segunda-feira, 18 de julho de 2011

REVISÃOZÃO: A INGLATERRA VITORIANA.

Alexandrina Vitória, filha de Vitória Maria Luísa, descendente do duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld, e de Eduardo Augusto, duque de Kent, 4.° filho do rei Jorge III, nasceu no Palácio de Kensington, Londres, a 24 de maio de 1819.
A 20 de junho de 1837, com apenas 18 anos, Vitória ascendia ao trono de Inglaterra por morte do seu tio Guilherme IV, que não deixara descendência, dando início ao mais longo reinado da história da Inglaterra e um dos mais famosos, que inclusivamente deu nome a uma era britânica, a Vitoriana.
Quando subiu ao trono, Vitória era uma estranha para os seus súbditos, mas à sua morte tinha construído uma reputação e respeito que extravasava as fronteiras do mundo britânico. De início, Vitória foi guiada, política e socialmente, pelo Primeiro Ministro Whig, William Lamb (1834, 1835-41), 2.° visconde de Melbourne, que manteve sobre ela grande influência até se casar com o seu primo Alberto, Príncipe de Saxe-Coburgo-Gotha, a 10 de maio de 1840.
Até se tornar esposa deste Príncipe, Vitória foi educada pela sua governante de origem alemã, a Baronesa Lehzen, que aos 11 anos a advertira para o facto de ser uma presumível candidata ao trono de Inglaterra. O seu pai, Eduardo Augusto, duque de Kent, o irmão mais novo de Guilherme IV, morrera em 1820 quando ela era ainda uma criança, e a sua mãe, a alemã Vitória Maria Luísa, pouco habilitada a providenciar-lhe uma educação esmerada, deixou a criança entregue aos cuidados da governanta.
O casamento modificou completamente a sua vida, pois trouxe-lhe, ao que parece, mais alegria de viver, apesar de durar apenas até 1861. Nesse ano, o primeiro marido da rainha Vitória morria prematuramente, deixando 9 descendentes e um bom exemplo de vida familiar. O primeiro dos seus filhos, Vitória, veio a ser imperatriz alemã, e o segundo filho o futuro Eduardo VII.
A sua vida familiar repartia-se, para além de Londres, entre a Casa Osborne, na Ilha de Wight (mais para o inverno), e o Castelo de Balmoral (residência estival), na Escócia, comprado em 1852 e reconstruído segundo desenhos de Alberto.
O poder constitucional que detinha era limitado; embora as suas escolhas pessoais influenciassem as resoluções políticas e as escolhas de gabinete, ela não determinava a política. Alberto, que estava sempre a seu lado, particularmente em questões de política externa, usava a sua influência para persuadir Vitória a aceitar a sua versão do monarca ideal.
Os dois estavam em acordo na antipatia que nutriam por Lorde Palmerston e suas políticas, mas não contestaram a sua liderança. Ambos estavam preocupados com a política externa, sobretudo na questão que conduziu à Guerra da Criméia, tendo apoiado a intervenção das tropas britânicas no conflito. Em 1856, a soberana instituiu a condecoração Victoria Cross, para galardoar o militar mais valioso para o seu país, e em 1857 deu a Alberto o título de Príncipe Consorte.
Após a morte do seu marido, Vitória entrou num período de depressão e nervosismo, que deu azo a fortes críticas por parte da opinião pública e das autoridades. A rainha, no entanto, fez prevalecer o seu bom senso e manteve viva a monarquia britânica.
Vitória encontrou em Benjamim Disraeli, um Primeiro Ministro judeu e conservador que destituiu Robert Peel - um homem que o seu falecido muito admirava -, um líder que a encorajou. Foi este homem, Disraeli, que em 1876 convenceu o Parlamento, sobretudo a ala liberal, a passar o Royal Titles Act, conferindo à rainha o título de imperatriz da Índia.
Ao contrário de Benjamim Disraeli, a rainha não tinha grande apreço por um dos mais autoritários líderes liberais do século XIX, William Ewart Gladstone (1809-1898), com quem manteve diversos confrontos institucionais.
