade entre os atenienses - contribuiu para que seu pensamento fosse subvalorizado até tempos recentes.
A sofística sustenta o relativismo prático, destruidor da moral. Como é verdadeiro o que tal ao sentido, assim é bem o que satisfaz ao sentimento, ao impulso, à paixão de cada um em cada momento. Ao sensualismo, ao empirismo gnosiológicos correspondem o hedonismo e o utilitarismo ético: o único bem é o prazer, a única regra de conduta é o interesse particular. Górgias declara plena indiferença para com todo moralismo: ensina ele a seus discípulos unicamente a arte de vencer os adversários; que a causa seja justa ou não, não lhe interessa. A moral, portanto, - como norma universal de conduta - é concebida pelos sofistas não como lei racional do agir humano, isto é, como a lei que potencia profundamente a natureza humana, mas como um empecilho que incomoda o homem. Desta maneira, os sofistas estabelecem uma oposição especial entre natureza e lei, quer política, quer moral, considerando a lei como fruto arbitrário, interessado, mortificador, uma pura convenção, e entendendo por natureza, não a natureza humana racional, mas a natureza humana sensível, animal, instintiva. E tentam criticar a vaidade desta lei, na verdade tão mutável conforme os tempos e os lugares, bem como a sua utilidade comumente celebrada: não é verdade - dizem - que a submissão à lei torne os homens felizes, pois grandes malvados, mediante graves crimes, têm freqüentemente conseguido grande êxito no mundo e, aliás, a experiência ensina que para triunfar no mundo, não é mister justiça e retidão, mas prudência e habilidade. Então a realização da humanidade perfeita, segundo o ideal dos sofistas, não está na ação ética e ascética, no domínio de si mesmo, na justiça para com os outros, mas no engrandecimento ilimitado da própria personalidade, no prazer e no domínio violento dos homens. Esse domínio violento é necessário para possuir e gozar os bens terrenos, visto estes bens serem limitados e ambicionados por outros homens. É esta, aliás, a única forma de vida social possível num mundo em que estão em jogo unicamente forças brutas, materiais. Seria, portanto, um prejuízo a igualdade moral entre os fortes e os fracos, pois a verdadeira justiça conforme a natureza material, exige que o forte, o poderoso, oprima o fraco em seu proveito. Quanto ao direito e à religião, a posição da sofística é extremista também, naturalmente, como na gnosiologia e na moral. A sofística move uma justa crítica, contra o direito positivo, muitas vezes arbitrário, contingente, tirânico, em nome do direito natural. Mas este direito natural - bem como a moral natural - segundo os sofistas, não é o direito fundado sobre a natureza racional do homem, e sim sobre a sua natureza animal, instintiva, passional. Então, o direito natural é o direito do mais poderoso, pois em uma sociedade em que estão em jogo apenas forças brutas, a força e a violência podem ser o único elemento organizador, o único sistema jurídico admissível.
(Jarratt, Susan C. Rereading the Sophists: Classical Rhetoric Refigured. Carbondale and Edwardsville: Southern Illinois University Press, 1991.)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

VIAJANDO NO TEMPO

Martinho Lutero, teólogo alemão, morre no dia 18 de fevereiro de 1546. O promotor da Reforma Protestante, desafiou o poder da Igreja Católica ao divulgar, em 1517, teses contra os abusos e práticas do clero. Lutero também traduziu a Bíblia pra o alemão.

As 95 Teses de Martinho Lutero


Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito.
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém.
1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.
[1517 A.D.]
( Bainton, Roland. Here I Stand: a Life of Martin Luther. New York: Penguin, 1995, p. 223.)