Em 1887, celebrou-se um dos mais importantes eventos do seu reinado: o jubileu, comemorativo dos seus 50 anos de reinado. Nesta cerimónia, a rainha compareceu em público, na missa da Ação de Graças na Abadia de Westminster, num evento que ajudou a organizar, e no qual estavam presentes representantes de todas as partes do império.
O Jubileu Dourado, celebrado 10 anos depois foi ainda mais grandioso. Na capela de S. Jorge, em Windsor, para celebrar o dia da Ação de Graças, foi cantado um Te Deum, com música da autoria do príncipe Alberto. Os festejos culminaram quando a rainha premiu um botão elétrico que telegrafou uma mensagem do jubileu para todo o império, tentando manter-se em contacto com as grandes mudanças do seu tempo, apesar de ser muito conservadora.
Entre 1897 e 1901 houve outra ocasião muito especial. Esta ocorreu aquando da visita da rainha à Irlanda em 1900, trinta e nove anos depois da sua última visita ao país. Esta porção europeia do império esteve no centro das políticas britânicas nos dias do Ministro liberal Gladstone. O assunto manteve a sua atualidade no novo século, e mantém-na ainda hoje.
A Guerra dos Bóeres, na África do Sul, iniciada a 12 de outubro de 1899, arrastou consigo uma cadeia de insucessos militares e a oposição da Europa. Tal como no passado, a rainha apoiou os seus exércitos e festejou triunfalmente a quebra do cerco de Ladysmith a 28 de fevereiro de 1900.
No ano de 1901, morreu na sua residência de Osborne, após prolongada doença. Uma das últimas pessoas a visitá-la foi o seu neto Guilherme II, o imperador germânico, que na Primeira Guerra Mundial lideraria a Alemanha contra a Inglaterra. O "kaiser" foi um dos familiares presentes nas pomposas cerimónias fúnebres. Fechava-se um ciclo da história britânica, o da "era vitoriana", e iniciava-se um novo capítulo.


A Colonização Britânica (1788-1914)
O colonialismo europeu moderno, que data do século XV, pode ser dividido em duas grandes fases: a primeira fase iniciada em 1415 e terminada em 1800; a segunda etapa, de 1800 até à II Guerra Mundial. Se no primeiro período as grandes potências coloniais eram Portugal e Espanha, secundadas pela Holanda, França e Inglaterra (por vezes superadas até) que na aventura da expansão chegaram às Índias Orientais (Ásia e África Oriental) e às Américas, no segundo momento porém, a Grã-Bretanha era a mais poderosa potência colonial presente na Ásia, na África e no Pacífico.
Os portugueses foram os pioneiros deste movimento colonial, pois aproveitaram uma conjuntura de estabilidade política conjugada com a sua experiência marítima e o seu privilegiado posicionamento estratégico, para se lançaram nas descobertas, chegando ao continente africano e à Ásia Oriental ainda no século XV.
O principal objetivo dos navegadores e comerciantes portugueses era dominar o comércio das especiarias e, portanto, em vez de montaram colónias, os portugueses fundaram entrepostos comerciais e fortalezas. Em meados do século XVI, o monopólio do comércio oriental foi seriamente ameaçado pelos holandeses e pelos ingleses, que passavam a entrar em competição com Portugal. Os holandeses foram expulsando os portugueses, estabelecendo-se no Cabo da Boa Esperança e, a partir das primeiras décadas do século XVII, controlavam já Java e Ceilão, o atual Sri Lanka. Mais tarde, os ingleses fundavam, na Índia, a Companhia da Índia Oriental, e iniciavam a sua conquista do território em 1757.
A colonização dos territórios americanos por seu turno, resultou da procura de metais preciosos e de novas terras para a agricultura, da necessidade que alguns indivíduos tinham de fugir às perseguições religiosas e do desejo manifestado por outros de converter ao cristianismo as populações autóctones. Aqui, foram fundadas colónias de povoamento, e não entrepostos, embora as colónias mantivessem um comércio em regime de exclusividade com a potência dominante.
No Novo Mundo o grande adversário era a Espanha, que controlava uma considerável parte da América Central e da América do Sul, enquanto aqui Portugal controlava essencialmente o Brasil.
Os portugueses e os espanhóis formavam muitas vezes colónias mistas onde miscisgenavam os europeus com as populações indígenas; os franceses e britânicos, pelo contrário, fundavam colónias "puras", que eliminavam o contacto rácico com as populações autóctones.
Por volta de 1800, as primeiras potências coloniais tinham já entrado em decadência. As colónias espanholas, portuguesas e francesas nas Américas tinham já adquirido, ou estavam prestes a adquirir, a sua independência depois das Guerras Napoleónicas; os holandeses perderam igualmente grande parte das suas possessões neste continente e envolveram-se em relações comerciais ilegais com outras. A Inglaterra também perdeu uma grande parte dos seus territórios na América do Norte, nomeadamente com a independência dos Estados Unidos em 1776, resultante da vitória dos colonos na Guerra Americana da Independência. Contudo, continuava a ser uma forte potência colonial.
A Inglaterra controlava também o território indiano e, por razões estratégicas, mantinha algumas colónias que ocupara no decurso das guerras com outras potências europeias, por exemplo, o Canadá (aos franceses), o Cabo da Boa Esperança e o Ceilão (aos holandeses).
O segundo momento da expansão colonial, pode por sua vez subdividir-se em duas fases: de 1815 a 1880 e de 1880 a 1914. No primeiro período não houve qualquer coerência geográfica nem parecia haver um desejo consciente das potências controlarem e tomarem mais territórios. Parecia mesmo que as atenções se concentravam em interesses nas periferias, já bem estabelecidos. Os colonos ingleses fixados na Austrália embrenhavam-se nos seus territórios periféricos onde procuravam terras e outros recursos rentáveis, enquanto os franceses, por seu turno, colonizavam a Argélia para assegurarem a sua posição num ponto estratégico, enquanto os russos conquistavam a Ásia Central por razões de segurança.
A Inglaterra, no seu domínio colonial, na era vitoriana, dominava a Índia (incluindo o Paquistão e Bangladesh), a Birmânia, a Malásia, a Austrália e Nova Zelândia e arquipélagos do Pacífico, o território africano entre o Cairo e o Cabo, detinha concessões na China, o Canadá e parte das Caraíbas.
De 1880 a 1914, a atuação das potências coloniais foi mais longe, pois neste período completou-se a colonização da África, com a exceção da Etiópia, que resistiu ao insistente assédio da Itália, e de partes da Ásia e do Pacífico.
Em 1914 a rede colonial mundial estava assim completa, e a Inglaterra, era sem dúvida, a maior potência colonial, pois o seu império era o mais vasto e também o mais diversificado. Apesar da supremacia colonial britânica, outras nações se mantinham como importantes forças coloniais. Eram os casos da França, da Bélgica, da Alemanha, de Portugal, dos Estados Unidos da América e do Japão.
O ano de 1914 representa uma viragem no círculo colonial, e marcou o fim do apogeu colonial britânico, durante o qual a Inglaterra se assumira como a incontestada potência colonial entre o final do século XVIII e o início da I Guerra Mundial, como se viu.
Para alguns autores e políticos como Lenine, as motivações desta fase do colonialismo estavam relacionadas com o capitalismo, que criara a necessidade de encontrar matérias primas e o escoamento do seu aumento de capital; para outros, a tónica era dada às razões diplomáticas e estratégicas onde as colónias se comparavam aos peões num jogo de xadrez; outros ainda viam esta expansão como uma evolução natural da expansão do final do século XIX.
O colonialismo moderno ruiu com o surgimento dos grandes conflitos mundiais no século XX. O crescimento de uma consciência nacional nas colónias, o declínio da influência política e militar da Europa e o descrédito das justificações morais para a existência de impérios conduziram definitivamente à queda do imperialismo e à rápida descolonização acelerada depois do fim da II Guerra Mundial.
(www.infopedia.pt)

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